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Draco ainda não tinha me visto, mas meu rosto ficou vermelho do mesmo jeito. Ele olhava para a irmã, e havia em seus lábios um sorriso afetado, como se estivesse acostumado com os gritos no quarto dela.

— Estamos exorcizando nossos demônios — Daphne respondeu, olhando para mim.

Foi quando Draco virou, me viu e arregalou os olhos.

— Astoria? O que está fazendo aqui?

— Acabei de falar — Daphne respondeu por mim.

— Estamos expulsando o mal do nosso
corpo.

— Espera. Você também estava gritando? — Ele parecia não acreditar.

— Sim, ela estava — Daphne respondeu por mim de novo. — Agora sai. Talvez a gente tenha que gritar com você daqui a pouco. Vamos ter que gritar com ele?

— Não, não vamos — eu disse.

— Que pena. Tenho gritos ótimos — Daphne comentou.

Draco cruzou os braços.

— Estou confuso.

— O irmão dela é um babaca. Os pais se orgulham disso. Estamos gritando de raiva. O que é tão difícil de entender?

— Seus pais não se incomodaram? — ele me perguntou.

— Nem um pouco.

— Caramba. Sinto muito.

Dei de ombros.

— Não tem tanta importância.

Daphne suspirou.

— Astoria, é muito importante. Estamos furiosas, por isso estamos gritando. Você não está brava com os seus pais por não reconhecerem o que sentem? Para de fazer o que eles te ensinaram.

Draco sorriu.

— Você veio ao lugar certo. Aqui ninguém esconde o que sente. Se precisar, tem um balde de bolas de beisebol no quintal.

Daphne sentou.

— Ah, é. Vamos levar as bolas para a casa do Will.

— Casa do Will? — perguntei.

Draco olhou para o celular, provavelmente para ver as horas.

— Não precisa levar a gente a lugar nenhum — eu disse. — Se estiver ocupado.

— Ele não está ocupado. Vamos nessa — Daphne decidiu.

— Na verdade, eu estou — ele protestou. — Mas é sério, vai ajudar. Vocês duas deviam ir. — Ele acenou para mim e saiu do quarto, deixando a decepção em seu lugar.

— O que ele está fazendo? — perguntei, tentando parecer casual.

O olhar de Daphne era a prova de que eu não tinha conseguido.

— Quem sabe? Talvez tenha combinado alguma coisa com os amigos. Ele tem alguns.

— Certo. — Passei um dedo pela borda do vaso onde ela guardava os vidros do mar.

— Você sabe se ele falou com a Alicia depois da festa? Ou o nosso esforço deu certo?

— Está preocupada com isso?

— Não... quer dizer, sim. Eu conheci a garota, e você tinha razão. Ela não serve para ele. Mas eu sei que a Alicia ficou com ciúme do Draco por ele ter me levado à festa. Minha preocupação é que o efeito do seu plano tenha sido o oposto do que você queria.

— Você acha que ela terminou com o Dean para tentar reconquistar o Draco depois de ver vocês juntos?

— Não sei.

the fill-in boyfriend - drastoria adaptation Onde histórias criam vida. Descubra agora