Ao Noivo e À Noiva

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Depois de causar tantos incêndios e abandonar um caminho de cinzas do qual nem tinha conhecimento, era hora de esquentar as coisas por conta própria. Eu apenas precisava de uma oportunidade. E ela veio apenas alguns momentos depois, quando mal Astoria e Pansy tinham terminado de me soterrar com milhares (e não estou exagerando) de perguntas sobre minha primeira semana no Palais – e todo mais que isso englobava, tal como o fato de ter sido adotada pelos Malfoy já que era, a que todos sabiam, prima de Draco. Bom, não estavam errados. Nosso sangue só não estava tão próximo assim... ao menos a maior parte dele.

Athara veio deslizando em nossa direção, uma taça repousando nos dedos delicados. Observar as reações dos meus amigos foi divertido até começar a torcer que eu não tivesse parecido tão boba e acanhada quanto eles. E olhando outra vez para a fada, pela primeira vez eu sabia exatamente o motivo da torção maldosa em seu sorriso. Pelo visto, veelas gostavam de atormentar qualquer um que cruzasse em seu caminho, não importando idade ou gênero. Eu não poderia dizer que estava surpresa.

— Draco, Coryn, vamos — ela sequer se preocupou em reconhecer e cumprimentar os pré-adolescentes à sua volta, que havia todos dado um passo para se afastar de nós, como se tentando garantir que seja qual fosse a interação que existisse entre nós e Athara Beaufay, eles não estariam no meio. — Conversem com seus amigos depois. É hora da Dança.

E meu namorado não fez mais que um aceno para a nossa roda antes de passar o braço pela minha cintura e seguir sua avó enquanto ela, ainda se movendo como se não pisasse no chão. Eu segui os dois sem reclamar, muito confortável com o calor do contato enquanto prestava atenção na mudança da festa. O salão tinha sido aberto, com as pessoas que antes o enchiam tendo recuado até as extremidades, algumas até mesmo empurradas para o lado de fora, atravessando as grandes portas. Havia, porém, algumas estranhas bolas de luz branca em pontos altos ao redor do que agora se mostrava ser uma pista de dança e, esticando o pescoço para fora, eu vi as mesmas bolas brancas ali, pontilhadas no ar em pontos estratégicos. Franzi as sobrancelhas, virando o rosto para Draco, que já esperava seu momento e passou a sussurrar respostas na festa cada vez mais silenciosa.

— Depois de uma hora exata, os portões do Palais se fecham — começou. — Todos os convidados que conseguiram chegar, são bem-vindos. Os que não, ficam de fora. Sem exceções. Agora que o tempo de tolerância acabou, a festa deve começar. Em toda casa tradicional, se começa com uma dança entre a matriarca e o patriarca daquela família, ou seja, quem possui os títulos de lorde e senhora. Eles dançam a primeira música e, depois deles, os outros casais da família também entram na pista. Mais duas músicas, então, e apenas aí a pista é liberada para os convidados.

E qual o grande simbolismo nisso tudo? Pois claro que havia um, sempre há. E não havia mais tempo para perguntar nada em voz alta, conosco parados na margem central do salão, junto com seus avós e seus pais. Lucius e Narcisa, o senhor e a senhora Malfoy, estavam na frente, seguindo de Abraxas e Athara, em fila e esperando. Mulheres de um lado, homens de outro. Draco me levou justamente para o último lugar, logo atrás de seus avós. E antes de qualquer coisa, negou com a cabeça.

Não se preocupe, nos ficamos aqui enquanto eles vão dançar, esclareceu. Apenas casais unidos em matrimonio ou, no mínimo, oficialmente noivos, podem dançar agora. Alguns noivados são apresentados assim, mas não é comum.

Mordi os lábios, a ponta das minhas presas fazendo uma pressão conhecida enquanto meus olhos deslizavam para o salão aberto, decorado e vigiado. E não pude deixar de notar que havia convidados de honra até mesmo agora, quando as famílias presentes do Diretório Puro Sangue eram quem estavam na margem da multidão, junto com os políticos, repórteres e celebridades mais relevantes que eu havia sido apresentada. Os não tão afortunados em nascimento ou em sua luta pelo poder não iriam possuir a graça de observar a Primeira Dança com os próprios olhos, se dignando a espiar por entre ombros ou se concentrar nos grandes telões que as bolas brancas haviam se transformado, ou ao menos eram isso que pareciam, apesar da imagem dos meus tios estar um pouco translúcida.

Corona IIIWhere stories live. Discover now