Menos de dois dias

2 1 0
                                    

Sigla dos personagens:

Jm - Park Jimin

Mg - Min Yoongi

Gt - Greta

-----------------------------------------------------------------------------------------------------

Yoongi esperou o anoitecer com a maior onda de ansiedade, estava praticamente subindo pelas paredes para poder falar sua resposta para seu sobrinho. Ainda tinha algumas pontadas de dúvidas sobre ir embora ou não, mas as palavras encorajadoras de Jimin fez com que desejasse pela primeira vez em anos ser feliz e nem mesmo sua mãe poderia ficar em seu caminho. Quando a noite caiu Yoongi fez questão de esperar Jimin no mesmo lugar que ele havia se perdido na noite anterior e como esperado lá estava seu sobrinho fazendo o possível para não ser puxado pelas poças de lama que havia no caminho. Assim que se viram e trocaram olhares os dois caminharem em completo silencio até a velha cabana de Yoongi, lá dentro eles ficaram em um clima levemente desconfortável, mas não sabiam como começar aquela conversa. Yoongi sabia que queria ir embora com Jimin, mas dizer aquilo para si mesmo era bem diferente de contar para Jimin, mas agora era essa.

Mg – Eu já me decide sobre ir embora da vila. - começa Yoongi chamando a atenção de Jimin, que olha para ele com esperança em suas íris - Eu cansei de ser aprisionado pelas correntes que aquela família ainda tem sobre mim, eu quero ser feliz, e não fingir para o resto da minha vida. - Yoongi fala de uma forma tão sincera que tocou o peito de Jimin, saber que não foi o único a sofrer naquele lugar e ainda sentir como se fosse um prisioneiro na própria casa – Eu quero ir embora com você desse lugar de uma vez por todas.

Jm – Meu deus, eu juro que você ia negar e, eu ficaria perdido nesse mundo sozinho. - solta o ar que nem percebeu que estava prendendo – Temos que montar um plano de fuga! - fala se levantando de supetão e assustando seu tio no processo.

Mg – Mas não é muito cedo para isso? - pergunta meia assustado, Yoongi esperava que ao menos demoraria alguns meses para finalmente irem embora da vila. Tinha certeza de que queria ir embora, mas tinha que se preparar psicologicamente antes disso.

Jm - Não podemos perder tempo, a caravana da minha amiga vai partir no mais tardar entre quatro dias, então temos que aproveitar esse momento para ir sem levantar suspeitas. - explica seu raciocínio para o tio – O quando antes formos embora melhor, mas você tem certeza de que ainda quer ir embora comigo? Eu não vou ficar chateado se você não quiser mais me acompanhar mais, eu sei que ao contrário de mim foram longos anos estando nesse lugar. Esse é o único lugar que você já conheceu e parece ser assustador agora mudar tudo que conheceu, mas eu vou estar do seu lado se ainda quiser partir.

Mg – Você realmente sabe o que dizer em todas as ocasiões. - solta um suspiro, logo olhando profundamente para Jimin – Aonde você for eu vou te acompanhar.

Os dois passaram o resto da noite discutindo e criando um plano de fuga, e sem querer parecerem orgulhosos demais era um plano perfeito para duas pessoas que nem era considerados os mais inteligentes.

A primeira etapa do seu plano era se infiltrar em uma das carroças da caravana durante a noite, assim ninguém levantaria suspeitas, logo em seguida eles teriam que ficar parados até serem avisados que estavam longe da fronteira, para ter certeza de que estavam longe o suficiente da vila. Assim logo depois poderiam usar o mapa que ganhou de presente de Greta, quando ela falou de várias de suas aventuras por entre o mundo afora. Depois desse passe eles poderiam se aventuras pelas cidades como os nômades faziam ou criar uma nova identidade em uma nova cidade e começar suas vidas novamente da forma que eles quisessem, não importava o que eles fizessem a partir daquele momento, apenas seria fantástico e libertador.

Quando terminaram o rascunho do plano veio a segunda parte do planejamento, pedir para os nômades o ajudarem a fugir sem levantar suspeitas. Jimin sabia que Greta seria a primeira a levantar a mão para o ajudar, mas ela não era a única e teria que convencer os outros, estava um pouco nervoso com essa parte. Mas por acaso eles negassem já tinha um plano de fuga reserva. Quando tinha seus oito anos encontrou uma passagem dentro da montanha que dava para o lado de fora da vila, foi incrível ver pela primeira vez, mas queria que aquilo fosse uma descoberta só sua. Então pegou vários arbustos e colou em cima do túnel, mas para saber onde estava colou um único cravo roxo por entre aquele arbusto verde claro. Saberia onde estava seu túnel particular e ao mesmo tempo ficaria escondido de olhos curiosos. O lado ruim dele é que um buraco pequeno e estreito, Jimin conseguiria passar por lá tranquilamente, com apenas um pouco de aperto, mas não saberia dizer que seu tio iria passar. Por dentro Jimin estava rezando por dentro para os nômades o ajudarem.

