𝗰𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝘁𝗿𝗲̂𝘀

509 83 7
                                    

𝐂ada dia que se passava, a culpa e o medo de não ser capaz de quitar sua dívida consumiam os pensamentos do pequeno Jisung

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

𝐂ada dia que se passava, a culpa e o medo de não ser capaz de quitar sua dívida consumiam os pensamentos do pequeno Jisung. A angústia que se abatia sobre ele era tão grande que chegava a trazer uma dor física quase visceral, lhe roubando o sono a noite.

O único momento de paz que se permitia obter era quando Jeongin, seu melhor amigo, o encontrava diariamente nos finais de tarde em um local marcado para conversarem sobre as novidades do dia, enquanto espera seu irmão ir buscá-lo.

— Como um ser humano pode ser tão cruel? — o garoto moreno questiona desabando ruidosamente ao lado de Jisung num banco da praça onde costumavam se encontravam.

— Dia ruim? – pergunta sem levantar a cabeça de um projeto pessoal em que estava trabalhando.

— Você não faz ideia do quanto.

— Aqueles moleques voltaram a te atormentar? — Han interroga tornando sua atenção completamente para o rapazinho de 9 anos ao seu lado.

— Eles não são mais problema para mim, não se preocupe com isso... Hum... Você já comeu hoje Ji?

Como resposta, o maior desviou o olhar e abaixou a cabeça encarando os pés. O pequeno garotinho de cabelos negros, percebendo o momento de fragilidade do outro, não disse nada a respeito, apenas se pôs a procurar incansavelmente por algo em sua mochila.

— Olha, o meu pai ultimamente anda com essa mania estranha de colocar um lanche extra na minha mochila... ele diz que é para o caso de eu ser roubado por valentões. — dizia sob o olhar curioso do seu amigo ao que ainda remexia sua bolsa, finalmente, retirando dela um pacotinho de papel pardo, o estendendo para Jisung. — Para você.

— Jisung, eu agradeço muito, mas você realmente não precisa fazer isso sempre que nos encontramos... — o rapaz de olhos castanhos o repreende abrindo o pacote, deixando o cheirinho maravilhoso do frango e do bacon presentes no sanduíche penetrar em suas narinas.

— É sério Ji, é coisa demais para uma criança magrinha, como eu, comer! — ele explicava na tentativa de convencer o mais velho a aceitar a oferta, arrancando uma risadinha do outro.

— Tudo bem. — falava enquanto mordia seu lanche. — Então? Por que o seu dia está tão ruim?

— Recentemente eu tenho pensado um pouco em relógios…

— Relógios? — Jisung o interrompe confuso. — O que relógios tem haver com seu dia particularmente péssimo?

— Tem tudo haver! Eu acho que eles estão errados! — ele sussurrou a última frase baixinho, como se confessasse um segredo de Estado.

— Oi?

— Exatamente! Pensa bem, o sol nasce às cinco horas, certo? — Jisung concordou, ainda não sabendo onde o menor queria chegar. — Então por que contamos como a quinta hora do dia se é a primeira hora solar?

— Não faço a menor idéia... — ele encarava o menor com a sobrancelha arqueada meio desorientado, não era segredo para Jisung que seu amiguinho era a criança mais inteligente que conhecera, mas às vezes o garoto extrapolava um pouquinho em suas idéias. — Deixa eu ver se eu entendi... você está chateado porque os relógios estão errados?

— O que? Não! Estou chateado porque hoje na aula de geografia eu propus como projeto para um trabalho valendo nota que todos atrasássemos 5 horas nos relógios para que o horário condizesse com a verdade... Assim o sol poderia nascer às 00:00 horas.

— E o que seu professor disse?

— Ele disse que seria burrice tomar como referencial o nascer do sol para acertar os relógios, já que não é uma constante confiável, porque em épocas como o inverso e o verão o tempo de luz solar varia demais. — ele explicava com um pouco de raiva e frustração tomando a sua voz. — É tão injusto que o ponto mais alto do sol no céu seja um referencial mais confiável que o nascer dele, não concorda?

— É, realmente, muito injusto... — disse se controlando para não rir da situação, já que o pequeno tratava o assunto com bastante seriedade, defendendo seu ponto de vista.

— Você me acha louco por não pensar como as crianças da minha idade? — perguntou olhando nos olhos do amigo, que deixou o sanduíche pela metade de lado para retribuir o olhar.

— Sinceramente? Eu acho que não ser normal é o que te torna ainda mais precioso. — declarou com franqueza nos olhos antes de retornar a devorar seu lanche.

— Seungmin diz que se não soubesse que tenho 9 anos ele diria que eu andei  fumando erva estragada por aí... — o moreno divaga arrancando uma risada sonora de Jisung, que balança a cabeça em negação.

                                      𖦹

𝗹𝗶𝘁𝘁𝗹𝗲 𝗺𝗼𝘂𝘀𝗲 ▸ 𝗆𝗂𝗇𝗌𝗎𝗇𝗀Onde histórias criam vida. Descubra agora