Capítulo 1

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"Por queeeeeee?"

"Por que isso tinha que acontecer?!"

"Eu não acredito nisso!!!"

Ok, suspirei, pressionando a mão contra o peito enquanto via os créditos da série que eu considerava favorita. Ou talvez considere, não fosse esse final ridículo. Deprimente, raivoso e muitos outros nomes que possam descrever esse final horrendo!

Já era a segunda vez que surtava por causa desse final, embora eu soubesse de antemão que os meus olhos sangrariam ao ver isso, decidi ainda assim ver. Essa série era uma adaptação do meu livro favorito, então pensei que o autor pudesse se dar ao trabalho de mudar o final, mas não... Não! Não aconteceu!

Ele tinha que fazer aquele final!

"Mas tudo bem, ok. Vou só fingir que não teve final e pronto. Sim, essa é a melhor solução."

'"Mas o problema é que não tem como fingir algo que não sai da minha mente!"

Por que... Por que o herói tinha que casar com a vilã? Tudo bem que ele queria quebrar o clichê de sempre, mas e o desenvolvimento? Ele pegou todo o desenvolvimento com a heroína principal e jogou fora, era isso?

Ah, suspirei.

- Jarves!!! Esqueceu que tem escola hoje?!! - A voz da minha mãe ressoou pelos meus ouvidos.

"Ah, para, mãe. Eu não quero ir para escola, estou de greve."

- Não estou passando bem hoje!!

- Essa desculpa novamente?!

- Não é, mãe!

Uma pequena luz invadiu o meu quarto escuro, provinda da sala de estar. Direcionei os meus olhos a uma mulher de cabelos negros que estava rente a porta. Trajava um vestido castanho e um avental branco com bordas florais por cima. Uma de suas mãos estava fixada em seu quadril, enquanto me encarava com uma expressão de reprovação.

- Arrume as suas coisas e vá para a escola logo!

- Mas mãe, eu estou doente.

Ela se aproximou de mim, suas pantufas azuis ressoando por aquele tapete castanho. Agachou-se próxima a mim e colocou sua mão direita sobre a minha testa, logo franzindo as suas sobrancelhas.

- Você está brincando comigo por acaso?

- O problema é aqui. - Pressionei a mão contra o peito e ela levantou-se, colocando suas duas mãos contra a cintura.

- Eu não avisei que essas garotas de hoje em dia não prestavam? Agora toma, é bom mesmo para ficar esperto!

"Ah, ela não entende."

- Vamos... - Ela começou a chutar as minhas costas - levante-se! -, enquanto eu me levantava. - Vamos! Fora! - Quando levantei, ela me empurrou com as suas duas mãos para fora do meu quarto. Dirigiu-se ao meu cesto de roupas, pegou o meu uniforme e a minha pasta, e atirou tudo contra mim. Ainda bem que tinha bons reflexos, segurei tudo.

- Vá se arrumar no banheiro!

- Mas mãe... - murmurei, começando a andar enquanto ela fechava a porta do meu quarto - eu só queria um final diferente.

- Final diferente? Acho melhor você estudar para não reprovar. Isso sim vai ser um final diferente!

Não precisava esfregar na minha cara que essa era a terceira vez que não conseguia mudar esse final infeliz da minha vida, em que acabava sempre por reprovar no mesmo ano.

"Frustrante, não é?"

É isso que eu ganhava quando ficava viciado em livros ou séries e esquecia de estudar para as provas. Mas pelo menos... não doeria tanto se os autores me dessem um final satisfatório, pelo menos umzinho.

Renasci só para mudar o final da História Where stories live. Discover now