Quero você

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Um gemido ecoou no quarto silencioso. Baixo, mas de natureza facilmente reconhecível a quem porventura o escutasse. Murmúrios ininteligíveis e inspirações erráticas o sucederam, mas logo caíram em quietude, expectativos, permitindo o domínio de outro som, este ainda mais baixo e... molhado.

Por fim, choramingos.

— Por favor — uma súplica. — Colabore comigo, vai...

Os sons vinham da cama situada no centro do quarto embebido pela madrugada. Brisas penetravam o recinto mediante uma fresta nas janelas; as persianas moviam-se em uma dança misteriosa. Permitir a entrada do hálito fresco da noite, embora uma ação deliberada, não cumpriu sua função como deveria, mas ele sabia ser sua própria culpa. Não tinha, porém, cabeça para parar e tirar os lençóis de cima, não enquanto se movia em um ritmo incansavelmente tortuoso.

Outro gemido. Um pouco mais alto que os outros. O tom, porém, foi de dor.

Sob os lençóis, chamas vivas imperavam. O molde compacto performava um cubículo análogo a um forno à lenha. Suor infinito se desprendia dos poros eletrizados, umedecendo os tecidos de algodão. Sons de "nhec" provinham das juntas da madeira forçada pelos movimentos incessantes do corpo sobre o colchão. O cheiro lá dentro era uma mistura de almíscar e frutas vermelhas do lubrificante.

Seu corpo tremia. Seus joelhos, fracos, sustentavam-se na estrutura fofa. Costas arqueadas. Queixo fincado no travesseiro embebido de suor, lágrimas e saliva. Dentes cerrados e quadris empinados. A mão direita, lá atrás, executava os movimentos do dildo na cavidade arisca: movia um pouco para a direita, empurrava devagar até a metade, circulava e então puxava. Repetia o processo: penetrar, circular, puxar. Penetrar, circular, puxar. O som parecia cada vez mais grudento, mais... áspero.

— Vamos lá... — pediu Izuku mais uma vez. Arqueou os quadris e afundou o objeto até o limite. Um choque de ardor percorreu cada centímetro de seu corpo. Teimoso, tentou de novo.

Em vão.

Com um suspiro, cessou os movimentos. Saiu da posição de quatro e despiu-se dos lençóis. A frieza do quarto em contato com seu corpo escaldante o fez estremecer com certo deleite. Tirando uma mecha úmida da testa, Izuku, ainda ofegante, alcançou uma embalagem e um potezinho largado sobre a cabeceira, já destampado, e ergueu o dildo. Abriu a terceira camisinha da noite e substituiu a usada. Despejou uma quantidade exagerada de lubrificante em toda a extensão do dildo e, dessa vez, deitou-se de costas. Puxou os lençóis e voltou a se enfiar neles.

Localizar o celular nas roupas de camas desfeitas e naquele breu foi difícil, mas Izuku o fisgou após senti-lo na base de seu quadril direito. Manteve os lençóis erguidos com os antebraços, o dildo entortado na mão esquerda. Desbloqueou a tela e, após poucos toques, chegou aonde desejava. Apertou o play e pousou o telefone ao lado do travesseiro, ao pé do ouvido.

— ... aí você tira a casca e já bota a água pra esquentar pra não perder tempo... mas não em fogo baixo, vai no bem alto, nerd, cê sabe, aquela boca do meio que eu te mostrei... ok, então você vai cortar a porra da batata em quatro, mas pode ser oito, também — só cuidado com as facas pra não perder a porra do dedo! —, tá, aí você vê se a água tá fervendo e...

Izuku pousou a cabeça no travesseiro, respirou fundo e deixou aquela voz envolver cada um de seus sentidos. De joelhos dobrados, abriu as pernas, exibindo-se. A mão que segurava o dildo, meio tensa, voltou a se aproximar de sua entrada, e Izuku estremeceu com o contato frio do silicone encapado e lubrificado na região que destilava calor e aflição. Acariciou primeiro o períneo, espalhando umidade. Raspou sobre o orifício palpitante e brincou um pouco com os testículos numa tentativa de relaxar. Funcionou. Arrepios de prazer subiram-lhe à coluna. Gemeu baixinho. Desceu mais...

Sobre primeiras vezes | BakudekuWhere stories live. Discover now