Capítulo 9 - Fantasmas - Parte I

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Eu guardo em minhas memórias todos os meus monstros do passado.

Erma G.


Tudo era caos, medo e destruição.

— Kara!

— Mamãe! Mamãe! O que está acontecendo? — a garotinha indagou de maneira assustada. Sua voz estava trêmula e seus olhos já estavam marejados.

— Filha, vai ficar tudo bem! Agora você precisa entrar na nave. — Alura pediu gentilmente, com o intuito de acalmar a filha.

— E quanto a você e papai?

A pequena Kara Zor-El observava de maneira atônita o semblante de seus pais, Zor-El e Alura. Era notório o horror daquele momento. Ao fundo, o som das explosões já podia ser notado. Era a melodia da morte. A hora havia chegado. Krypton não tinha mais tempo, já não havia salvação.

— Não temos como ir, mas você precisa partir! Você irá para a Terra, e lá sua força e habilidades serão incomparáveis. Serás invencível.

— Não! — choramingou, abraçada ao corpo da mãe. — Não quero deixar vocês! Por favor, mamãe, eu estou com medo.

— Minha rokyn! Não tenha medo, Rao cuidará de você e, ainda que seu pai e eu não estejamos fisicamente contigo, dentro do seu coração sempre seremos eternos.

— Kara! — o timbre de voz amoroso de Zor-El ecoou pela sala de comando. — Você precisa ser forte. Você é a última filha de Krypton. O nosso legado! Nosso tesouro! Na Terra, você não estará sozinha. Seu primo Kal-El irá com você. Precisa ser forte, minha rokyn, seu primo precisará da sua proteção e cuidados. Deverão cuidar um do outro. Vocês prosperarão, e a linhagem da Casa de El ficará viva em vocês e em seus descendentes naquele planeta distante.

— Mas por que tenho que deixar vocês? — O choro da garotinha era desesperador. Não havia coração duro que não se rendesse à fragilidade daquele momento.

Vendo o terror nos da filha, Alura a abraçou ternamente. Aquela seria a última vez que a sentiria em seus braços, que tocaria em seus lindos cabelos dourados e apreciaria a textura macia e delicada de sua pele.

— Kara, eu te amo! Daríamos tudo para estar contigo filha, mas infelizmente não podemos. — O pranto de Alura era notável e cortante. As palavras saíam emboladas pelas lágrimas. A saudade já era palpável. — Seu pai está certo, agora você tem uma missão e a Terra será seu novo lar. Graças à estrela amarela daquele planeta, você e seu primo terão grandes poderes. Use-os com sabedoria, meu amor...

... Seja forte e corajosa, mas lembre-se: está tudo bem em ter medo de vez em quando. Temos plena certeza de que, no momento certo, você encontrará alguém com quem irá partilhar a vida e dedicará cada sorriso, cada olhar. Alguém a quem você se doará de corpo, alma e espírito, e com esse alguém você formará a sua própria família.

— Alura! Zor-El! Não há mais tempo! Precisamos colocá-la na nave!

De repente, o momento de despedida foi interrompido por uma figura imponente trajando uma túnica azul-marinho que chegava perto dos pés. Seu rosto era imperceptível. Havia uma máscara de formato oval cobrindo-lhe a face, semelhante a um redemoinho. A abertura dos olhos tinha o formato semelhante ao de uma vírgula, e eram: uma para cada olho e a terceira na testa. Sua voz era gentil, firme, mas em seus olhos havia um brilho indescritível.

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