Capítulo 12

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Oliver


Passei o restante do dia inteiro sentado no sofá que tinha na sala da cabana. Já era noite enquanto eu mexia no pingente do colar de Nébula, que era literalmente no formato de uma Nébula. O cristal negro era exatamente da cor da flor que a senhora dos pesadelos levava o nome. — a flor que só crescia na corte Primaveril e Noturna.

Alguns feéricos inferiores chamavam de giralua, já que ela só desabrochava de noite e outro de mini damas-da-noite, pelo formato de estrela. Mas ela não se parecia com nenhuma das outras flores, era uma das poucas plantas de coloração negra que existem, preto tão intenso e brilhante como o cabelo de quem me deixou uma cicatriz no rosto.

Ainda não sei porque ela me pediu para segurar isso, nem mesmo porque me escolheu se fui tão ruim assim.

— Tem certeza de que não quer conversar sobre a avaliação? — perguntou Narciso. — meu irmão podia ser bem insistente com certos assuntos. — Malik não vem hoje.

— Eu sei e não quero conversar sobre. — respondi, seco.

Ele suspirou.

— Foi um treino ruim, apenas um. — disse ele. — Não pode se basear apenas nele, ainda mais quando foi o melhor em absolutamente todos os outros.

— Eu sei.

— E nem deveria ligar para o que o nosso pai acha. — voltou a dizer. — Ele não queria que nenhum de nós fizesse parte do acampamento. Por ele nós dois seríamos igual ao Malik, que só vem aprender alguns truques de porrada e vai embora, voltando meses depois sem compromisso.

— Eu sei.

— Oliver, você... — suspirou Narciso. — Vou treinar. Assim que estiver pronto para falar sobre desistir ou continuar no acampamento, estarei disposto a dar a minha opinião.

Concordei com a cabeça, sem tirar os olhos do colar.

Narciso abriu a porta e ouvi ele dizendo: "Ele não está em hoje", não sei com quem falava, nem me importo. Ouvi o barulho da porta se fechando e senti a presença de alguém na cabana.

Nébula.

Ela desviou o olhar do meu assim que nossos olhos se encontraram.

Parecia estar envergonhada por estar ali — nunca a vi em qualquer cabana que não fosse a dela. Também nunca trouxe ninguém aqui, alguns amigos do meu irmão até apareciam, mas não ficavam muito tempo.

Ela estava ficando com as bochechas coradas.

Linda.

Só então percebi o silêncio constrangedor.

Ela me odeia — lembrei-me. Talvez estivesse aqui só para me humilhar, como os outros.

— Aqui está o seu colar. — disse, estendendo a mão para ela.

Ela estava hesitante em tocá-lo, mas assim que sua mão segurou a minha — não o colar, segurou minha mão.

— Quem fez isso com você? — perguntou ela.

— E você se importa?

— Você nunca reparou, não é?

Meus olhos imediatamente encontraram com os dela.

Nébula engoliu em seco.

Eu não conseguia dizer uma única palavra àquela altura.

— Devia mandar todos se foderem. — disse ela. — Você é o melhor da nossa turma, melhor até que muitos das outras, um treino não define nada.

As palavras dela aqueceram meu coração. Mesmo que Narciso tivesse falado exatamente a mesma coisa para mim, ele era meu irmão, era a função dele me animar. Mas minha maior inimiga — bem, não minha inimiga, mas talvez eu fosse um inimigo para ela.

— Por que me escolheu? — perguntei, sem pensar.

Ela puxou o colar de volta para si naquele momento.

— Há 10 anos, eu te fiz uma promessa, Oliver. — respondeu ela, tirando o elástico que prendia seu cabelo em um rabo de cavalo. Agora ele estava solto, fica tão linda assim. — Se eu vencer, você vence comigo. — e com essas palavras, ela fez uma chuquinha em meu cabelo. — Agora se me der licença. Boa noite, Oli.

— Boa noite, Neb.

Corte de Laços e SangueWhere stories live. Discover now