Capítulo Especial I - Primeira vez em Terra

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☠ Olá amores ☠

Como muitos de vocês viram no aviso que eu deixei na semana passada eu precisei me internar para operar a endometriose que estava muito profunda e grave. Felizmente já estou de alta em casa. Vou dar mais detalhes em um outro aviso para vocês.

Aproveitem a leitura

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Correntezas Profundas

Especial I

Primeira vez em Terra

Izuna tinha um sorriso gentil no rosto enquanto observava Tobirama que devolvia o olhar em um misto de fascínio e desconfiança. Aquele encontro desafiava as leis do mundo de ambos, mas naquela altura já não importava mais.

- Vocês voltaram aqui mesmo com os avisos que receberam.

- Não nos assustamos fácil. - Deu os ombros.

- Há uma linha tênue entre bravura e estupidez. - Observou nadando de costas e levantando a cauda azul vendo as íris avermelhadas do humano se fixarem nela. - Pensamento de pode me pescar?

- O que?!

A surpresa de Tobirama causou risos em Izuna que mergulhou deixando apenas uma porção de bolhas para trás o albino bufou de leve ao perceber que havia sido feito de tolo por aquele tritão, porém não sentia raiva.

Deu a volta e franziu de leve a testa ao ver que seu irmão mais velho não estava sozinho na praia. Aquele de cabelos negros, que Hashirama parecia desesperadamente tentando cobrir devia ser o outro tritão. Nunca foi o ser mais bem humorado na face da terra, contudo era impossível não achar graça do óbvio desespero do seu irmão em tentar fazer o outro vestir roupas.

- Essas coisas que vocês usam... - Izuna se apoiou nos braços. - Para cobrir o corpo.

- O nome é roupas. - Disse disfarçando o susto pelo tritão ser aparecido do nada outra vez. - E é muito importante.

- Parece tão limitante. - O filho do mar crispou a boca. - Por que não podem andar por aí como vieram ao mundo? Acho que seria mais confortável.

- Todos nus? - O albino soou escandalizado. - Claro que não! Mas que insanidade!

- Acho que seriam menos irritáveis. - Sorriu para a carranca do humano. - Já que o meu irmão está em terra, eu vou experimentar isso também.

Tobirama levou apenas um segundo para entender o que isso significava e correu para praia porque não queria perder aquilo. De pé na areia viu o que poucos homens no mundo teriam a oportunidade de ver. O presente da terra para os filhos do mar, a capacidade de andar nos dois mundos, um dom que os humanos jamais teriam para si.

Devagar as escamas azuis foram desaparecendo e no seu lugar a pele se formava como se nunca houvesse existido uma calda ali. Era uma visão impressionante e difícil de ser descrita. Porém, impossível de ser esquecida.

- Isso é difícil. - Izuna reclamou se apoiando nos pés e oscilando um pouco pela falta de costume.

- Cuidado! - Tobirama se apressou em ajudá-lo a não cair. - Tente colocar um pé de cada vez.

Apesar do desequilíbrio inicial, Izuna conseguiu pegar o jeito depressa e abriu um sorriso enorme ao sentir a areia quente sobre os pés. Esticou uma das pernas vendo como elas eram e dobrando as articulações como uma criança curiosa.

- Que sensação estranha. - Riu se explorando com as mãos até chegar a uma parte carnuda e redonda. - Que fofinha! Qual o nome para essa parte aqui de vocês?

O rosto de Tobirama esquentou de uma forma como nunca tinha acontecido em toda sua vida e com muito esforço se obrigou a olhar para o outro lado, mesmo que sentisse pulsando de luxúria por aquela inocência e beleza.

- Eu... Eu... Deus. - Expirou pela boca sentindo uma sensação de desalento inédita. - Nádegas.

- Uh? - Izuna inclinou a cabeça.

- Nádegas... Ou bunda. - Por um momento o albino sentiu que ia morrer de constrangimento.

- E para que ela serve?

- Para se sentar. - Respirou fundo negando com a cabeça. - Que tal acharmos alguma coisa para você vestir?

- Não quero! - O tritão deu alguns passos para trás e quase caiu. Nessa movimentação reparou em outra parte do corpo que balançou. - E essa aqui...?

Diante daquela situação, Tobirama Senju sentiu que se afogar no mar nunca pareceu tão tentador.

- Madara, por favor, veste a camisa! - Hashirama implorou pelo o que devia ser a décima vez.

Contudo, o filho do oceano parecia mais interessado em explorar as ferramentas que eles usavam para pescar e navegar. Silvou irritado para a rede que se agarrou aos seus dedos e a jogou longe.

- Essa coisa fede. - Desdenhou se afastando.

- Ah, sim... - A castanho murchou. - Suponho que vocês não soem debaixo d'água.

- O que? - O moreno achou a cesta onde havia alguns peixes frescos e pegou um mordendo a cabeça, mastigando e engolindo como se não fosse nada.

O queixo de Hashirama pendeu aberto em choque. Sem dizer uma palavra observou o outro devorar todo o peixe com as espinhas e tudo como se fosse uma sopa. Sacudiu a cabeça para dissipar a surpresa. A raça dele comia homens, um peixinho daquele não devia ser nada.

- Quer mais? - Perguntou com a voz baixa.

- Prefiro carne de tubarão.

- Você come tubarão?

- É a minha presa favorita. - Deu os ombros como se não fosse nada demais.

Levaria algum tempo para que Hashirama aceitasse que estava diante de um predador mais perigoso do que os tubarões e muito mais inteligente. Apertou os lábios para não rir ao vê-lo pegar o cantil que tinha rum. O tritão cheirou e pareceu enojado com o cheiro, mas não conseguiu deixar de experimentar.

A careta dele foi hilária.

- Que coisa horrorosa é essa?

- Rum. - Respondeu ainda rindo. - Você se acostuma com o tempo. Pode até gostar.

- Duvido muito.

Hashirama negou com a cabeça, mas decidiu que era melhor não contrariar aquela peixão que parecia ser muito teimoso. Já era um verdadeiro milagre que aquela interação estivesse acontecendo.

- Por que você e seu irmão não vêm conosco? - Convidou vendo os olhos negros se fixarem nele como duas pérolas negras. - Podemos mostrar um pouco do nosso mundo. Sabe que não tem apenas coisas ruins nele.

Em outros tempos, Madara teria rido de uma proposta tão absurda como aquela, mas circunstâncias fora do seu controle o fizeram considerar. A verdade era que as coisas no mar não estavam indo bem. Há muitas marés as sereias vinham mostrando insatisfação pela forma como os tritões lidavam com tudo. Comendo a maior parte da caça que elas faziam, repousando enquanto as fêmeas criavam os pequenos.

Seus irmãos mais distantes não pareciam se dar conta que estavam em menor número. Foi uma das razões que o levou a se afastar com Izuna. Talvez ficar algum tempo longe do mar não fosse ser tão ruim assim. Além disso, toda a família de sangue já havia voltado a ser espuma do mar, ninguém sentiria falta deles.

- Está certo. - Concordou cruzando os braços. - Mostre-me seu mundo.

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⏰ Last updated: Aug 04, 2023 ⏰

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