Capítulo IV: Interlúdio

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Com o fim do ensaio, o maestro pede para que Taehyung venha a sua sala. Ele nota alguns olhares sobre si e caminha até o pequeno escritório. “Taehyung-ssi, como está? Sente-se.” O homem mais velho pediu. É mais amigável quando não segura sua batuta, do qual consegue tirar o melhor dos músicos que guia. Sua dedicação e seriedade despertam um respeito imenso em Taehyung, deixando-o nervoso ao se dirigir a ele. Porém, há algo de diferente no senhor, ele está alegre, deixando o violinista ansioso. “Você tem evoluído muito desde que se juntou a nós, eu tenho muito prazer em conduzir todos vocês, enquanto nos apresentamos. Você, particularmente, tem se destacado muito, por isso gostaria de pedir algo. Está interessado em tocar na primeira fileira?” O jovem músico abre um sorriso enorme ainda desacreditado com a notícia. “Sim! Sim!” Taehyung diz alegre ao elevar um pouco o tom de voz. Os dois músicos se levantam e dão as mãos. O maestro diz a Taehyung que está orgulhoso de sua decisão e feliz por ele ter aceitado.

Os dias passam até chegar o grande momento do concerto. Taehyung anda de um lado para o outro dentro da sala de seu apartamento. Já pode sentir um círculo se formando abaixo de seus pés. Até esperar por Seokjin é uma tortura, está a olhar o relógio de segundos em segundos, ainda não havia chegado o horário que combinaram. A ansiedade parece manipular Taehyung como uma marionete. Demorou para perceber que alguém batia a porta. Sente alívio ao ver Seokjin, com duas sacolas, uma delas com bebidas e outra com embalagens de comida. “Trouxe sua comida favorita, para se acalmar!” Taehyung sorri e abraça o amigo. Ele pegou as sacolas e as coloca na mesa de centro. “Parece que você não dormiu essa noite, está parecendo um zumbi!” Taehyung riu, era verdade, foi uma luta adormecer e decidiu praticar até o sono cair. “Estou entre comprar passagens para Daegu e voltar para a casa dos meus pais ou me esconder debaixo da ponte do rio Han.” Seokjin dá uma risada, porém fica sério. Taehyung havia pegado os copos, o mais velho os colocou a mesa. “Você tem praticado religiosamente por meses. Você merece estar na primeira fileira!” Taehyung tenta falar, porém não consegue. “É o seu lugar. Emocionar a todos com sua música!” Abraça o amigo que sempre possuía as palavras das quais precisa escutar.

Após a apresentação Taehyung, chegou exausto em casa, sem tempo de processar o que havia acabado de fazer. Sentia uma leveza no palco, lembrou-se que notou alguns rostos familiares. Viu o de Seokjin, a irmã dele e o filho, também de seu vizinho Namjoon. Vê-lo o motivou a tocar a sinfonia mais bela que poderia existir. Durante a confraternização pós-concerto, parecia que estava sonhando com todos querendo conversar. Sem Seokjin guiando a conversa, estaria perdido e provavelmente não conseguiria soltar mais que duas palavras. Ao chegar em casa, encontra Namjoon na janela com um caderno escrito que sua apresentação havia sido incrível. Os dois trocam mensagens escritas, como dois amantes secretos do passado. O pensamento fez o coração de Taehyung acelerar, por sorte seu vizinho não poderia notar, com a distância sendo sua cúmplice em esconder a admiração que estava se tornando algo a mais pelo professor.

Quando mostrou a Namjoon seu refúgio secreto, percebeu que se escondia muito. Havia tantas oportunidades perdidas, então deve focar em não as perder no futuro e aproveitar as próximas que virão ao seu encontro. Deve experimentar e colecionar memórias surpreendentes que irá lembrar sempre. Taehyung preparou-se para dormir e olhou para seu relógio, é meia-noite, seu coração está a mil. Com tanto ocupando espaço em sua mente, decide esvaziar seus pensamentos e aproveitar o silêncio.

Taehyung está guardando seu violino, depois do ensaio da próxima apresentação da orquestra. Vê seus colegas agrupados, conversando, ir até lá. Ao notarem sua presença, eles sorriem e o cumprimentam, animados. “Vocês estão ocupados essa noite?” Tomou coragem para perguntar, seu o coração bate acelerado. “Não estamos. Todos aqui estão desocupados.” Minho responde. Taehyung sorri e reune mais coragem para perguntar. “Vocês gostariam de sair para beber hoje?” Ele olha nos olhos de cada um no grupo e todos disseram sim. Assim, o grupo vai para um bar conhecido, Taehyung é convencido a beber até esquecer seu próprio nome, seus colegas, então, o deixam na porta de seu apartamento. E quando chega na cama, sente-se nas nuvens ao conquistar o passo mais importante de sua carreira. O medo ainda toma conta, terá todos os olhos voltados para si, mas isso é bom. Sabe em que lugar sua mente deve estar.

