𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄

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O pôr-do-sol me pareceu uma imperfeição, repentinamente

Passei a preferir as noites desde que montei em sua moto e o deixei me levar para casa, só porque seu receio de me assistir caminhando sozinha pelas ruas fosse seu maior temor, seu maior delírio depois que seus dias miseráveis prolongaram a chegada de um fim. Nós reconhecíamos que o perigo estava cada vez mais próximo do que estávamos, realmente, esperando, contudo, não imaginávamos que isso nos pegaria da forma mais dolorosa possível.

Nós tentamos, rimos, sonhamos, acreditamos, mas do que adiantava se a dor nos alcançasse depois da alegria?

Estamos acumulando segredos, fazendo promessas vagas, mas que ainda queríamos prosseguir, visto que além do mal ser viciante, estava impregnado em nós dois. Não tem como fugirmos do passado, estamos em uma longa corda bamba prestes a cair, e talvez... Nós dois poderíamos não estarmos prontos para segurar um ao outro, já bastava os nossos próprios pesos que nos lembravam milhares de facas com suas lâminas afiadas, não existindo piedade ao nos atingir.

Tudo o que foi construído deixou de me fazer pensar que foi em vão quando te reencontrei naquela praia, no entanto, eu não sabia que teria que me preparar para o que estava me esperando. E você... Mal sabendo que teria que sacrificar a si mesmo para proteger tudo o que considerava valioso em sua vida.

Por que nos contos de fadas me diziam que amar é a melhor coisa do mundo? Provavelmente, eu estava vivendo o lado mais sombrio desse sentimento, até descobrir que não era algo para se romantizar. O amor nunca foi bonito, ele tem rachaduras e pode fazer com que você vire uma, ele te prova que expectar por alguém pode fazer com que até mesmo sua alma se despedaça.

É como uma rosa avermelhada, que por fora disponibiliza a visão tão bela, mas ao tocá-la, você se machuca com os espinhos. Tenta explicar a ela que não merecia ser ferido pelos espinhos afiados enquanto sangra... Sangra até que seu corpo se seque.

Éramos novos, e além de amarmos cedo demais, crescemos cedo demais.

Infelizmente, aprendemos com o tempo que nem sempre o amor se cura com a verdade e compreensão, mas as cicatrizes logo se fecham sozinhas para expulsar a visão horrenda da carne viva, por mais que já estivéssemos no fundo sem esperança de encontrar a real cura.

𝐀𝐑𝐀𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀, 𝗍𝖺𝗄𝖺𝗌𝗁𝗂 𝗆𝗂𝗍𝗌𝗎𝗒𝖺 {HIATUS}Onde histórias criam vida. Descubra agora