CAPÍTULO SEIS

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Depois de mil anos,voltei!





                .           GIOVANNA

Eu achava que sabia o que era dor,estava completamente enganada.

Era como deixar uma parte de mim ir embora. Quando me disseram que ela estava morta, algo vital em mim morreu.

E eu convivi com aquela perda, com aquele vazio inexplicável.

E então ela foi trazida para mim novamente,como um milagre.

Mas não era um milagre,era um pequeno e sujo segredo. Que destruiu nossas vidas uma vez e está destruindo agora.

Porque a estavam levando embora de novo.

Clara não era minha,não podia ser.

A dor sacudiu meu corpo em soluços sofridos, num choro compulsivo que ensopou a camisa branca e impecável que Nero usava.

Mas ele não se afastou,continuou ali, me abraçando em silêncio.

E havia algum conforto em saber que eu não estava sozinha naquele sofrimento.

Ele também a perdeu.

-Vamos sair daqui – ele disse me arrastando pela rua e me colocando dentro do carro.

Por todo caminho, eu sentia uma espécie de revolta crescendo dentro de mim.

Uma fúria sem tamanho por toda aquela situação injusta.

Parei de chorar.Não havia mais lágrimas dentro de mim,apenas uma revolta fria e dolorida.

Assim que chegamos no hotel, eu saltei do carro, batendo a porta e só percebi que Alexandre estava atrás de mim quando cheguei ao quarto.

-Não devíamos ter deixado ela ir – falei, acendendo um cigarro com as mãos  trêmulas – aquela tia é uma bruxa da pior espécie! Eu podia matá-la,agora mesmo! Com as minhas próprias mãos.

-Giovanna,se acalma…

-Acalmar? Acha que eu devo me acalmar? Eu quero explodir! Eu tenho ódio de mim mesma por tê-la deixado la com aquela tia horrorosa! Não é possível que não tenha percebido, que não se importe!

-Ei, calma ai. Acha mesmo que eu não me importo. Que não doeu em mim ter que vê-la ir e não poder fazer nada?

-Mas podia! E mesmo assim não fez! - disse me arrependo no mesmo momento.

-Achei que nos tínhamos decidido que isto era o melhor. Deixar como está,pela Clara!

-Por Clara ou por nós mesmos? Eu me sinto tão... suja! Tão egoísta. Por que temos que aceitar isso? Por causa de uma merda de carreira? Eu não ligo pra isso! Eu não me importo! Eu apenas quero ter o direito de ter a minha filha! E eles a roubaram de mim – os soluços varreram meu corpo de novo,as lágrimas descem grossas pelo meu rosto. O sentimento de impotência me domina.

Nero se aproximou me segurando,me envolvendo em seus braços,como vinha fazendo dês que apareceu na minha porta.

-Vai ficar tudo bem, Giovanna…

-Não vai ficar tudo bem – gritei me debatendo – nunca mais vai ficar tudo bem! Eu não quero ouvir você dizer isto! Me enoja!

-Giovanna por favor…

Mas eu não queria ouvir. Eu estava além de qualquer controle,estava doendo demais.

-Sai daqui Alexandre!Eu quero ficar sozinha.

Por Acaso - GNOnde histórias criam vida. Descubra agora