Capítulo 27 | Sofrimento

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[ 15:40 ]

Aquilo não podia estar acontecendo.
Não comigo.
Não mais uma vez nessa minha desgraça de vida.

O meu pai não pode estar morrendo. Ele não pode me abandonar aqui. Ele não pode. Não hoje. Não agora!

Ignorando os pedidos da Ochako, a retirei do meu caminho e deixei aquele meu quarto às pressas.

Tropeçando em meus próprios pés e nas barras do meu vestido empoeirado, atravessei todo aquele corredor, chegando aos aposentos do meu pai rapidamente. Logo à frente de suas portas, três dos quatro médicos que vi percorrerem esse corredor ali estavam, conversando entre si, visivelmente abalados.

Não me importei com as suas tentativas falhas de me barrarem na entrada, simplesmente lutei contra os seus braços que me mantinham temporariamente presa e dei um passo a frente, adentrando no quarto de meu pai.

Assim que escancarei as suas portas, encontrei-o sobre a sua cama, sendo, a partir do seu abdômen, encoberto por lençóis brancos e perfumados, como ele prefere. Sua fisionomia facial não era das melhores, de fato. Além dos olhos fechados e da seriedade, estava com um tom de pele visualmente amarelado. Tal como um senhor do nosso tom de pele, que está acamado e não se vê em condições de sair de sua casa, pegar um Sol e inspirar um ar fresco de uma manhã iluminada.

Suyen: pai...? ― me aproximo da sua cama, sentando-me ao seu lado. ― pa-pai...? ― minha garganta se fecha para as palavras e, como se fosse o instinto, lágrimas passam a escorrer pelas minhas bochechas. ― pai? Não...não. Não. Não. ― alcanço a sua mão sobre os lençóis brancos e a levo até o meu rosto, sentindo a sua baixa temperatura entrar em contato com a minha, muito mais alta, por sinal. ― acorda...acorda, por favor. ― me volto ao médico de meia-idade que se encontrava naquele cômodo, juntamente de um soldado-chefe da escolta de meu pai. ― faça alguma coisa! Ajude...ajude o seu Rei! ― peço, desesperada. ― você é um médico! Deveria salvar as pessoas! Deveria...deveria prestar o devido serviço ao seu...por favor!

Médico: e-eu realmente sou médico, alteza. Mas...sendo sincero, eu já fiz tudo o que tinha ao meu alcance para ajudar o seu pai. ― declara, mantendo-se cabisbaixo. ― eu sinto muito, princesa. Muito mesmo. ― realiza uma breve reverência, mostrando que já estava de saída. ― ele ainda se encontra consciente. Talvez...queira aproveitar enquanto pode para...se despedir. ― aconselha, sendo um tanto frio com as palavras. ― com licença, majestade.

Não.
Não pode ser verdade.
Não, não, não!
Tudo menos isso, por favor!
Meu pai, não! Por favor, não!

Suyen: nã-não. Não me deixe aqui...papai. ― selo com os meus lábios o dorso de sua mão fria, buscando um acalento maior. ― já perdi a mamãe...nã-não posso perder o senhor. Não...não agora. ― me sento ao chão, ao lado de sua cama, sem qualquer força para me manter ali. ― e-eu...eu preciso do senhor, meu pai. Pre-preciso muito. Não vá. Por favor, pai. Não vá!

De repente, enquanto declarava e repetia minhas lamentações por essa ocasião desgraçada e muito repentina, senti um leve movimento em minha mão. Era o meu pai. Fazendo um esforço mínimo para segurar minha mão, embora eu soubesse que aquele atualmente era o seu máximo.

Pai: Su...Suy...Suyen. ― sua voz fraca se enaltece perante o meu choro, levando-me a observá-lo atentamente, em busca de mais alguns minutos tendo-o aqui, comigo. ― Suy...Suyen...fi...filha. ― chama-me, ofegante.

Suyen: eu estou aqui, pai. Estou aqui. ― enxugo algumas lágrimas, tentando permanecer forte. ― por favor, pai. Fica comigo. Fica. E-eu...eu preciso muito...muito do senhor, pai.

A Princesa e o GuerreiroWhere stories live. Discover now