38 - Luck and chance

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- Sabes, tiveste uma grande sorte - falou a enfermeira assim que eu me sentava novamente na cama do hospital depois de fazer os exames todos - Tu perdeste muito sangue, nós dizíamos que tu irias sobreviver mas nós não acreditávamos muito nisso, deves ter muitas gente lá em cima de olho em ti.

- É - disse sorrindo ao lembrar-me dos meus pais. Eles estão-me a proteger eu sei disso. Não acredito em Deus nem em nada disso, mas sei que depois da morte nós transformamos-nos em algo que eu não consigo explicar.

- Tens muitas pessoas que te amam ao teu lado, não faças mais asneiras querida - falou com a sua voz doce de mulher - Toma.

Peguei no papel que a senhora estendeu para eu agarrar. Olhei para ele e as primeiras imagens e letras gordas que apareciam fizeram-me logo perceber o que este folheto significava. Eram planos de desintoxicação, programas, casas, psicólogos e muitas outras coisas que pareciam ser importantes para quem quisesse deixar o mundo das drogas.

- Eu vi a tua ficha - sentou-se ao meu lado, olhei para ela sem expressão alguma porque sinceramente, não sabia como reagir a isto - Já vieste cá parar uma vez por overdose, a tua análise ao sangue também confirmou o uso de drogas. Algo me diz no teu olhar e nos teus amigos que isto, este teu mundo que criaste nas ilusões das drogas, é para acabar. É cortar o mal pela raiz, como costumam dizer.

- Nunca cheguei a pensar muito bem à cerca deste assunto - dei com os ombros. Abri a brochura revelando tantas informações que eu não me tinha apercebido quando pensasse em fazer a desintoxicação.

- Bem, este centro aqui - pegou no folheto que estava nas minhas mãos abrindo-o - É bom para os primeiros dias. Ficas hospedada lá até não teres nenhuma droga no teu organismo - comecei a ler as muitas linhas que lá estavam assustando-me de seguida.

- Eu vou mesmo passar por isto tudo? - olhei para ele que acenava com a cabeça. Vómitos, náuseas, insónia, dores musculares, perda de apetite entre outros que não vou mencionar.

- Por incrível que pareça essa é a parte mais fácil.

- Então estou com medo de saber qual é a mais difícil!

- É continuares limpa, não voltares ao que eras. Podes pensar que quando saíres de lá irás conseguir aguentar tudo, mas nem sempre isso acontece.

Fiquei em silêncio enquanto examinava o folheto pensando em tudo o que não tinha pensado nestes últimos dias. Desintoxicação. Estava disposta a fazer isso, pelo menos a tentar. Antes disso queria ainda resolver as coisas com o Christian, queria fazê-lo sofrer.

Mas agora tudo me assustava. Desde os meus sentimentos por Ashton, o Austin e a sua estúpida vingança, a desintoxicação, não ter família direta com quem possa contar, ter feito Luke apanhar um avião só para me ver, fazer todos os meus amigos sofres, ter...

- Sh, está tudo bem querida - só agora é que me apercebi que estava a chorar. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto a enfermeira me abraçava, um abraço que me fez ficar incrivelmente melhor, fez-me sentir bem, como um abraço de mãe.

- Obrigada - agradeci assim que parei de chorar, respirei fundo e limpei a minha cara molhada com as costas das mãos.

- Está na hora das visitas - disse assim que olhou para o relógio disposto no seu pulso - De certeza que alguém já está lá fora à tua espera - sorriu para mim.

- Se tiver, mande só entrar o Luke, o loirinho de olhos azuis sim?

- Ok querida - beijou a minha testa antes de se levantar e ajeitar a sua bata - Se forte.

Be My Escape || Ashton IrwinDonde viven las historias. Descúbrelo ahora