O sobrinho de Seokjin está a tocar o Lago dos Cisnes de Tchaikovsky. Ele é dedicado e sua dedicação se tornou uma habilidade natural. Espera que o menino siga com a carreira de músico, pois teria um futuro brilhante. Seokjin bateu à porta, chegou mais cedo que o horário de costume. “Olá, Beethoven e Mozart.” Professor e aluno sorriem com a piada, Hyunjin corre para abraçar o tio que o pega no colo. “Ele tem um grande futuro na música.” Taehyung comenta, Seokjin sorri para o garoto e concorda, deixa-o no sofá e vai para o lado de Taehyung. “Como está o ensaio para a próxima apresentação?” Seokjin inicia a conversa. “Bem! O maestro não quis perder o foco e nos convenceu a fazer mais uma seguida. Ele acha que seguindo o embalo da outra vamos nos apresentar melhor.” Taehyung responde e Seokjin o observa com um sorriso travesso, e tenta prever que pergunta ou o que irá falar. “E você e Namjoon?” Pergunta diretamente sem rodeios, deixando o violinista desprevenido e tímido. “Ele foi... algo inesperado na minha vida.” Taehyung diz, olhando para o nada com um sorriso. “Você também foi, mas ele é algo a mais.” Seokjin o perturba, Taehyung não responde, apenas sorri, enquanto Seokjin fala que está ficando vermelho. Percebeu que seu vizinho parece ser um poeta adormecido. Usou tantas palavras bonitas para descrever o que havia sentido depois de ver a apresentação, era como uma carta de agradecimento. Taehyung respondeu com as melhores palavras que poderia encontrar, de tanta emoção que possuía.

No dia seguinte, Taehyung decide ligar para o irmão, a última vez que haviam se falado foi no ano passado, no aniversário dele. Tem uma relação normal, porém, com tanto tempo sem se falar, teme parecer um estranho para aquele que conheceu por toda sua vida. Quando disca o número, sente um frio de nervosismo passando pelo corpo. Seu irmão atende. “Oi, irmãozinho.” Ouve do outro lado e riu. “Oi.” Um pequeno silêncio preenche a conversa até Taehyung falar.

“Como você está?” Pergunta afável. Ouvir sua voz depois de tanto tempo era uma sensação ambígua de estranheza e familiaridade. Ao mesmo tempo, sente a obrigação de ligar mais vezes para ele; sente que nada mudou entre os dois, que sempre seriam os mesmos, atados aos laços fraternos. Ele, o pequeno irmão, e seu irmão, mais velho.

“Bem, tudo que vi foram pilhas de papéis. Sinto que irei enlouquecer se tiver que ler mais uma. E você? Como está na orquestra?” Taehyung tem tanto a falar, queria dar um resumo de sua vida nos últimos anos. “Estou bem. Toquei na fileira da frente pela primeira vez.” Responde orgulhoso de si e com confiança. “Que incrível, Taehyung! Você sempre teve talento.” O irmão diz, entusiasmado. Está sorrindo do outro lado do telefone. De todas as suas relações, a com seu irmão é a mais simples e direta, podem falar sobre tudo sem rodeios. “Obrigado.” Taehyung finaliza, com sua voz falhando. “Temos que nos reunir. Eu, você e nossos pais. Sinto falta de vocês.” Ele diz alegre, no seu tom brincalhão que sempre lhe arrancava risadas. “No Natal, quero presente separado!” Taehyung respondeu rindo e ouvindo a risada do outro lado. “Assim você me quebra! Vou tentar resolver as coisas o mais rápido possível antes do final do ano.” O tom é de promessa, já está imaginado a família reunida em sua casa. “Estarei esperando, e até lá serei o músico mais famoso de Seul!” Seu irmão cai na gargalhada do outro lado da linha. Os dois se despedem.


Antes de se deitar para dormir, recebe uma mensagem de Namjoon.

Namjoon

Oi, boa noite, o que está fazendo?


Taehyung

Estava conversando com o meu irmão agora há pouco, e você?


Namjoon

Cansado de dar aula para mais de 60 crianças em um dia


Taehyung

Kkkk, nem imagino, só tenho um aluno e fico muito cansado de preparar as aulas, não daria conta de 60, mas você tem um jeito natural com elas


Namjoon

Obrigado☹ meu maior medo é sentir que posso estar falhando com elas.
Bom, está tarde, não quero te prender por muito tempo, boa noite Taehyung


Taehyung

Boa noite, Joonie


Seus pais também não recebiam notícias suas fazia meses. Ao acordar, sua primeira tarefa do dia foi ligar para sua mãe que o atendeu feliz. Seu pai também se juntou a conversa. Os três conversaram por horas até se despedirem e voltarem a seus afazeres do dia. Taehyung convidou Seokjin para sua casa, e ele apareceu em questão de minutos. “O que era a grande novidade que você falou na mensagem?” Seokjin pergunta, atento.

“Falei com a minha família, meu irmão e meus pais.” Taehyung enumera cada um, como pequenas medalhas a serem conquistadas. Seokjin dá tapinhas em suas costas, feliz de ver o amigo se abrindo para os que são próximos a ele.  “O que vocês conversaram?” Indaga, com Taehyung repousando a cabeça em seus ombros. “Coisas triviais. Com meu irmão sobre ver ele; com nossos pais, nós quatro nos reunirmos.” Taehyung falou, observando o mais velho olhando para o lado. “Isso é ótimo.” Ele responde, fazendo cafuné na cabeça do amigo.

“Falei com Namjoon depois.” Disse rápido, esperando que Seokjin não tivesse ouvido. “Você fica vermelho só de falar o nome dele, percebi agora.” Seokjin o provoca. Taehyung deu um pulo de surpresa e dá um soquinho de leve no amigo pela piada, enquanto ri. “E o seu namorado que nunca vimos o rosto?” Taehyung rebate e o outro começa a rir alto. “Não é a mesma coisa! Ainda estamos nos descobrindo, como você e o Namjoon. Um dia... vou apresentar ele a todos.” Seokjin, então, muda o rumo da conversa para encerrar o assunto.

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⏰ Last updated: Aug 14, 2023 ⏰

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