11.0| Linha tênue

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" Nos iremos ficar bem"

— FINE LINE, Harry Styles —


BLAKE WARNER
LOS ANGELES – CA 
Hawking High School
8:16 Am – Monday

Sua feição concentrada é linda, e não parece saber disso.

Ela bate o pé freneticamente ao meu lado, seu nervosismo está mais que obvio. Não entendo seu medo, claramente já passamos nessa merda.

As palavras entediantes da professora de química passam direto pelo meu ouvido, Carolina atenta a cada uma delas.

Seus olhos focados no quadro, os meus focados nela.

— Dá pra parar de me encarar? — Pede entre os dentes.

Desvio o olhar e me seguro para não falar besteira.

Vamos apresentar nosso projeto hoje, a qualquer momento podemos ser chamados à frente. E nesse meio tempo, Carolina está tentando não infartar de ansiedade ao meu lado.

— Porra, você tá olhando para esse negócio há meia hora. — Digo. Pego o notebook em sua frente e o fecho, trazendo-o para meu lado.

— Eu estou nervosa, não entendo como você pode estar tão tranquilo. — Ela me olha pela primeira vez desde entrou na sala.

—  Não consigo ver uma pessoa aqui que seja tão inteligente quanto você, não tenho motivos para me preocupar. Então se acalma. — Peço.

Ela não consegue me olhar por muito tempo. Sem reação, se vira para frente. Algumas duplas apresentam, comprovando que eu estava certo. Já ganhamos.

— Dupla 4. Definições. — A senhora chama. É nosso tópico.

Me levanto e vou até a frente, sendo acompanhado por Carolina logo atrás. A divisão é bem simples, são apenas treze slides. Conecto meu notebook ao cabo do projetor, e abro o arquivo.

As palavras saem automaticamente de minha boca, o conteúdo descrito na projeção sendo explicado como planejado. Quando termino, passo a palavra para Carolina, que troca de lugar comigo.

Ela junta as mãos atrás do corpo e inicia sua fala, seguindo exatamente como combinamos. Seus lábios se movem a cada palavra dita, ousando tremer de vez em quando.

Nem parece a garota de menos de um minuto atrás. Sua voz é confiante e certa, ela gesticula calmamente, como se tivesse absoluta certeza do que diz.

No último segundo ela trava.

— São substâncias que aceleram o mecanismo e... elas... é... — Ela encara o chão, tentando se lembrar da definição que esqueceu. O silêncio toma a sala, os alunos encaram a garota.

Tento chamar sua atenção, mas seus olhos estão concentrados na cerâmica branca do chão, travando uma batalha mental.

— Ok, Carolina. Já é suficiente. — A professora diz.

Ela assente, desapontada demais para expressar algum tipo de agradecimento.

Desconecto o cabo e junto nossas coisas, seguindo-a até nossa mesa. A tão familiar tensão volta a nos cercar, o som dos outros dois alunos apresentando é tudo que ouço.

Me viro para ela, vendo a garota perdida nos próprios pensamentos, provavelmente se culpando pelo seu erro irrelevante. Não sei como agir, então fico em silêncio.

Não estou com raiva ou chateado, ela apenas esqueceu uma palavra, não vai fazer diferença alguma. Mas duvido que vá entender isso.

— Eu vou colocar no mural dos avisos as notas de vocês, já estão liberados. — A senhora informa após a última apresentação.

INABALÁVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora