Capítulo 68

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1 mês depois

~Beatriz on~

Bocejei ainda com sono enquanto ajeitava o vestido na região dos seios. A médica se virou e abriu um sorriso me entregando a receita.

- Se cuida, e volta daqui mais ou menos três meses pra tirar esse gesso- eu concordei com a cabeça abrindo um sorriso- ah, olha esse exame aqui, talvez você goste. Outro milagre- ela me entregou o papel e então saiu indo atender uma mulher que chegou baleada.

Abri o envelope com dificuldade pegando o papel e comecei a ler sentindo meu coração acelerar, principalmente quando vi um positivo em negrito ali. Ajeitei meu braço ainda engessado e coloquei novamente no envelope sentindo meu coração quase sair pela boca.

Tião: Foi mal a demora- ele veio pegando na cadeira de roda rápido já que não podia demorar- qual é a dessa cara macumbada?

Beatriz: Nada demais- murmurei entregando as receitas pra ele que olhou com atenção.

Tião: Vamos pedir lá pelo morro pode ser?- concordei com a cabeça e ele colocou uma mão na minha coluna- tem certeza que vai conseguir ir pra casa?- concordei com a cabeça- se doer você avisa.

Beatriz: Relaxa meu brother- ele revirou os olhos e me pegou com cuidado colocando no banco da frente que tava deitado.

Olhei para o lado vendo balinha e peguei uma colocando na boca rápido enquanto ele coloca a cadeira de rodas no porta mala. Ele brigaria comigo horrores se vesse eu comendo balinha. Joguei o papel dentro do saco de lixo e ele entrou, fiquei neutra só sentindo o gosto da balinha na boca vendo que ele já ligou o carro e deu partida assim que entrou dentro do carro. Consegui comer ela sem ele perceber.

Ele foi dirigindo e eu fiquei pensando, até me aproximar do morro.

Beatriz: Lobo tá aonde?- ele sorriu de lado me olhando rapidamente.

Tião: Tá em turno, vai sair agorinha. Vai pra lá?- olhei pra ele em dúvida e ele sorriu- claro que vai- olhei toda aquela movimentação.

Não vou negar nunca, senti muita falta. Era entediante aquele hospital, por isso fiquei na cabeça da médica até ela me dá alta, mesmo que eu continue toda quebrada. Fiquei olhando até chegar na casa do Guilherme, que como sempre tava cheio de vapores.

O Tião desceu e levou minha cadeira de rodas lá pra sala, logo depois veio me pegar enquanto um vapor pegava minha bolsa no porta malas. Ele me colocou na cadeira de rodas e então escutei os passos que eu sabia já de quem era.

Lucas: Beatriz- falou animado vindo me abraçar e eu sorri dando um beijo na testa dele.

Beatriz: Tudo bem com você?- ele concordou animado.

Lucas: Que bom que vai ficar aqui, assim vou poder cuidar de você- eu sorri pra ele que olhou para o Tião.

Tião: Eu continuo cuidando dela por agora, pode ir jogar- ele saiu correndo de volta para o quarto dele- vou mandar comprar seus remédios e liberar o burro lá- eu ri.

Beatriz: Tião, pode só antes fazer um favor?- ele concordou e eu fui tentando guiar a cadeira até o quarto do Lobo antes do Tião me ajudar- pega uma caixa pra mim, lá encima do meu guarda roupa- ele concordou pegando um banco pra subir e pegar a caixinha branca me entregando curioso- preciso que me ajuda a arrumar aqui- falei sorrindo pra ele.

Tião: Que isso?- eu abri a tampa e a primeira coisa que apareceu foi o body pequeno do Corinthians- espera, você...- ele deixa a frase no ar- tô feliz meu Deus, meu irmão vai ficar feliz demais. Parabéns macumbada- eu sorri quando ele me abraçou e passei o braço ao redor dele.

Beatriz: Obrigada, não fala nada pra ele e nem pergunta nada, deixa ele falar com você primeiro- ele concordou feliz- arruma o body do flamengo dentro do Corinthians, tenho certeza que vai nascer uma corintiano ou corintiana, a mãe tá sentindo- ele fez uma careta.

Tião: Flamengo tá no sangue, vai ver só- revirei os olhos não entrando em discussão enquanto ele me ajudava- assim?- ele me mostrou e eu fiz uma careta.

Beatriz: Pode ser- ele deu de ombros colocando na caixa e eu coloquei o envelope atrás das roupas- obrigada- ele sorriu- Tião- falei ficando com vergonha- pode me ajudar a ir no banheiro?- ele me olhou sem graça e concordou.

Ele pegou uma blusa do Lobo e eu estranhei, mas não falei nada. Ele empurrou minha cadeira de rodas até a entrada do banheiro e me pegou no colo

Tião: Consegue tirar a calcinha sozinha?- concordei com a cabeça e ele aproximou do vaso virando o rosto para o lado.

Eu tirei minha calcinha e avisei ele que me colocou sentanda no vaso e tampou a cara com a blusa me fazendo rir dele, agradeci mentalmente por ele me respeitar assim. Fiz o xixi e dei meu máximo pra passar o papel higiênico sozinha. Avisei pra ele que pronto e subi a calcinha o máximo que eu consegui. Ele pegou novamente no colo e eu terminei de ajeitar a calcinha descendo o vestido pra tampar.

Ele tirou a blusa do rosto e me voltou pra cadeira de rodas.

Tião: Vou comprar uma daquela próprio pra banheiro, tá ligada?- concordei me sentindo envergonhada- vou lá então, beijo gatinha- ele deu um beijo na minha testa e saiu.

Olhei pelo quarto sentindo o cheiro dele, que senti falta, assim como senti falta dele ir me vê. Várias noites eu sonhava com ele, mas eu sei que era só sonho. Peguei a caixa colocando no colo e tentei ao máximo ir até o guarda roupa, escondendo a caixa no meio das cuecas dele. Espero que ele não demore a achar.

Eu me afastei encostando na cama querendo deitar um pouco, mas sozinha é que eu não iria conseguir. Uma fome começou a me invadir e eu só consegui pensar em uma pizza bem gostosa portuguesa, ou um x-tudo maravilhoso e enorme. Mas eu bem sabia que os homens da minha vida não deixaria eu nem sonhar em comer isso, o que era um saco.

Amor Inabalável Where stories live. Discover now