• A Detenção

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–Vamos –disse Harry cansado –, é melhor irmos logo para a escola...
Não se pareceu nada com a chegada triunfal que eles tinham imaginado. Os músculos duros, enregelados e contundidos, os dois apanharam as alças dos malões e começaram a arrastá-los pela encosta gramada acima, em direção à imponente porta de entrada de carvalho. –Acho que a festa já começou –comentou Rony, largando a mala ao pé dos degraus da entrada e indo espiar silenciosamente por uma janela iluminada. –Ei, Harry, vem ver, é a Seleção!
Harry correu à janela e juntos, ele e Rony contemplaram o Salão Principal. Uma quantidade de velas pairava no ar sobre as quatro mesas compridas e lotadas, fazendo os pratos e taças de ouro faiscarem. No alto, o teto encantado, que sempre refletia o céu lá fora, pontilhado de estrelas. Em meio à floresta de chapéus cônicos de Hogwarts, Harry viu uma longa fila de principiantes de cara assustada entrar no Salão. Gina estava entre eles, facilmente identificável pelos cabelos da família Weasley, muito vívidos.

— E veio mais uma ruiva - James disse sorrindo para Lilu

— Que não se parece nada comigo - Ginny falou

— Eu sou a cara da vovó Lily - Lilu falou

— É mesmo - Harry disse e sorriu pra filha e para a mãe

Entrementes a Profa McGonagall, uma bruxa de óculos que usava os cabelos presos em um coque, estava colocando o famoso Chapéu Seletor sobre um banquinho diante dos recém-chegados. Todo ano, aquele chapéu antigo, remendado, esfiapado e sujo, selecionava os novos alunos para as quatro casas de Hogwarts (Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina). Harry lembrava-se bem da noite em que o colocara na cabeça, exatamente há um ano, e esperara, petrificado, a decisão do chapéu que murmurava audivelmente em seu ouvido. Por alguns segundos terríveis ele receara que o chapéu fosse colocá-lo na Sonserina, a casa de onde saía um número maior de bruxos e bruxas das trevas do que de qualquer outra –mas ele acabara indo para a Grifinória, junto com Rony, Hermione e o resto dos Weasley. No último trimestre letivo, Harry e Rony tinham ajudado a Grifinória a ganhar o Campeonato das Casas, vencendo Sonserina pela primeira vez em sete anos.

— Roubando - Lucius disse e os grifinorios reviraram os olhos

Um garoto muito pequeno, de cabelos castanho-acinzentados foi chamado para colocar o chapéu na cabeça. O olhar de Harry passou por ele e foi pousar no lugar em que Dumbledore, o diretor, assistia à cerimônia sentado à mesa dos funcionários, sua longa barba prateada e os óculos de meia-lua brilhando à luz das velas. Vários lugares adiante, Harry viu Gilderoy Lockhart, com suas vestes azuis. E lá na ponta sentava-se Hagrid, enorme e peludo, bebendo grandes goles de sua taça. –Espere aí... –cochichou Harry para Rony. –Há uma cadeira vaga na mesa dos funcionários... Onde está o Snape? Severo Snape era o professor de que Harry menos gostava. Por acaso Harry era o aluno de quem Snape menos gostava também. Cruel, irônico e detestado por todo mundo, exceto pelos alunos de sua própria casa (Sonserina), Snape ensinava Poções.

Será que Dumbledore criou juízo? - Sirius perguntou

–Vai ver ele está doente! –disse Rony esperançoso.
–Vai ver ele foi embora –disse Harry –, porque não conseguiu o lugar de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas outra vez!
–Ou vai ver foi despedido! –disse Rony entusiasmado. –Quero dizer, todo mundo o detesta...
–Ou vai ver –disse uma voz muito seca atrás deles –está esperando para saber por que vocês dois não chegaram no trem da escola.

— Agora ele vai ferrar com eles dois - Remus disse

Harry virou-se depressa. Ali, as vestes negras ondeando à brisa gelada, achava-se parado Severo Snape. Era um homem magro, com a pele macilenta, um nariz curvo e cabelos negros e oleosos até os ombros e, naquele momento, sorria de um jeito que dizia a Harry e Rony que eles estavam numa baita encrenca.

Dobra no Tempo (Vol 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora