Capítulo 66

3.6K 301 9
                                    

~Beatriz on~

Eu me assustei escutando um barulho alto e senti meu corpo todo ficar tenso, tentei olhar mas a máscara tava me impedindo de fazer muita coisa, e eu ainda não tava conseguindo mover muito meu braço sem gesso, por mais que ele fosse o melhor. Eu respirei aliviada olhando o Tião que xingava a janela me fazendo rir fraco, ele então se virou pra mim, se aproximando.

Tião: Oi macumbada- eu sorri sentindo seus lábios encostar na minha testa me fazendo fechar os olhos.

Abri os olhos olhando pra ele que parecia em um conflito interno, até descer seu olhar para o meu corpo coberto pelo fino lençol, ele tocou levantando olhando minhas pernas ingessadas e então me olhou novamente voltando um suspiro trêmulo.

Tião: Eu podia ter avisado antes- sua voz saiu fraca- eu podia ter falado antes, ou podia ter falado pra você ter usado roupa da Tiana.

Beatriz: Tião- chamei ele me esforçando ao máximo pra falar e tocar sua mão com a minha mão que tava "boa"- não foi culpa sua- ele me olhou desviando o olhar em seguida passou uma mão no cabelo e com a outra segurou minha mão.

Tião: Achei que você não ia sobreviver, deu um susto em nós- eu sorri.

Beatriz: Tira essa máscara por favor?- ele negou com a cabeça- por favor, não vou morrer- ele me olhou receoso antes de abaixar ela- como você tá?

Tião: Tô bem melhor agora, até voltei a dormir- brincou e eu sorri balançando a cabeça- tem algum bagulho que posso fazer por você?

Beatriz: Só fica aqui comigo um pouco, é ruim ficar sozinha- engoli a saliva sentindo minha garganta doer tanto que meus olhos começaram a encher de lágrimas.

Tião: Tá bom- ele puxou a poltrona sentando de frente pra mim- estão te tratando bem aqui?- concordei com a cabeça- você vai sair em breve?- neguei com a cabeça e ele fez uma cara triste- quer que eu te conte fofocas?- concordei animada e ele riu.

Ele me contou logo que ontem, uma menina teve o cabelo raspado porque sentou para o marido de uma mulher. Eu fiquei em choque, enquanto ele contava os detalhes de como aconteceu. Chocante.

Beatriz: E o Lobo?- engoli a saliva querendo me ajeitar na cama mas eu tava toda quebrada, é impossível.

Tião: Beatriz- ele deu uma pausa- dá um tempo pra ele, é complicado- concordei respirando fundo e ele puxou a máscara colocando no meu nariz de novo- tô doido pra você ficar bem logo, de coração- eu sorri sentindo ele apertar minha mão- pode dormir, tô vendo que tu tá com sono, vou ficar aqui até você dormir- ele beijou minha testa.

Beatriz: Não tô com sono- murmuro querendo bocejar mas evito o máximo que consigo por causa da garganta inflamada.

Ele riu mexendo no meu cabelo e começou a conversar comigo, até que eu peguei no sono. Acordei no outro dia e uma enfermeira se aproximou. Ela me ajudou a escovar os dentes e me "lavou" como deu. Depois trouxeram meu café da manhã que foi um suco e uma vitamina. Primeiro bebi a vitamina e depois o suco. A enfermeira retirou a máscara, o que me fez ficar feliz. Ela ligou a TV e perguntou o que eu queria assistir, pedi ela pra colocar Ladybug e ela riu concordando.

Passei a manhã inteira assistindo, foi uma luta quando quis fazer xixi, mas por causa do medicamento pra infecção de urina, eu ia no banheiro mais vezes do que o normal. Estávamos tentando ajeitar uma maneira legal, principalmente por causa da minha coluna, que doía muito dependendo de como eu ficava. Por fim o almoço chegou, e dessa vez eu recebi uma sopa. Nem reclamei, porque beber só a vitamina não parecia me sustentar tanto.

Comi novamente com a ajuda da enfermeira. Por fim chegou o horário de visita. O Lucas entrou abrindo um sorriso pra mim.

Beatriz: Oi gatinho- ele se aproximou beijando minha testa e sentou na poltrona.

Lucas: Desenho de criança- fez cara de nojo e eu ri fazendo um esforço pra levantar a mão e pegar meu copo de água.

Ele percebeu e desceu da poltrona pegando o copo de água, ele me ajudou beber e eu sorri agradecendo. Não estava gostando de ficar dependendo das pessoas pra tudo, mas infelizmente teria que aguentar isso por um bom tempo.

Lucas: Se precisar de algum bagulho é só soltar a voz- estreitei os olhos pra ele que sorriu todo fofo pra mim.

Ele reclamou um pouco sobre o desenho mas logo vi que ele começou a assistir comigo, o que me tirou uma risada baixa, fazendo ele desviar o olhar pra mim, e começar a reclamar de novo. Passamos a tarde os dois assistindo igual duas crianças, quando acabou o horário de visita ele me disse que amanhã voltaria e ainda iria trazer um vídeo game pra nós dois.

Ele foi embora e eu suspirei não gostando de ficar sozinha aqui, porque não tinha absolutamente nada pra fazer. Quando uma enfermeira veio, ela me perguntou se eu queria alguma coisa, e eu pedi pra dormir fazendo ela me olhar perguntando se eu tava sentindo alguma coisa. Eu olhei em volta do quarto e ela pareceu entender sorrindo pra mim, de forma gentil.

Ela disse que iria perguntar a médica que logo apareceu me olhando.

- Por quê quer dormir?- ela pediu o remédio para enfermeira que entregou pra ela.

Beatriz: Não tem nada pra fazer aqui e tô muito cansada- ela me encarou compreensiva.

- Infelizmente você vai ter que ficar algumas semanas aqui, mas nada que deva se preocupar ok?- fiz uma careta fazendo ela rir enquanto eu observava ela adicionar o remédio no soro.

Beatriz: Deitada nessa cama só assistindo?- me cansava só de pensar.

- Sinto em te informar que sim- ela sorriu- mas vamos fazer o possível pra ser mais rápido- concordei e olhei pra TV que ainda passava o desenho.

Elas saíram e eu continuei assistindo até sentir o sono me atingir aos poucos.

Amor Inabalável Donde viven las historias. Descúbrelo ahora