12| Mal-estar

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Após duas semanas desde a partida de Christopher, a mulher morria de saudade, aguardando ansiosa pelo retorno dele. Passar um tempo perto da Anahí contribuiu para ocupar a sua mente, as duas viviam juntas perambulando pelas ruas, ajudava na loja e até estava tentando se relacionar com o pai. Para ser sincera consigo mesma, parecia que tinha realmente esquecido do que aconteceu. Nem os pesadelos a importunavam mais.

― Precisamos providenciar uma bebida para você ― Annie declarou minutos depois de entrarem na taverna.

A amiga insistiu para que elas se divertissem um pouco nessa noite.

― Só uma água, ultimamente não ando muito disposta.

― O que você tem? ― A jovem loira preocupou-se.

Elas se acomodaram no balcão e enquanto chamava o rapaz das bebidas, Dulce respondeu.

― Não sei, esses dias comecei a ficar nauseada. ― Assim que sua caneca foi entregue, a moça ingeriu o líquido.

― Será que você não está grávida? ― Os olhos azuis da amiga arregalaram pela probabilidade.

― Não, claro que não. ― Ela balançou a cabeça. ― Minhas regras não estão atrasadas.

Um momento de silêncio ocorreu entre elas, a mulher pensou melhor na pergunta.

― Annie, você acha possível? ― Sua voz saiu quase desesperada. Um bebê!?

― Amiga... ― ela disse sugestivamente.

― Céus! ― Dulce tomou mais um gole da sua água. ― Não, não pode ser. ― Suspirou. ― Eu mal superei meus problemas, como vou cuidar de um bebê?

― Eu entendo você. ― Anahí segurou a mão dela, confortando-a. ― Sabe que o Poncho quer muito um filho ― confidenciou. ― Mas eu não creio que seja o momento agora.

Dulce refletiu sobre as palavras dela, Christopher com certeza gostaria de um também, ele havia falado no jantar em que a pediu em casamento. Construir uma família era seu sonho já que tinha perdido a sua.

― E você faz como para impedir? ― A mulher questionou interessada. ― Algumas garotas do Burlesque usavam ervas.

― Bem, esse método não é muito confiável. Eu prefiro evitar a relação no meu período fértil.

A amiga concordou em um aceno, controlar o ciclo menstrual era mais eficaz. Ainda remoendo sobre as náuseas que sentia, a moça afirmou.

― Provavelmente é algum resfriado chegando.

― De qualquer forma, logo vamos descobrir se foi apenas um alarme falso ― Annie comentou entusiasmada.

― Cadê o seu marido? ― Dulce mudou de assunto, não desejava mais discutir a respeito disso.

― Deve aparecer a qualquer minuto, um banho não pode demorar tanto, não é mesmo? ― A jovem loira espiou a entrada do estabelecimento, buscando pelo homem.

Guillermo havia enviado um bilhete para a loja dela, horas mais cedo, avisando que regressou de sua viagem.

― Amiga! Você não vai acreditar. ― Seu tom de voz animado não deixou de ser percebido pela mulher. ― O seu marido bonitão acaba de passar na porta. ― Cutucou a outra.

― O quê? ― Sobressaltada, a moça virou a cabeça na direção da entrada.

Dulce quase engasgou a bebida que tinha tomado segundos atrás, Christopher possuía os cabelos molhados, vestia um terno preto de corte impecável, acompanhado por uma camisa branca de colarinho alto. Seu casaco estava ligeiramente aberto, revelando um colete cinza-escuro. A gravata preta amarrada em um nó perfeito, e seus sapatos polidos brilhavam sob a luz. O olhar sério, penetrante percorreu o ambiente até localizar a amada. Em uma de suas mãos ele trazia uma rosa vermelha, adicionando um toque romântico à sua imagem elegante.

― Vai atrás do seu homem, garota! ― Anahí sussurrou.

