Queda de braço - MG x MS

Oito

Minas estava com o coração apertando o peito e as mãos trêmulas de nervoso, nunca havia sido tão grosseiro com seus amigos e muito menos desafiou alguém assim e foi logo com Matin, ele deveria estar fumaçando de raiva naquele momento.

—Mano do céu, você viu isso? –O Paulista falou encarando a garota. —"Não seria a primeira vez que ganho de ocê."

São Paulo o imitou engrossando mais a voz, puxando o sotaque para tentar imitar o mineiro e começou a rir.

—Ele levou sério mesmo. –Norte completou.

—Acho que não deveria ter falado daquele jeito.

—Que? Aquilo foi ótimo, ele saiu daqui putasso.

—Concordo, você tem que continuar Minas. –A garota começou a guardar as cartas visto que ninguém mais jogaria.

—Mas...

—Mas nada, ele foi grosso primeiro, na nossa frente. Se fizer isso vai sempre pedir desculpas por algo que não fez.

Minas sabia que Sampa tinha razão, ainda sim seu interior o fez se sentir culpado por tirar ele do eixo com as palavras que usou.
Desistiu do jogo e foi subir para tomar banho, nem encontrou com Matin no caminho e achou melhor assim, ele podia ainda estar de cabeça quente ou ignorá-lo e isso faria o mineiro fraquejar e pedir desculpas.

Quando Minas terminou o banho, saiu passando a toalha nos cabelos castanhos, Mato Grosso do Sul havia acabado de sair do quarto da Amazonas e quando o viu indo para o quarto dele, pensou no que ela havia acabado de dizer e estufou o peito tomando coragem para se desculpar por ser tão grosseiro.

—Minas?

O mineiro se virou e sorriu para o nordestino, que colocou a mão no ombro dele sorrindo amigável. Tomando a frente antes que Matin falasse qualquer coisa, dando alguns passos para trás recuando ao ver Norte chegar tão perto dele.

—Sim?

—Eu vi que ficou meio chateado e pensei em te chamar pra jogar baralho lembra? Disse que podíamos jogar juntos.

—Eu não sei não sô, acho que não tô com vontade agora.

—Vamos, a Bahia vai jogar com a gente.

—Tá bem, umas duas partidas e só.

—Claro, eu vou ganhar as duas e você vai continuar mesmo.

—Nem fudendo.

Desceram as escadas e Mato Grosso do Sul continuou parado no mesmo lugar, talvez nem tinham notado sua presença ali enquanto conversavam. Queria sentir raiva, mas ao escutar que Minas estava chateado isso fez se sentir culpado já que a razão disso teria sido a forma que o tratou na frente dos outros e não seria a primeira vez, já que tinha ido para cima dela no dia anterior ao querer defender sua irmã que nem precisava de defesa.

—Oshi, ainda tá aqui? –Amazonas arqueou a sobrancelha ao vê-lo parado de frente a sua porta, achou que já tivesse ido.

—Sim, eu já estava saindo, até depois.

Deixou a garota ali e foi para o quarto, estava emburrado por ter sido deixado de fora, mas quando pensava nas palavras de Amazonas sentia-se com um incômodo dentro de si, pensar em deixar no passado o que tiveram e seguir com a vida era fácil  quando ele era a pessoa a encerrar isso, mas quando parecia que Minas tinha feito isso primeiro deixava Matin irritado, queria ser superior primeiro.

No andar de baixo, Norte segurou Minas pelo ombro e deu um sorriso amigável como se o confortasse.

—Minas, as coisas não tem que ser como o Sampa e a Capixaba querem sabia?