Três

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Já estava quase anoitecendo e Mato Grosso do Sul finalmente resolveu dar as caras e sair do quarto depois do que fez, já tinha tomado um banho frio para colocar a cabeça no lugar e o restante do seu corpo, agora precisava cumprir com sua palavra de irmão e assumir seu erro, afinal ele também reconhecia que tinha errado de certa forma.
No andar debaixo alguns estados se reuniam na sala, alguns era possível escutar a voz no jardim e outros na cozinha, resolveu passar na cozinha primeiro o cheiro era delicioso.

—Quando esse peixe fica pronto, minha rainha? –Pernambuco perguntou enquanto Bahia cozinhava, e as suas tranças presas em um coque e o mesmo arriscou provar um pedaço mas nem chegou perto quando sentiu a colher de pau acertar sua mão.

—Tire a mão daí 'boca de me dê' muito ajuda quem não atrapalha, nunca ouviu essa?

—Aff, só queria um pedaço.

—Não vai pegar, sabe que odeio essa mania quando estou cozinhando.

Mato Grosso do Sul pode até sentir a barriga roncando e arriscaria pegar um pedaço do peixe se não fosse a Bahia preparando, Paraíba era difícil de lidar, mas quando a Baiana cozinhava ninguém chegava perto.
Então resolveu deixar os dois brigando e ir pro lado de fora ver o que os outros faziam e encontrou logo quem procurava.

Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Rio de Janeiro e Paraná sentados no chão e achou que era uma boa hora pra chamá-lo de canto por um segundo, tentaria o máximo não ficar sozinho com ele outra vez e prolongar o assunto.

—Oi... Minas, eu posso falar com você um instante?

—Ah, claro, só me de um minuto. Anda Rio, sua vez.

—Ok... compra +4. UNO.

—É sério? Você jogou +4 pra mim?

—Achei que você também tinha, boneca.

—Achou porra nenhuma, seu cuzão, você fez de propósito.

—Sampa é a segunda rodada que você vai perder, admite logo eu sou o melhor, anda logo eu quero azul.

—Eeeee... bloqueio a Paraíba.

—Boy, de novo? Na mesma rodada? eu quero trocar de lado o Paraná tá implicando comigo.

—Para de reclamar, você é pior que o São Paulo.

—Você nem ganhou ainda, para de falar de mim. Vai Minas.

—Bloqueio Rio.

—MAIS QUE INFERNO!

—Compra +2 Paraná.

—Não, compra +2 Paraíba.

—HAHA... Compra +4 Minas. U-N-O!!

—Hm, Compra +2 Rio.

—Dez cartas? Vocês tem não tem coração vey?

E São Paulo começou a rir descaradamente do moreno ao seu lado enquanto comprava as cartas.

—Não vejo graça, tava reclamando agora pouco.

—Ai... O mundo não gira ele capota!

—Vai rindo, peguei uma coisa aqui pra você.

—Joguem logo, crianças. –Paraná já não tinha nenhuma paciência e nem mesmo naná, que tentava dormir mas os gritos a incomodavam o tempo todo.

SP jogou na sua vez, e logo em seguida Paraná, então... Paraíba.

—BATI, UHUUUL BATI SEUS FRACASSADOS. GANHEIII.

—Não sua louca, para de jogar as cartas ainda vamos ver quem... porra. –Rio nem teve tempo de proteger as cartas no chão.

—É. Acabou o jogo. –Paraná completou.

—Não precisam ver o segundo e terceiro lugar se eu já sou a vitoriosa.

—Vamos jogar de novo?

—Pra que? Você é um bebê chorão.

—Ah fui eu que fiquei putinho por comprar des cartas?

—Cala a boca!

—Cala você!

Minas se levantou do chão enquanto os amigos continuavam a discutir, Paraná preferiu nem continuar ali e saiu sem separar os dois, Mato Grosso do Sul que acompanhou todo o jogo o restante do jogo, estava sem palavras pra descrever porque os amigos pareciam se matar por um jogo infantil.

—Queria falar comigo?

—Sim, era pra pedir descu-...

—Espera, não tô conseguindo prestar atenção com esses dois brigando, vamos sair daqui.

Minas caminhou na frente e tinha ideia de ir apenas até a sala mas ainda estava ocupada por alguns amigos e resolveu subir com ele até o corredor do andar de cima.

—Ok, pode dizer.

—Queria só pedir desculpas.

—Por?

—Por... er.... Diacho, você sabe porquê!

MG cruzou os braços fortes com a sobrancelha arqueada fingindo não entender do que o outro falava, mas por que queria que ele fizesse certo já que estava tomando atitude.

—Por, ir pra cima de você daquele jeito e dizer que você não sabe como é ter uma irmã, eu sei que você quis defender ela de mim... e eu que deveria defender ela, mas quando ela precisasse e não quando EU acho que ela precisa.

Minas sorriu de canto, Mato Grosso do Sul tinha seu jeito bondoso e ele só queria o bem da sua irmã e ele entendia isso.

—Tudo bem, eu também peço desculpas sei que não era assunto meu e ainda sim eu quis me envolver no momento errado.

—Acho que foi melhor assim, ou eu teria ido pra cima do Goiás. Eu te machuquei?

—Não, não, nem foi tão forte. –O mineiro chegou mais perto da orelha dele e sorriu ao dizer. —Além disso, nós dois sabemos que você faz melhor que isso.

MS engoliu seco, o mineiro o pegou desprevenido com sua resposta, pensou que ele não tocaria mais nesse assunto.

—Sobre isso, acho que não deveríamos falar mais sobre o que fizemos.

—Por que?

—É que ontem o que aconteceu, nós passamos dos limites... quase nos ouviram.

—Quase?

—Você me entendeu, não vamos falar mais disso.

—Uai, achei que tivesse gostado quer que eu faça de novo?

—Tá doido sô? Alguém pode subir. –Matin sentia o coração disparar em pensar em algo assim, mas Minas não desistia de provocá-lo.

—Então vamos pro meu quarto e podemos fazer isso em silêncio dessa vez.

Minas sussurrou perto do rosto do seu "amigo" com um sorriso no canto dos lábios e aproveitou para beijá-lo e Mato Grosso do Sul o correspondeu de imediato era sutil, um beijo calmo que logo ganhava intensidade e vontade, MG tentou encurralar MS na parede mas o mesmo foi mais rápido o empurrando contra a parede gelada.

—Eu sei o que está fazendo, pare de tentar dominar a situação.

—Alguém tem que fazer Matin, esperar você, leva uma eternidade.

Segurou seu pescoço com força extamemente com o mineiro sentiu na noite anterior, e ele sorrio maroto.

—Você é abusado demais.

—Pensei que não queria fazer isso aqui.

Respondiam um ao outro entre sussurros ainda parados no mesmo lugar.

—Mudei de ideia, acho melhor corrigir essas suas ousadias pra cima de mim.

—Então melhor que não seja aqui.

Minas o segurou pelo colete verde para mais um beijo antes de irem andando para o quarto do próprio mineiro, antes que alguém notasse o sumiço dos dois, menos por uma única pessoa que os viu antes de fecharem a porta.

—Ca-ra-lho...

Queda de braço - MG x MS Where stories live. Discover now