Quando entrou na residência de Pellegrini, seguiu, escoltado, até o aposento do mafioso. Era um lugar propício para seus intentos, caso os acontecimentos se voltassem para o lado obscuro. A cerca de 1200 metros dali, Arthur e Tommy estavam empoleirados numa árvore com as armas apontadas.
John, assumiu imediatamente a sua postura de médico, assim que chegou ao quarto.
— Como vai esse coração? — perguntou John.
— Doutor, antes de falarmos sobre o que o trouxe aqui, gostaria de fazer-lhe algumas perguntas. Pode ser? — questionou Pellegrini, enquanto um dos seus capangas puxava o blazer para trás, mostrando uma arma de 9 mm. Dois dos melhores polícias amigos de Pellegrini também estavam presentes, além de Joe, o sobrinho. Os polícias foram os mesmo que haviam trazido o relatório que indicava que as impressões digitais encontradas na tesoura de jardinagem pertenciam ao doutor John.
— Sim, sim, é claro. Permita-me apenas abrir as cortinas e as janelas para que a luz e o ar lhe façam bem — John foi lesto, antes que alguém mudasse de ideias. Alfred e Tommy precisavam de visibilidade.
— Doutor sente-se, não vai demorar. — Falou Pellegrini enquanto o capanga puxava uma cadeira.
Contudo, ao invés de sentar-se imediatamente, John arrastou a cadeira para uma posição que lhe permitisse emitir um sinal rapidamente, caso fosse necessário.
— Doutor, hoje quero falar de jardinagem. Gosta de jardinagem?
John já sentado, passou as mãos pelo seu cabelo liso e escuro, um gesto natural para alguns dos presentes, mas um sinal de advertência para Alfred, indicando que a situação poderia complicar-se.
— Gosto, sim, há uns dias que não pratico. Também gosta? — disse John, tentando parecer o mais natural e inocente possível.
— Devia usar luva, doutor, senão pode cortar os dedos.
— Não estou a compreender. Há algum problema?
— Sim, mas vai ser solucionado.
Pellegrini fez um sinal para Joe, mostrando a caixa que continha a tesoura e um dedo cortado. John calculou que o dedo pertencia ao mendigo que apareceu no hospital com a sua faca de pesca cravada nas costas.
— O que é isso? Não acredito que me roubaram a tesoura. Eu sou seu médico, exijo respeito, não precisa dessas coisas comigo. Se não estivesse doente, ia-me já embora. — John falou enquanto se tentava levantar da cadeira, mas a mão do capanga no seu ombro fez pressão para baixo e ele não forçou o movimento.
— Doutor, temos um problema. Essa tesoura é sua e foi usada para cortar um dedo. — disse Pellegrini, enquanto Joe mostrava o dedo amputado. — Esse dedo, foi cortado para me incriminar.
— Não... sei — a voz de John intermitente, procurando mostrar pânico e desconhecimento dos fatos.
— Doutor, tenha calma, ninguém aqui lhe fará mal.
As palavras de Pellegrini soaram como um alívio; John não precisava de alimentar mais a Escuridão. Nesse pequeno intervalo de tempo, ele já havia elaborado um plano. Joe não estava armado; o capanga e um dos policiais estavam na linha de tiro de Alfred e Tommy. Restaria apenas um policial para desarmar, e em seguida, enfrentar Joe. Desta forma, acreditando nas palavras de Pellegrini, a abordagem seria diferente, sem confiar em demasia.
— Quer explicar-me o que se passa?
— Hoje é um dia triste para mim, antes do doutor chegar, soube que o meu advogado, Robert, foi assassinado a sangue-frio. — Proferiu Pellegrini, visivelmente perturbado.
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KAMU SEDANG MEMBACA
Pacto de Sangue
Mystery / ThrillerA escuridão pode brotar da ausência de emoção, ou somos meramente incompreendidos em nossa profunda complexidade? Surgindo de um vazio de emoções, John coexiste com uma entidade interior que ele chama de Escuridão. Esta é a sua batalha: uma dança c...