CAPÍTULO QUATRO - DUO

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. GIOVANNA

-Você está mesmo falando sério?

Eu poderia ter rido da cara de Piny se não estivesse tão ocupada em correr pelo quarto jogando as coisas dentro da mala de qualquer jeito.

Cada minuto era precioso.

Cada minuto era mais um tempo enorme longe da minha filha.

Minha filha.

Eu ainda sentia dor de estômago só de pensar nisso.

-Sim, Piny, é super sério. - respondi tentando fechar a mala.

Ela se aproximou para me ajudar.

-É difícil acreditar,Gio. Parece coisa de novela,uma novela que vocês poderiam fazer.

-Eu sei. Eles acharam que eu e o Nero nunca iríamos descobrir, mas graças a indiscrição de Otaviano agora nós sabemos!

-E estão indo para São Paulo atrás dela - Piny ainda parecia totalmente estupefata.

Não tinha como culpá-la.

-Sim, nós vamos. O que esperava que fizéssemos? Que seguíssemos em frente
como se nada tivesse acontecido? É impossível, Piny. Minha filha está viva por aí. Não tem como esquecer.

-Giovanna, eu sei como você sofreu quando tudo aconteceu. Mas até ontem você achava que ela estava morta. Tem certeza que quer mesmo ir atrás disso?Será que não seria melhor para todos...

-Ah,não. Você também não,Piny por favor!

-Não me entenda mal. Eu só estou tentando pensar sensatamente. Se fosse com pessoas comuns isto já seria difícil, mas você e o Nero tem ideia do que seria, se isto se tornasse público?

Não, eu não tinha pensado naquilo. Eu só pensava que eu precisava vê-la com meus próprios olhos, um nome e uma fotografia não seria suficiente.

-Não posso recuar agora,Piny! Não posso, não consigo e nem quero esquecer. Ela é uma órfã, sabia? Os pais que a adotaram morreram há anos e ela vive com uma tia que a largou no colégio interno!- eu simplesmente não consigo esconder meu tom de voz raivoso e revoltado.

Ela é minha filha, caramba! É tão difícil assim de entender?

-Giovanna... - sua voz era cheia de reprovação e preocupação.

Em outras circunstâncias eu teria parado para escutá-la. Mas não agora.

Agora eu tinha apenas uma ideia fixa.

-Não, Piny - eu peguei a mala - eu preciso ir. Me leva até o aeroporto?

Vendo que eu não ia desistir, ela soltou um suspiro profundo.

-Talvez fosse melhor esperar para eu ir com você..

-Não. Está tudo bem. Eu e o Nero preferimos fazer isto sozinhos.

A voz do comandante avisou que em poucos minutos pousaremos em São Paulo.

Está tudo bem estranho entre nós.

Trocamos meia dúzia de palavras quando nos encontramos na sala de embarque, ele segurou minha mão durante a decolagem.

-Você ainda tem medo de voar,né? - foi tudo que ele disse, sorrindo e segurando a minha mão.

Mas agora, a dor no meu estômago se intensificou. A ansiedade junto com o pouso e todo o pacote completo, me deixou assim.

-Você está bem?

Por Acaso - GNWhere stories live. Discover now