Sem perder tempo Jimin foi até o local onde os nômades estavam, um pequeno relevo perto das casas da vila onde poderiam montar suas barracas e descansar devidamente. O mesmo já sabia onde cada um ficava, já que passava mais tempo lá do que na própria vila, e por causa disso e sem demora foi para a barraca onde Greta estava junto de seu primo, que era o líder daquele grupo de viajantes. Sem qualquer tipo de cuidado Jimin vai abrindo a barraca, que chamou a atenção das pessoas lá dentro que entraram em posição de defesa. Assim que Greta viu seu amigo se acalmou e fez o mesmo com seu primo, que estava irritado por ter sido acordado de seu sono.

Gt – Jimin, o que você está fazendo aqui? Você tem noção de que está quase amanhecendo?! - fala irritada por ter sido acordada, Greta podia ser uma pessoa naturalmente positiva, mas quando acordada ela virava outra pessoa – Eu podia muito bem dar na sua cara agora mesmo!

Jm – Desculpa te acordar, mas é algo importante que não podia esperar até de manhã. - sua face preocupada suavizou o coração da garota que soltou um suspiro de derrota e mostra que estava escutando Jimin – Você me disse que estavam indo embora em dois dias, e eu pensei muito no que você disse sobre conhecer o mundo e aquele situação com minha avó só fez eu pensar ainda mais naquilo. Então eu junto do meu tio vamos ir embora. - fala sua decisão.

Gt – Isso é incrível Jimin. - Greta estava verdadeiramente feliz por seu amigo, já que ele era uma pessoa tão pura que não era bem valorizada por seus familiares e quando soube que ele havia apanhado pelas mãos de sua avó sentiu que ela mesma poderia dar na cara daquela velha, mas por amor a Jimin não fez nada a não ser pelos olhares tortos que dava para ela sem nem disfarçar - Mas eu ainda não intendi pra que eu fui acordada esse horário?

Jm – Para podermos fugir sem sermos pegos eu preciso da ajuda de vocês. - Jimin explica seu plano para ambos e com isso a parte importante em que precisaria deles e as suas carroças - por isso eu preciso da ajuda de vocês, eu sei que é pedir muito ainda mais por sermos desconhecidos, mas eu preciso disso. Eu quero ser livre uma vez na vida. - praticamente implora para Greta, mas a mesma não podia decidir isso, se essa decisão fosse dela já teria gritado um sim, mas o líder era seu primo e ele tomava a palavra final.

Greta olhou para seu primo como um gatinho sem sua comida, estava praticamente implorando pelo olhar para seu primo ajudar seu amigo. Como seu primo adorada tanto a si não bastou nenhum minuto para ele suspirar em derrota e aceitar a ajudar Jimin, mas que se ele não saísse da barraca em cinco segundo ele não ajudaria mais. Jimin gritou agradecimentos para os dois e antes que fosse enxotado da barraca abraça Greta e finalmente deixa ambos dormirem.

Jimin estava praticamente voando de felicidade, até a gora seu plano estava dando certo, agora faltava o dia de ir embora e assim teria sua sonhada liberdade. Mas ao mesmo tempo que estava feliz por poder ir embora ajunto de seu tio, uma das poucas pessoas que o intendiam, também para pensar em como ficaria seus pais, irmãos e avô ficariam com sua ausência. Jimin sabia que eles ficariam devastados, e são esses pensamentos que faziam repensar se deveria ou não ir embora, mas ao mesmo tempo vinha em sua mente todo o tratamento que recebia de sua avó e dos moradores da vila. Não queria mais sentir aqueles olhares de repulsa, pena e as vezes deboche, estava cansado de tudo aquilo e só queria fugir e esse era seu momento. Não importava que ele deixaria seus familiares para trás, mas não se deixaria ser rebaixado mais do que já era, e não seria suas boas memorias que o fariam mudar de ideia.

Agora ele deveria aproveitar seus últimos momentos com aqueles que realmente o amavam, antes de ir embora e nunca mais voltar. Era triste esse pensamento, mas seria sua realidade em menos de dois dias. 

Um encanto nem tão encantado Onde histórias criam vida. Descubra agora