tempestade.

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Cellbit acordou com dois braços o enlaçando e uma dor de cabeça terrível. Seus olhos estavam fixos em uma parede cinza e o calor parecia surreal. Roier dormia atrás dele, com o rosto enfiado em seu pescoço e respirando pesado em sua nuca. O ar quente fez com que o loiro sentisse cócegas.

De alguma forma eles haviam encontrado a base guapita em meio a todas aquelas trilhas estranhas e dormido juntos. Cellbit realmente não lembrava como chegou ali, mas naquele momento não importava lembrar. Ele se desprendeu de Roier e levantou, sua barriga roncava e todo o seu corpo doía, talvez esse fosse o preço a se pagar por ter ficado a noite inteira caminhando, pulando pedras, subindo montanhas... 

Ele procurou por algo para comer nos baús e não achou nada, nem mesmo grãos de café. 

— Cellbit? — a voz sonolenta de Roier cortou o silêncio, e Cellbit o olhou e abriu um sorriso.

Ele estava sem a sua bandana, havia tirado antes de encontrarem a base, e seus cabelos estavam bagunçados. Aquela visão tão íntima e desconcertada de Roier deixou Cellbit bastante satisfeito e um pouco preocupado com sua própria aparência, então ele teve que, sutilmente, passar a mão em seu cabelo para tentá-lo arrumar.

— Por que tá tão quente aqui? — Roier murmurou derrotado e levantou-se da cama, ele retirou seu moletom e ficou apenas com uma regata branca. — Esses últimos dias foram frios e esse está quente, what the fuck.

— Talvez chova mais tarde, quando fica muito quente é um sinal claro de que vai chover — Cellbit explicou e observou Roier se aproximar e o abraçar por trás, dando um leve beijinho no canto do seu pescoço. E aquele ato deixou o loiro sem fôlego e com as pernas bambas, mesmo estando apoiado em um balcão ele sentiu como se fosse cair. — Estou com calor.

— Tire o seu moletom, gatinho.

Cellbit não respondeu, e a falta de uma resposta serviu como uma resposta clara para Roier, que riu soprado e o abraçou com mais força.

Your scars are pretty. I think it's very sexy.

(Suas cicatrizes são bonitas. Eu acho que elas são bem sexy.)

— Vamos descer pra vila? Não tem nada para comermos aqui e eu estou com fome — Ele trocou de assunto e ganhou um beijo no canto da boca. Roier o pegou pela mão e mostrou um sorrisinho.

Eles saíram da base e desceram pela trilha da floresta, colhendo pequenas frutas para comerem depois. Roier perguntou como Cellbit sabia quais frutas eram comestíveis ou não, e Cellbit apenas deu um sorriso, deixando a resposta no ar.

Aquela resposta não tinha nada relacionado com prisão ou a fuga, mas ele sabia quais frutas eram comestíveis porque havia ido em uma trilha com Forever e passado quase duas horas vendo uma palestra sobre como sobreviver na floresta, pois temia se perder e nunca mais achar o caminho de volta. Mas é claro que ele não contaria sobre aquilo para Roier, ninguém falava do ex para o atual.

A vila pareceu um pouco deserta pela manhã, mas eles foram bem recepcionados e pegaram alguns mantimentos enquanto prometiam voltar depois para consertarem algumas construções e máquina. De alguma forma, Roier conseguiu achar uma regata verde escura e a entregou para Cellbit. Eles saíram da vila com diversos pães, trigos, leite e entre outras coisas, mas não foram diretamente para a base, naquela manhã eles decidiram acampar em frente a um córrego e comerem. Eles conversaram sobre o tempo e sobre a noite passada. Cellbit queria retomar ao assunto de mais cedo, ele queria saber se a conversa que eles tiveram durante o amanhecer fora algo real ou apenas influenciado pelo momento.

Ele queria saber se aqueles sentimentos ainda existiriam amanhã ou eram apenas momentâneos.

Ele queria saber, mas não perguntou. Haviam muitas coisas que Cellbit queria fazer com Roier, mas sua vergonha o impedia, sua insegurança e sensação de estar o obrigando a retribuir sentimentos sempre o impediam.

umbrella; guapoduo Where stories live. Discover now