XXII - Sonho verde

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Foi como se eu tivesse levado um murro no rosto, mas então acordei, desnorteado e ainda dissociando.
Passei a mão no meu cabelo e rosto, que estavam molhados, olhei o relógio do meu punho e me sentei na cama, fiquei minutos parado ali tentando raciocinar tudo. Naquele silêncio, já que não havia mais ninguém em casa além de mim.

Depois levantei-me depressa, calcei meus sapatos e saí em disparado, mesmo sujo de suor e um pouco tonto.
Já sabia onde iria, na verdade era o único lugar onde eu buscava a resposta.
Quando cheguei onde eu queria, ou melhor, a casa, bati de modo bruto várias vezes na porta, ninguém atendia, e eu comecei a gritar chamando por Rick.

- Me atende Rick! Rick!!! Por favor!! - Esmurrava sem parar enquanto o chamava.

De tanto insistir fui em uma das janelas e observei o interior da casa, porém não consegui ver muita coisa, já que o vidro estava embaçado de tanta poeira.
Mas então tive uma idéia, peguei uma pedra grande, me afastei um pouco e atirei contra o vidro, foi o suficiente para que eu pudesse entrar.
Abri a janela e pulei para dentro, permaneci parado em cima dos cacos que faziam barulho com o toque dos meus pés,
Mas tinha algo estranho, no meio daquele quarto escuro, não havia nada além de coisas velhas, tudo muito sujo e quebrado.

Então andei para fora do cômodo, fiquei apenas em silêncio, e percorri todos os cantos do andar inferior, e subi a escada devagar e voltei a chamar.

- Rick? Alguém? Rick!

Porém ninguém respondia, e comecei a me aborrecer, ao perceber que ele havia abandonado aquela casa, e partido. Seria culpa minha? Eu não deveria ter agido daquela forma, mas nada fazia sentido, o que passava a fazer naquele momento.
Voltei andando lentamente, desci as escadas, bem pensativo porém calmo, não durou muito tempo.

Quando abri a porta para sair da casa, desabei de joelhos no chão, tapei meu rosto e comecei a chorar em silêncio
Estava exausto muito decepcionado.
Enquanto de olhos fechados, foi como se eu sentisse o solo em meus pés por frações de segundos, o cheiro, mesmo estando de joelhos no piso de uma ruína, ainda de olhos fechados estendi minha cabeça para cima, e pude sentir. O cheiro do campo novamente, o barulho da água batendo na pedra, o assovio do vento, não eram visões,

Eram lembranças. Tão imperceptíveis como as outras, mas o que me fez distinguir uma coisa.

Abri os olhos rapidamente e me levantei dando um sorriso. Logo tive uma idéia.

- Já sei onde te encontrar. - Pensei comigo mesmo.

Eu me lembrei, bem no fundo das memórias junto ao meu pai, um lugar afastado da zona urbana. De uma pequena casinha de madeira no centro de dois morros, o mesmo o qual havia sonhado.
Mas não fazia idéia de onde localizava o lugar, mal sabia se ficava na minha cidade, mas outra pessoa poderia me responder.

-Vik, por acaso você conhece algum lugar onde tem um campo, um chalé entre dois morros, e uma cachoeira próxima? - Perguntei para Viktor no telefone.

- Chalé? Lowis você fumou maconha de novo?

- Não Viktor, mas me responde por favor.

-Olha eu conheço muitos, mas com dois morros e uma cachoeira acho que não. Por que tá perguntando isso?


- Obrigado. - Desliguei o telefone, Viktor do outro lado da ligação ficou um pouco confuso.

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