Desconcertada, a mulher levantou do banco e caminhou com uma expressão de surpresa no rosto. O rapaz cruzou a distância que os separava, segurando no rosto dela com a flor entre seus dedos.

― Como o senhor sabia onde me procurar? ― A curiosidade a atiçou.

― Eu a encontraria em qualquer lugar ― ele pronunciou esboçando um sorriso.

― Interessante... ― A moça inclinou a cabeça, erguendo o queixo. ― Mesmo investigando outros casos, continua averiguando sobre mim?

― Sempre estarei! ― Acariciou sua bochecha.

Dulce o fitou encantada, instantes depois o homem lhe entregou a rosa vermelha.

― Não houve um dia sequer que não pensei em você ― Christopher disse sem desviar seus olhos dos dela.

Um pouco constrangida, a moça limpou a garganta ao mesmo tempo que cheirava a flor.

― Tanta elegância tem um motivo especial? ― Tentou disfarçar o embaraço.

― Sim, um muito especial. Possuo uma promessa para cumprir. ― O rapaz enlaçou a cintura da esposa.

― O senhor encerrou o caso? ― a mulher perguntou surpreendida.

Ele concordou e logo depois sentiu os braços dela envolver seu pescoço.

― Não acredito ― sussurrou em um misto de alegria e tristeza.

Então os dois se abraçaram, matando a saudade que os acompanhou durante esses dias. Dulce fechou os olhos, entregando-se à sensação reconfortante de estar junto ao marido. De repente, o aroma de sua colônia amadeirada invadiu as narinas da moça, aquele perfume familiar que tanto amava. Entretanto, não conseguiu evitar uma careta, em seguida uma ligeira onda de náusea a atingiu, fazendo com que ela se afastasse em busca de ar fresco.

― Desculpe interromper os pombinhos, vocês terão bastante tempo mais tarde. ― Anahí apareceu. ― Mas acaba de vagar uma mesa, vamos jantar?

Só de ouvir a palavra "jantar", seu estômago quase revirou.

― O que houve, amiga? Está tudo bem? ― Em resposta, a jovem loira recebeu um olhar recriminador da moça.

― Não é nada. ― Forçou um sorriso. ― Apenas uma indisposição.

O investigador observou a cena intrigado. Será que aconteceu alguma coisa enquanto esteve fora?

― Deve ser um resfriado. ― A mulher tentou evitar que seu marido sondasse por algo. ― Por que não vamos nos sentar? Queria muito que vocês se conhecessem. ― Fitou os dois, empolgada.

― Ótima ideia! O Poncho já nos espera na mesa ― Annie comentou entendendo o recado.

Eles caminharam em direção ao local em silêncio, aos poucos Dulce voltava a se sentir melhor.

― Querido, você se recorda da filha do fazendeiro Saviñón? ― A jovem loira encarou o marido.

― Claro, lembro. A desonrada? ― O homem levantou os olhos de sua caneca de cerveja, avistando todos em pé ao lado da mesa.

― Vamos embora! ― Christopher pegou na mão da esposa, enfezado.

Ainda digerindo a atitude do rapaz, a moça permaneceu imóvel, perplexa. Um mal-estar a invadiu, não no sentido físico, mas sim no emocional. Ela sabia que cedo ou tarde precisaria enfrentar os comentários da cidade, apenas não imaginava que seria logo com o marido da melhor amiga!

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Eita que tivemos uma torta de climão aqui... Ucker não gostou nadinha! 

Agora, será que é só um resfriado mesmo? Ou a semana na fazenda rendeu frutos? kkk   

Não sei vocês, mas fui com Deus quando esse homem apareceu e ainda por cima veio com uma rosa vermelha. Mas, em breve alguém vai ativar o modo emputecido aqui. 

Achei que não ia conseguir postar essa semana!!! Tô bem avoada aqui, mas enfim, continuamos de dedos cruzados para a próxima semana. Beeijos, amores ;*

A Dama de Vermelho - Parte 2Donde viven las historias. Descúbrelo ahora