9- O Cirurgião

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15 dias para o dia da luz

Michael, um jovem detetive, de Chicago, está agora em Nova Iorque. Foi visitar a mãe. Aproveitou a visita para verificar o passado de John. Ao observar os relatórios de John, ficou mais preocupado do que já estava. "Tenho que fazer algo, pela Maggie", pensou. Ele adora Maggie, mais do que admiração, é uma paixão secreta, um amor que guarda apenas para si, mas profundamente intenso.

Michael encontra-se com o já aposentado Detetive David, na casa deste. A moradia de David era um reflexo do homem: antiga, sólida, um tanto desgastada pelos anos, mas ainda resistente e com alma. As paredes estavam cobertas de recortes de jornal e fotografias de casos passados, uma linha do tempo sombria da sua carreira. Um abajur, com uma base preta e branca, lançava uma luz suave e acolhedora na sala, e o aroma de café recém preparado impregnava o ar.

— Admiro John, uma criança que sofreu o que sofreu e conseguiu avançar na vida — disse David.

— Não acha que tantas mortes, podem ter afetado John emocionalmente? — questionou Michael.

— Todos somos afetados pelo passado, mas John soube lidar com isso.

— Por vezes o passado manifesta-se de formas obscuras, e quando se mostra já é tarde para intervir. — disse, Michael visivelmente preocupado.

— Ele meteu-se em alguma encrenca?

— Não, não. Mas sinto que a Maggie, a esposa dele, e minha amiga, pode estar em perigo, sendo apenas uma conversa informal.

— Ora, por amor de Deus, John é incapaz de fazer mal a uma mulher. Eu, segui a vida de John e se há alguém bom neste mundo é ele. Conflitos entre casados pode haver, mas por John coloco as mãos no fogo.

— Todos escondemos algo, detetive. Podemos ter um lado mau, que se manifesta apenas dentro de paredes. A violência doméstica é silenciosa.

— Todos temos um lado mau e um lado bom. Mas acredite quando lhe digo que esse rapaz, alimenta o seu lado bom e não o mau... e olhe que sei do que falo.

— Dito assim até parece um santo, se o fosse não fazia o que faz?

— O que ele fez?

— Anda a trair Maggie.

— Quem lhe disse?

— A própria.

— Ela pode se divorciar, certo?

— Ela gosta dele, já vi muitas vítimas que tentam manter o casamento, na esperança de dias melhores. Depois acabam por se afundar, como se estivessem em areias movediças, sem forças para pedir ajuda e sair da situação.

— Confirme essa história, não disse que Maggie era a melhor na sua profissão?

— Disse, sim e confirmo.

— Como o detetive disse há pouco, todos temos um lado bom e um lado mau. Veja se o lado mau não está na sua paixão?

— Que paixão? O senhor, não pensa que eu... — responde o detetive Michael, claramente envergonhado, por a sua paixão de alguma forma estar visível.

— John é um homem bom, passou por muitas mortes na infância, talvez seja por isso que dá mais valor à vida. Conhece o Yin e o Yang?

Enquanto falava, os olhos de David deslizaram para o lado, pousando sobre um livro antigo que repousava sobre a mesa de centro. Era um volume de capa dura com desgastes nas bordas, que revelavam um uso frequente. A capa mostrava dois símbolos entrelaçados, um branco e um preto, claramente representando o Yin e o Yang. O título dourado na capa, desbotado pelo tempo, ainda era legível: "O Equilíbrio do Yin e Yang: A Dualidade da Vida".

Pacto de SangueWhere stories live. Discover now