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— Nem vem com ideia — Daphne falou quando sentei na sala de aula na manhã seguinte.

— Que ideia?

— Você e o meu irmão. Ele é bom demais para você.

— Não tenho ideia nenhuma. — Bom... algumas, talvez, mas estava tentando não alimentá-las.

Se Draco entrasse na minha vida de verdade, eu teria que dar muitas explicações. Precisaria abrir o jogo. Principalmente porque Pansy não parecia disposta a abrir mão das suspeitas.

Daphne piscou uma vez, franziu a testa como se ouvisse meus pensamentos, depois disse:

— Eu vou com vocês no sábado só para ficar de olho. Não estou tentando ajudar. Nada disso.

— Pensei que agora fôssemos amigas — respondi.

— Não sou amiga de quem não reconhece a minha existência em público.

— Você também não reconheceu a minha na praia.

Ela riu.

— Você me olhou como se implorasse para eu ficar de boca fechada.

— Mas isso tem a ver com o baile. Elas não podem saber que era você.

— Sei. Continua tentando se convencer disso.

— É verdade — eu quis insistir. Se as minhas amigas soubessem que foi com ela que
Draco brigou no baile, o mundo teria explodido ali na praia. Na frente de todo mundo. Eu não sabia por que precisava fazê-la acreditar nisso.

Daphne nem era minha amiga. Eu devia esquecer tudo e seguir em frente. Mas não conseguia.

— Ei, eu te ajudei ontem. Eles não teriam desistido...

Ela riu novamente.

— É sério? Você acredita mesmo que praticou uma boa ação? Salvou a gente dos
esnobes com quem anda. É praticamente uma santa. — E virou para a frente.

Passei o dia todo incomodada com a conversa que tive com Daphne. Por isso, quando Ginny e eu seguíamos para o estacionamento na hora do almoço e eu a vi, falei:

— Oi, Daphne

Ela me olhou, surpresa, balançou a cabeça e sorriu.

— Touché.

— O que foi isso? — Ginny perguntou quando nos afastamos. — Quem era aquela?

— Era a Daphne. A garota que armou o encontro com o irmão.

— Foi ela? — Ginny perguntou, claramente chocada.

— Sim.

— Ela é...

— Muito legal — completei, antes que ela pudesse usar um adjetivo de que eu não gostasse.

— E agora vocês são amigas?

— Acho que ela não quer ser minha amiga.

Ginny grunhiu.

— Você não está invertendo as coisas?

— Não. — A mochila estava pesada, e eu a passei para o outro ombro.

— Está tudo bem, Astoria? Você parece diferente nos últimos dias. Distante...

Respirei fundo e soprei o ar com força.

— Acho que estou pensativa. Vamos nos formar, e tenho pensado muito no que realmente conquistei.

— Você é uma das garotas mais populares do colégio. Daqui a dez anos, quando as
pessoas pensarem no ensino médio, vão lembrar do seu nome. Vão saber quem você era. Como as pessoas saberiam quem eu era, se nem eu mesma sabia?

the fill-in boyfriend - drastoria adaptation Where stories live. Discover now