— S/N, é claro que ele tá na sua!- minha melhor amiga cochichavam enquanto estávamos sentadas no meio fio.
Nosso ônibus escolar havia acabado de sofrer um acidente mas por sorte o homem aranha havia conseguido nos ajudar e nos salvou. Era engraçado pensar que em todos os acidentes que eu me envolvia ele estava ali para ajudar a todos, mas sempre parecia dar um pouco mais de atenção para mim, eu tentei explicar para Jasmin que era só impressão ( por mais que nem eu acreditasse nisso) e voltei a olhar o homem aranha ajudando outros estudantes a saírem com segurança de dentro do ônibus.
— Espero que esteja bem- ele disse se abaixando na minha frente, parecendo me analisar- caso precise eu te levo ao hospital mais próximo ou peço para que venham dar uma olhada em você.
Notei um pouco de preocupação em seu tom de voz e senti minhas bochechas esquentarem, estava um calor enorme porém não era como se eu ficasse vermelha só pelo calor.
— Muito obrigado, mas creio que não será necessá...
— Mentira! ela torceu o tornozelo e está inchado, veja só - Jasmin disse apontando para meu tornozelo realmente inchado, quase roxo.
A encarei com um olhar mortal e soltei um leve suspiro, todos ali já haviam percebido que sua atenção sempre vinha inteiramente para mim e ser o centro das atenções não era lá minha praia, o homem aranha pareceu surpreso e com um pouco de pena quando olhou meu tornozelo.
— Acha que consegue se levantar?- sua voz escondia um pouco de preocupação, ele não era muito bom em esconder sentimentos pelo que percebo.
Fiz que sim com a cabeça e tentei me levantar, sem sucesso nenhum, dei uma arfada ao sentir uma dor aguda quando meu pé tocou o chão e acabei tendo que me apoiar na parede, a dor era razoavelmente suportável mas aparentemente eu tinha sofrido uma fratura ou coisa do gênero.
— Eu vou te levar.
Senti uma mão agarrar minha cintura e me puxar para perto de si, quando olhei, o homem aranha estava sussurrando um " segura firme " enquanto pulava de prédio em prédio até chegarmos no hospital, percebi que no mesmo tempo que ele estava indo rápido, ele tentava não se mexer muito para que eu não ficasse enjoada, encostei minha cabeça em seu peito com um pouco de vergonha e receio, porém ao perceber que ele não ligava, permaneci ali até chegarmos ao pronto-socorro. Fui deixada em uma cadeira de rodas e rapidamente fui cercada de médicos.
— Muito obriga....
Quando olhei para trás, não havia nenhum sinal do homem aranha, me senti um pouco mal por ele não ter ficado, parecia que pouco a pouco eu nutria um estranho sentimento de amizade por ele mesmo nunca tendo conversado ou nem saber sua verdadeira identidade. Os médicos fizeram uma bateria de testes e logo engessaram minha perna, fiquei ali por um tempo enquanto aguardava que minha mãe viesse me buscar.
— Minha filha!- minha mãe veio correndo me dar um abraço, um abraço confortável e quentinho- que bom que você está razoavelmente bem.
Dei um sorriso meio torto, ela sempre era bem humorada e fazia de tudo por mim desde que o papai morreu, desde então foi só nós duas contra o mundo. Ajeitei meu casaco e vi um pequeno papel cair do meu bolso, eu não havia notado antes e abri para ver o que era
Estarei em sua casa para verificar como você está .
Homem Aranha.
Dei um pequeno grunhido de surpresa, o homem aranha sabia onde eu morava? e ainda queria falar comigo? Coloquei o bilhete novamente em meu bolso e minha mãe me levou com uma cadeira de rodas até o carro.
— Hmm, mamãe - disse vendo sua expressão preocupada - o que acha de adiarmos a noite de filme? hoje estou um pouco cansada e com um pouco de dor.
— Sem problemas anjinho, sei que hoje você teve um dia bem... Difícil, digamos assim- mamãe disse dando a partida no carro e dirigindo para casa.
O trânsito estava tranquilo, uma coisa que raramente acontecia, então chegamos em casa mais rápido. Subi as escadas com a ajuda de minha mãe e troquei de roupa antes de me deitar, me cobri somente com uma coberta não muito quente e liguei a TV em alguma novela qualquer enquanto pensava no bilhete, será que foi alguma piada de mal gosto? ou teria sido ele realmente? eram muitas perguntas que eu não tinha a resposta e estava me deixando com dor de cabeça. Quando estava quase dormindo, ouvi uma batida na janela próxima a minha cama e me levantei com dificuldade para abri-la.
— Eu disse que viria- O homem aranha parecia mais calmo do que estava a horas atrás e entrou com cuidado em meu quarto- Então... S/N não é? sua amiga Jasmin não parava de falar sobre você.
— Ela... bom, ela é bem comunicativa - disse me sentando na cama, sem ainda acreditar que ele estava ali- as vezes diz coisas sem noção. Espero que dessa vez ela não tenha dito nada imprudente.
Ele deu uma pequena risada e se sentou no chão, de frente para mim.
— Relaxa, ela não disse nada demais, e olha... pode me chamar de Pavi. É um apelido.
Estranhei sua confiança, já que não era comum ver um herói desconhecido revelando seu apelido para uma completa estranha.
— Certo, então.. meu apelido é S/A ( seu apelido), pelo menos a jas me chama assim.
Ouvi minha mãe subindo as escadas e rapidamente, Pavi saiu pela janela que entrou prometendo voltar novamente para me ver, e eu não poderia negar que estava realmente ansiosa para isso.
END
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