CAPÍTULO TRÊS - GIOVANNA

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                        GIOVANNA

Eu devo ter ouvido errado, não é possível.

O barulho da chuva a nossa volta deve ter me confundido.Com certeza eu não ouvira Nero dizer aquilo.

-O que disse? - murmurei incrédula do que acabei de ouvir.

-Ela não morreu, Giovanna,foi tudo mentira. Nos enganaram! - ele repetiu mais uma vez. E novamente me pareceu loucura, será que ainda não acordei? - Ela não morreu Gio. - ele falou novamente,mas calmo e pausadamente.

Oh meu Deus.

Eu não ouvi errado. Ele estava mesmo dizendo aquilo, um absurdo!

-Nero, esta bêbado? - indaguei – tomou alguma droga? Pelo amor de Deus, não
acredito que venha bater na minha porta pra falar bobagens! É algum tipo de pegadinha...

-Não são bobagens, me ouça...

Eu tentei fechar a porta na cara dele,não ia admitir ,nem aceitar que ele fizesse piada com aquele assunto.

Mas ele foi mais rápido e a segurou me impedindo.

-Me escuta, por favor! O bebê não estava morto.

Eu fitei seus olhos. Eram sérios. Sérios e sombrios.

Deus... porque ele estava fazendo aquilo? Jogando vinagre na ferida exposta,que nunca cicatrizou, acho que nunca irá.

-Para com isso, pelo amor de Deus Alexandre! – murmurei assustada, implorando.

-Acha que eu não queria parar? Acha que não estou tão chocado quanto você?

-Isso é um absurdo! Não o sei da onde tirou esta ideia, mas... Ela nasceu morta Nero! Não,não temos uma filha, porque ela morreu! - eu quase gritei as palavras, como se saíssem do lugar mais fundo de dentro de mim.

Eu nunca, em todos estes anos tinha repetido isso.

Nem com ele.

Nunca com ele.

Era um assunto proibido,um assunto morto e enterrado.

E agora la estava. Vindo à tona junto com a tempestade,junto com Alexandre.

Era demais pra mim.

-Não morreu... foi uma mentira, Giovanna precisa acreditar em mim! Eu preciso que você acredite! Nossa filha está...

-Eu a vi... estava morta – murmurei o interrompendo. Toda a dor voltando, me sufocando.

Eu sentia como tivesse mãos em meu pescoço, me impedindo de respirar.

-Não a viu... porque estava viva, eles a tiraram de você antes que visse!

Eu me obriguei a respirar, mas o ar saia rarefeito, eu estava sufocando.

De dor.

Não era verdade.

Alexandre estava louco, delirando, não tem explicação.

Minha filha estava morta. Fora tirada sem vida de dentro de mim.

Eu ainda podia sentir aquele vazio que nunca ia ser preenchido.

Mas eu nunca a vi.

Não me deixaram vê-la.

Nem seu corpo sem vida.

Uma lança aguda transpassou meu peito.

Eu não podia estar acreditando naquele absurdo.

Mas me vi o encarando e perguntando :

Por Acaso - GNOnde histórias criam vida. Descubra agora