D.D ▍❛por fim, um deleite mortífero manchou suas almas, eternamente❜
Daemon Targaryen abominava cada membro da casa Hightower, suas moralidades, costumes, comportamentos mas, existia uma única incoerência em seu inimigo de anos, Otto Hightower possu...
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( CAPÍTULO QUATORZE )
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Herança é um espiral interminável — cada curva uma nuance reveladora sobre as transgressões e méritos derramados por gerações conquistadoras, transpassando o tempo e o entrelaçando com um ponto de origem incalculável. Dado por sangue, tradição ou predileção, não há como escapar de seus motivos ou consequências.
Há os que ignoram a herança, outros a honram, há os que a cultivam.
Do sangue celestial retumbante dos deuses, o legado escarlate da grandeza fluía nas veias quentes e ardentes da única prole da Deusa Vhagar. Unida a uma promessa, Athelyna herdou o fogo e a graça, livre para forjar sua própria tradição, honrando a glória dos deuses. Oh! Salve a Bastarda Gloriosa!
Aos olhos de deuses renegados, bastardos eram seus filhos, todos eles. Se almas não podiam clamar por seus próprios progenitores em calamidades, quem acalentaria seus prantos?
Uma parte intrínseca da alma da protagonista ressentiu-se, por anos, pela vergonha à qual sujeitou a Casa Hightower — o pensamento embutido com os abusos sofridos na infância — mas, a libertação ao bebericar da iluminação, um gosto catártico de ser inocente, incapaz de mover águas passadas, movidas por ações de terceiros bastou para culminar no renascimento de suas perspectivas.
Bastardos.
Havia uma cultura de hostilização, desdém e repugnância ao redor deles. Vistos como uma mancha, uma marca e doença — abomináveis. Athelyna poderia considerá-los como seus iguais. Ela queria abraçá-los, inocentá-los de suas perspectivas. A concepção pútrida de serem maus por natureza, fruto do pecado indissolúvel, meros perpetuadores do caos e abominações constantes era injusta e vil.
Athelyna nunca esqueceu-se de suas origens, de sua herança. Seja bastarda ou gloriosa. Recordava-se de seus dias de servidão, de suas costas doloridas, a garganta seca clamando por um pingo d'água e um pedaço de pão para livrar o remoer do estômago, a fome. Lembrava-se do pavor da chuva, do terror em encolher-se, de seus ossos batendo-se um contra o outro no inverno. Da bondade derramada por faces gentis em tempos de desespero, as quais diluíram os anos enervantes em Porto Real.
