Prêmio

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Wednesday conferiu as horas no celular só para ter certeza de que estava dentro do tempo tolerável. Não queria se atrasar. Não que morresse de amores para ir à Nevermore, mas por que não queria deixar Enid esperando. Passaria na casa dela e iriam juntas ao colégio. A mudança no fim de semana e a arrumação das suas coisas havia deixado todo mundo cansado. Acabou dormindo até bem mais tarde no Domingo e não tinha se encontrado com a loira.

Quando se falaram por ligação, Sinclair brincou que tinha pedido demissão do cargo de namorada depois de carregar inúmeras caixas escada a cima e ficar com dores nos braços. Addams riu lembrando-se da risada sapeca da menina quando se ofereceu para fazer uma massagem relaxante para compensar os transtornos causados. Que óbvio, Enid aceitou dizendo ser um pagamento aceitável pela exploração que sofreu.

Pegou os fones de ouvido, jogou a mochila nos ombros e se dirigiu a porta raspando sem querer as botas no piso. Odiava quando aquilo acontecia.

Ouviu o barulho estranho antes de sair do quarto e parou no meio do caminho olhando para trás com ouvidos atentos.

Não havia nada no quarto que justificasse aquele som.

Viu a sombra na janela com sua visão periférica e devagar caminhou até lá. O borrão preto mexeu através do vidro e emitiu novamente o som. Wednesday abriu a janela e deu de cara com um corvo de penas lustrosas no parapeito. A ave soltou um grasnado agudo quando a viu como se reclamasse pela demora em atendê-lo.

- Está perdido? O cemitério é para lá - disse a menina apontando na direção do cemitério onde sabia que havia muitos daqueles pássaros.

O bicho inclinou um pouco a cabeça fitando Wednesday.

- Não tenho comida para você - disse a menina intrigada do por que o animal estava em sua janela. Ele não pareceu se importar com a presença da menina.

Talvez a mansão antes abandonada, fosse o lar dele, talvez aquele quarto fosse seu lugar e estava ali para reivindicá-lo.

Hipnotizada pela escuridão sedosa das penas do animal, Addams ofereceu a mão na esperança de que ele fosse aceitar e subir nela, mas ao em vez disso, o corvo bateu asas e voou a deixando novamente sozinha.

Bufou em desdém da própria atitude e fechou a janela correndo.

Encontrou a mãe ao pé da escada.

- Já ia te chamar - disse Morticia sorrindo - Bom dia, meu amor.

- Bom dia, mãe.

- Vamos tomar café?

- Desculpa. Estou com pressa. Como alguma coisa no colégio - disse Wednesday se dirigindo à porta - Ah! A Enid vai vir para cá depois das aulas, tudo bem?

Morticia olhou para a filha como se ela estivesse falando alguma bobagem.

- Não precisa me avisar quando sua namorada vier para cá, sabe disso - riu a senhora Addams - Vai levá-la de carro?

- Não. A Nid não confia em quase ninguém para dirigir, então... Ainda preciso trabalhar nisso - Wednesday respondeu dando de ombros - Não quero forçá-la a nada.

- A Enid confia em você. Tenho certeza de que em breve vai aceitar suas caronas.

Wednesday fitou a mãe por um momento enquanto sua mente escorregava por outros lugares. Enid estava seguindo corretamente as orientações da terapeuta e se esforçando para deixar para trás qualquer sombra de trauma dos seus acidentes. Não iria demorar muito para ela expandir a lista que no momento contava apenas com Max, Anthony e Amber, de motoristas em quem confiava.

A corrida dos Excluídos - WENCLAIRWhere stories live. Discover now