19

49 2 0
                                    

Draco se levantou do banco.

— Aonde você vai? Ainda não terminei de me inspirar — reclamou Narcissa

Ele pôs Daphne sentada no banco no lugar dele.

— Preciso levar a Astoria pra casa. Ela já aguentou a nossa família maluca por tempo
demais.

— Tchau, Astoria— disse Daphne. — Obrigada por ter feito tudo o que eu pedi.

Era como se ela quisesse lembrar Draco, ou a mim, de que essa noite havia sido só
uma encenação, que não era de verdade. Draco não precisava de lembrete. Ele tinha interpretado o papel com perfeição.

Narcissa me abraçou sem usar as mãos, salpicadas de tinta, pressionando os pulsos contra os meus ombros.

— Foi bom te conhecer. Eu falei sério sobre a estrutura óssea. Volte para me ver.

Eu sorri.

— Ossos de dinossauro — Daphne falou quando Draco e eu saímos.

Draco olhou para mim algumas vezes enquanto andávamos pelo corredor.

— Minha família é esquisita, mas eu amo essas pessoas.

— Sua família é incrível. Sua mãe não é... — Eu me detive. Não queria tocar em um assunto desagradável.

— Não é o quê? Normal? Equilibrada?

Balancei a cabeça.

— Não, é claro que não. É que ela e a Daphne estavam discutindo e... Ela não é muito brava, é?

— Brava?

— Sim. Ela não ficou aborrecida com toda essa história da vingança?

— Não, ela não ficou brava. — Ele abriu a porta da frente para mim, e o ar frio atingiu meu rosto, que, só então percebi, estava quente. — E, se você acha que elas estavam brigando, é porque nunca viu a Daphne brigar.

— Não acredito que você contou para a sua mãe sobre os planos de vingança.

— Foi a minha irmã. Ela é o centro da nossa loucura.

— Eu percebi.

— Imagino que sim, considerando o que ela te obrigou a fazer hoje.

— Ela não me obrigou — respondi. Eu me diverti, mas não podia admitir. Estava me sentindo estranha, como se quisesse algo mais dele, e não queria. Nós dois havíamos representado. Seria ridículo pensar que havia mais que isso.

— Bom, eu sei que ela pediu a sua ajuda, então obrigado. Você foi ótima. Nunca pensou em estudar artes cênicas?

Eu ri quando entrei no carro.

— Não, nunca.

— É divertido, sabia? Fazer uma cena como a que representamos esta noite equivale a uma droga natural. — Seus olhos brilhavam, e eu entendi que ele havia gostado da noite por um motivo diferente do meu.

— Foi divertido.

— Mas a minha mãe estava certa — ele disse. — Foi muito imaturo querer me vingar, mesmo eu me sentindo melhor agora.

— Pelo menos conseguiu encerrar o assunto? Eu sei que era isso o que você queria.

— Sim, consegui. Ficou para trás.

— Ficou para trás — repeti.

Fui explicando o caminho para minha casa e, quando ele parou, desci do carro antes
de Draco desligar o motor. Não queria que ele tivesse que fingir novamente que havia alguma coisa entre nós. Por isso me surpreendi quando, já a caminho da porta, percebi que ele estava ao meu lado.

the fill-in boyfriend - drastoria adaptation Where stories live. Discover now