Capítulo 32

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Nyx

3 semanas antes...


A dor de cabeça que eu sentia com toda aquela situação. Poderia me falar qualquer coisa, mas não que eu estava errado. Parado em minha cabana, com Izar e Órion treinando, eu encarava Orfeu, que não dizia uma única palavra. Quando Azriel entrou, meu irmão ficou ainda mais incomodado — os escudos mentais dele estavam cada vez mais levantados.

— Que eu bem me lembre, nosso pai te proibiu de ficar usando os poderes daemati nos membros do círculo íntimo. — disse Orfeu. — Ele não ficaria nada feliz em saber.

— Ele disse que eu só poderia usar para coisas importantes. — respondi. — E tenho certeza de que ele concordaria que Nébula é importante.

Orfeu riu antes de falar:

— Ao menos faça ameaças que pretende cumprir, Nyx.

— Não me subestime. — respondi, seco.

— Você jamais faria algo que prejudicasse qualquer um de nós. — disse ele. — Principalmente a Nébula. E sabe muito bem que é exatamente isso que vai acontecer.

"Prometi a ela que não contaria nada. E não vou."

"Faça com que ela te odeie se quiser, mas não me envolva nisso."

Uma batida soou na porta de entrada.

Não poderia ser Izar ou Órion, eles simplesmente entrariam. Na verdade Izar ficaria escutando atrás da porta e Órion quebraria tudo para saber o que aconteceu.

Novamente uma batida.

— Chamou mais alguém? — perguntou Azriel.

Neguei com a cabeça.

— Deveria ver logo quem é. — sugeriu Azriel.

Suspirei.

Ele tinha razão. E, quando abri a porta, surpreendi-me ao ver Narciso.

— Posso entrar?

— O que está fazendo aqui?

— Não vou perguntar de novo, Nyx. — disse Narciso. — Mas tem a ver com a Nébula.

Sem pensar duas vezes, o puxei para dentro.

— Não ouse contar, primavera. — ameaçou Orfeu.

— Narciso sabe e eu não? — perguntei com raiva, desacreditado.

— Ela não me contou. — respondeu Narciso. — Ninguém me contou, eu apenas sei o que aconteceu. E se você não sabe, não deveria ir atrás de respostas. É algo particular dela, não tem mais o que ser feito nesse caso, ela já decidiu o que quer fazer e já foram tomadas as devidas providências.

— Azriel.— chamei.

— O irmão do primavera resolveu. — respondeu o espião. — Morte quem me contou, disse que era a única informação que iria me dar para aquele caso.

Fiquei surpreso ao ouvir.

— Nem você sabe?

— Eu nunca disse que não sabia. — respondeu Azriel. — Não precisei que ninguém me contasse o que aconteceu. Pude ver na linguagem corporal de sua irmã e na do irmão dele.

— Exijo saber.

— Não vai. — disse Orfeu. — Azriel já me jurou que não te contaria e nem mesmo ao Órion.

— Se não vão me contar o que aconteceu, ao menos me digam como foi resolvido. — pedi.

— Por que quer tanto saber? — perguntou Narciso.

— Eu fui ajudar na ala de cuidados quando soube do incêndio que quase matou o meu cunhado, que eu sequer sabia que era ex-cunhado, quando pude ver as presas fincadas no corpo dele, arranhões grotescos. — respondi.

— Ele é filho do Tamlin. — disse Orfeu. — É metamorfo.

— Não foi isso. — respondeu Narciso, a voz fria e cautelosa.

Todos o encaram, esperando uma resposta. Um silêncio infindável se alastrou pelo ambiente, causando um incômodo visível em todos ao redor. Narciso abaixou a cabeça, suspirando enquanto massageava suas têmporas, parecia pensar no melhor jeito de responder. — Os escudos dele também estavam bem levantados. Não conseguiria ver nada daquele jeito.

— Oliver não controla tão bem parte dos poderes. — começou ele. — Às vezes eles saem um pouco do controle, não os poderes em si, mas ele.

— O que quer dizer com isso? — perguntou Azriel.

— Que não foi metamorfose. — respondeu Narciso.

— O que então? — foi a vez de Orfeu perguntar.

Com pesar, Narciso respondeu:

— Foi a fera.

Espanto, bem visível nos olhos de Orfeu. — Era difícil deixá-lo assim. Diria que eu me encontrava do mesmo modo. Eu nunca vi minha forma feral, nenhum de meus irmãos viu. Nenhum senhor que eu conheça, e eu conheço todos.

— Pensei que precisasse ser Grão-Senhor para liberar a fera. — cometeu Orfeu.

Eu também. — pensei

— Não precisa ser Grão-Senhor para libertar a fera. — disse Azriel.

— Apenas tão forte quanto um. — a voz me surpreendeu, fazendo com que todos na cabana encarassem seu portador que surgiu das sombras. Ninguém esperava por sua presença, mas ninguém poderia impedir. Mãe. — E vocês não vão dizer uma única palavra ao pai de vocês, isso é uma ordem de sua Grã-Senhora.

Corte de Laços e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora