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Só Um Beijo — Luisa Sobral, Salvador Sobral

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O clima dentro do carro também não era o melhor. Tinha ficado sozinha no banco de trás, a observar a vista pela janela enquanto a brisa agradável de uma noite quase de verão lhe batia na cara. O Jaemin conduzia com uma música calma de fundo e o Donghyuck não tirava os olhos do telemóvel nem uma única vez.

Não é de surpreender que o último a tenha tentado evitar ao máximo desde a pequena cena entre os quatro amigos à uns dez minutos atrás.

Não precisava de muito para perceber que ambos o Donghyuck e o Hendery não gostavam lá muito um do outro. Nem um bocadinho. Mas esperava que pelo menos se fossem dar decentemente... Nem se chegaram a cumprimentar, sequer.

O Jaemin encarou-a pelo retrovisor por um momento, a loira demasiado perdida nos seus pensamentos enquanto o seu olhar permanecia preso no reflexo do moreno — no vidro da frente. Apetecia-lhe dar uma estalada no Donghyuck pela forma como ignorava a Mirae, como se ela tivesse culpa da falta de coragem dele.

O silêncio permaneceu pelo resto da viagem até ele parar o carro entre as duas casas que eram viradas de frente uma para a outra, apesar da mínima distância lateral. Baixou a música por completo, virando-se para os amigos. "Estão entregues."

A Mirae acordou do seu transe, percebendo que estava do lado da estrada onde ficava a casa do moreno. O Jaemin podia ter sido um cavalheiro e tê-la deixado mesmo à porta da sua casa, mas não reclamou. Estava demasiado esgotada para isso.

"Obrigada, Jaemin... Até amanhã." ela mostrou-lhe um sorriso, por muito pequeno que fosse.

Retirou-se do carro assim que ouviu a despedida do amigo, ficando parada no passeio enquanto o Donghyuck também saía. Viu-o acenar antes do carro arrancar em frente.

O moreno lá se virou para ela, hesitação evidente no seu rosto. "Vamos...?"

A Mirae franziu a testa à questão súbita e o Donghyuck percebeu claramente a sua confusão.

"Até à tua porta." esclareceu num tom baixo, quase envergonhado. Mesmo assim tentava manter uma postura firme, já que era suposto estar a evitá-la. "Está de noite."

"Ah... Sim, claro, vamos."

Ambos caminharam lado a lado para o passeio da frente, continuando depois os poucos passos que ainda tinham até à casa da Mirae. Sempre naquele silêncio horrível que estava a matar a Mirae por dentro de todas as formas.

Só queria que ele dissesse alguma coisa. Algo que fizesse sentido e que esclarecesse nem que fosse uma das milhares questões que tinha.

Pararam à frente da sua porta, ainda com o peso gigante no peito de cada um. A Mirae virou-se para ele, encarando-o com a melancolia que lhe devorava o coração.

"Hyuck." o olhar dele subiu de imediato. "Temos que parar com isto."

"Com o quê...?"

"Tu não falas comigo, Donghyuck."

Foi a vez do moreno de ficar baralhado, mas a Mirae não demorou a continuar o seu discurso.

"Não só agora." continuou. "Tu não me tens dito o que sentes como deve ser. Deixas-me cheia de perguntas e não me dás nenhuma resposta."

O Donghyuck inspirou fundo, levando uma mão ao cabelo. "Ouve, Mirae, eu neste momento não tenho a cabeça no sítio certo–"

"E quando é que vais ter?" o seu tom aumentou um pouco, notando-se perfeitamente pelo silêncio da noite que só era acompanhada pelos dois apaixonados. "Porque apesar de seres muito expressivo, deixas-me sempre confusa com as tuas ações. Tu estiveste-me a evitar durante esta meia hora inteira depois– depois do que me disseste no cinema. O que é que é suposto eu pensar?"

RIVALS × Haechan/Lee DonghyuckWhere stories live. Discover now