Solo de Sonhos

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Dizer que eu tive uma manhã ocupada depois de meu pequeno discurso e da subsequente benção da minha família para me atirar no mais antigo ninho de cobras que existia (já que era isso que eu tanto queria), era uma forma gentil de lidar com a situação. Os nove dias seguintes passaram com tanta rapidez e tanto senso de urgência quanto a semana de revisões antes das provas. Eu estava acostumada a não ser sugada pelo ambiente em Hogwarts, não tendo lá muitas razões para entrar em desespero pela data dos testes, mas agora era diferente. Eu realmente não tinha qualquer preparação para os truques que Narcisa Malfoy tinha debaixo de suas mangas de seda fina.

Logo depois do café, fui informada que minhas aulas começaram naquela tarde. Se eu tivesse algum problema com os professores escolhidos, eles seriam substituídos, mas tinham de começar de algum lugar. Eu sequer havia pensado muito sobre isso, quero dizer, ninguém havia falado nada sobre o assunto da minha educação paralela à Hogwarts, mas era mais que claro que os adultos haviam, sim, gastando um momento ou dois para pensar e discutir sobre o assunto. Lucius teve a graça de me estender um rolo de pergaminho enorme no final da refeição, onde havia escrito todos os tópicos que seriam abordados ao longo de agora, para sempre. Havia dezenove tópicos. Dezenove. Eles iam desde matemática, história, inglês, sociologia e filosofia, até economia, política, etiqueta e dicção. Alguns deles tinham até mesmo subtópicos, o que tornava a lista inteira com mais de vinte e cinco matérias que formariam minha educação durante todos os verões fora da escola.

Havia alguma consideração, porém. Elas ocupariam apenas metade do meu dia, ou até mesmo apenas as manhãs – eu ainda estava de férias, eles se lembraram. E, claro, Draco também tinha a mesma carga horária. Com matérias mais avançadas, também, mas apesar de nossa brincadeira na primeira vez que estive chegando ao Palais, ambos sabíamos que eu estaria estudando ao seu lado antes que o verão acabasse. Quando tive o pergaminho em mãos, talvez eu tenha saído correndo da mesa até meu quarto, onde encontrei, já esperando por mim, todo um conjunto de material separado. Ali estavam penas, tinteiros, pergaminhos e diários. Tudo para meu uso pessoal enquanto dentro destas paredes. Soltei alguns barulhos indignos enquanto passava as mãos e cheirava os pergaminhos novos, o couro reluzente – e foi assim que Hoops me encontrou, avisando que o primeiro professor já me esperava.

A professora de matemática, sra. Thowlley, primeiro quis saber até onde minha incompetência iria. Ficou feliz por eu saber contar e não ter problemas com as quatro operações básicas, mas disse que era ótimo que eu tivesse voltado a estudar agora, ou teria sérios problemas a partir do meu terceiro ano em Hogwarts. Ao longo daquele primeiro dia também tive aulas de inglês, francês, economia e geografia. E anotei furiosamente várias palavras e recebi avidamente cada monte de livros que foram colocados na minha frente. Era como o mês anterior à volta das aulas, mas mais cedo. Draco me chamou de "enorme nerd" por estar tão feliz em estudar durante as férias, mas então eu pisei em seu pé com muita força e ele saiu resmungando.

Eu não esperava que minha família, inclusive, tomasse parte dos meus estudos pessoalmente – o que, sim, também descobri que era natural, pois também tinham ensinado a Malfoy. Naquela primeira semana tive Narcisa como professora de dança, que me recebeu em um pequeno salão cheio de espelhos e com o chão tão limpo e liso que eu poderia deslizar. Ela me perguntou se era verdade que eu gostaria de tentar aprender ballet e pareceu brilhar quando eu confirmei que seria interessante. Foi a primeira aula que tive contato com Draco desde o início, pois era indispensável que eu aprendesse danças de casais, agora que estava noiva.

Além de Narcisa, Athara me dava aulas de francês e também me iniciou nas aulas de música. Acho que vivendo tanto tempo, havia muito pouco que ela não conhecesse, ainda mais de um ramo que ela gostava tanto. A sala de música do Palais era o paraíso de qualquer banda, com tantos instrumentos que era impossível sair dali de mãos abanando. A mulher fada se sentou em um divã, meio inclinada, e esperou de forma paciente que eu tocasse, testasse e descobrisse qualquer coisa que me chamasse a atenção.

Corona IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora