Capítulo 13

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Nébula


Acordei atordoada. Rapidamente coloquei a mão em meu colar, ali estava ele — suspirei de alívio ao perceber que tudo estava em seu devido lugar. Sabia que algum dos meus irmãos iria brigar comigo, só não saberia dizer qual seria o da vez.

— Bom dia, pirralha. — era Nyx.

— Bom dia. — respondi. — Preciso ir logo para não me atrasar.

— Nébula Archeron HotPants, espere aí agora mesmo. — repreendeu Nyx. — Você fugiu de nós depois dos jogos, usou o colar sem os devidos cuidados e quase desmaiou. Agora não vai fugir assim, vai ter que me ouvir.

— Você não é meu pai.

— Prefere que eu fale com o nosso pai?

Suspirei.

— Eu só queria vencer — respondi, com raiva. — Você não entende isso porque sempre ganha, não sabe o que é sempre ser a perdedora, eu perco aqui, eu perco nos jogos.

— Não devia se importar com isso.

— Se fosse uma batalha de verdade, eu estaria morta. — rosnei.

— Você usaria seus poderes em uma batalha de verdade. — disse Nyx, tentando me acalmar.

— Quais? — perguntei, irônica. — Os que eu não sei controlar ou os que me desmaiam?

— Acho que os que desmaiam os inimigos são bons. — respondeu ele, referindo-se aos poderes daemati. — Apenas nós dois somos daemati entre os nossos irmãos. Você é ainda melhor do que eu nisso.

— Eu não quero me atrasar. — disse, tentando fugir da conversa.

— Tudo bem — disse ele, suspirando. — Orfeu vai falar com você depois, seja boazinha e deixe seu irmão falar. Pedi para Órion não te irritar essa noite.

Acenei com a cabeça e saí.


* * *


— Nébula! — chamou Oliver.

Ele estava com roupas de treino, ou melhor, com um short de treino e sem camisa. O cabelo loiro já caía em sua testa, enquanto corria em minha direção.

— Quer treinar na academia comigo mais tarde? — perguntou ele.

— O que? — perguntei, confusa.

— Depois do treino em dupla.

— Oliver, não é porque te escolhi que nós somos amigos. — disse. — Eu só gosto de vencer.

— Eu sei. — respondeu ele, seco. — Eu também. Sua resistência física é péssima, nunca te vejo na academia por muito tempo. Queria ver seu treino mais de perto.

— Treino mais em casa. — respondi, dando de ombros.

— Ah! Pensei que fosse ficar aqui por mais tempo. — disse ele.

— E eu vou.

— Então vai ficar esse tempo todo sem treinar? — perguntou ele, com uma sobrancelha erguida.

— Não. — murmurei.

— Ótimo. — disse ele. — Nos vemos na academia depois do almoço então. Escolheu ser minha dupla, não pode morrer no meio do caminho.

— Seria o meu sonho. — murmurei, baixo.

— Pode morrer de amores por mim. — provocou ele, com uma piscadinha.

Revirei os olhos, sem responder.


* * *


Odiava aquela academia, todos os olhares sempre ficavam voltados para mim. Ao menos só os menores de 75 anos treinavam ali, aqueles já adultos tinham uma academia maior e melhor com direito a acompanhamento personalizado.

Não encontrei Oliver ali.

Idiota, sempre atrasado. — pensei.

Comecei a me aquecer e fazer os alongamentos.

Nada dele.

Comecei com os agachamentos livres, estava fazendo uma série quando senti uma bola de pilates bater nas minhas costas, o que me fez desequilibrar e cair de bunda no chão. Virei-me para trás com ódio. Oliver ria da situação.

— Se for para agachar no meio da academia, pelo menos faça direito. — disse ele, provocante.

— Pode falar o que quiser, Oliver. Mas não sobre a minha execução no agachamento. — respondi.

— Tenho certeza de que não sou o único a querer te ver agachando, noturna. — disse ele, com um sorriso de escárnio. — Mas nesse tipo de exercício eu tenho certeza de que aguento mais tempo que você no isométrico.

— Pouco provável. — respondi.

— Quer apostar?

Sorri ao ouvir aquilo e lá foram os dois para a parede.

Ele resistiu mais tempo do que o que eu esperava, mesmo assim acabei vencendo.

— Você tem bastante força na perna, não é? — perguntou ele, sentado no chão.

— Para compensar o fato de não conseguir levantar mais de 5kg com os braços. — ironizei.

— Então temos que mudar isso. — disse ele. — Até o final desse ano quero te ver levantando 10kg.

— Ficou louco? — perguntei. — Isso é sair dos pesos coloridos.

— E você vai. — disse ele. — Ou será que a noturna não consegue? — provocou.

— Claro que consigo! — rosnei.

Ele sorriu.

— Adoro como sempre aceita um desafio. — disse ele. — Irritadinha.

Empurrei ele no chão com toda a minha força.

— Anos que não faz mais isso. — disse ele, antes de me passar a perna para que eu caísse também. — Senti saudades das suas agressões, Nebzinha.

— Pare de me chamar de Nebzinha. — mandei, com raiva.

— Desculpe, querida, mas isso é impossível. — respondeu ele.

— Eu te odeio.

— Eu sei — disse ele. — Que é mentira.

Revirei os olhos.

Garoto insuportável — pensei.

— Você é uma chata, sabia? — perguntou Oliver. — Sorte que é bonita.

— Vai à merda! — disse ao me levantar.

— Com todo prazer. — disse ele, sorrindo, antes de puxar meu elástico e atravessar.

Eu vou cobrar por cada elástico roubado.

Corte de Laços e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora