•Exames

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Harry virou-se depressa. A poucos passos, erguendo-se acima dele, havia uma parede maciça de aranhas, dando cliques, os muitos olhos brilhando nas cabeças feias. Mesmo enquanto pegava a varinha, Harry percebeu que não ia adiantar. Havia aranhas demais, mas ao tentar se levantar, pronto para morrer lutando, ouviu uma nota alta e longa, e um clarão de luz atravessou a depressão. O carro do Sr. Weasley roncou encosta abaixo, os faróis acesos, a buzina tocando, derrubando aranhas para os lados; várias foram atiradas de costas, as múltiplas pernas sacudindo no ar.

— E o carro sendo o herói da noite - Hugo falou

O carro parou cantando os pneus diante dos garotos e as portas se abriram. –Apanhe o Canino! –gritou Harry, mergulhando no banco da frente; Rony agarrou o cão pela barriga e atirou-o, ganindo, no banco de trás, as portas se fecharam, Rony nem tocou no acelerador pois o carro não precisou disso; o motor roncou e eles partiram, atropelando mais aranhas.

— Eu já tinha até esquecido do canino - Frank revelou

— Eu devo me preocupar? - Neville perguntou

Subiram a encosta a toda velocidade, saíram da depressão e logo estavam correndo pela floresta, os ramos fustigando as janelas do carro enquanto ele rodava com inteligência pelos vãos mais largos, seguindo um caminho que obviamente conhecia. Harry olhou de esguelha para Rony. A boca do amigo continuava aberta num grito silencioso, mas seus olhos não estavam mais arregalados.
–Você está bem?

— Tá bem sim pô, foi nadinha - Sirius falou

Rony olhava fixo para a frente, incapaz de responder. Eles rodaram pelo mato rasteiro, Canino uivando alto no banco de trás, e Harry viu o espelho lateral se partir ao tirarem um fino de um grande carvalho. Depois de dez minutos de estrépito e saculejões, as árvores foram se espaçando e Harry pôde novamente ver pedaços do céu. O carro parou tão de súbito que eles quase saíram pelo para-brisa. Tinham chegado à orla da floresta. Canino atirou-se contra a janela tal era a sua ansiedade para sair e quando Harry abriu a porta, ele disparou por entre as árvores para a casa de Hagrid, o rabo entre as pernas. Harry desceu também e, passado pouco mais de um minuto, Rony pareceu recuperar a sensibilidade nas pernas e o seguiu, ainda de pescoço duro e olhar fixo. Harry deu uma palmadinha de agradecimento no carro enquanto ele dava marcha a ré na floresta e desaparecia de vista.

— Será que ele tá lá até hoje? - Alvo perguntou

— A gente tem que ir procurar - Scorpius disse

— Aí você nem precisa se preocupar em alguma criatura te matar Al - Rose disse - Sua mãe mesma vai fazer isso com você

Harry voltou à cabana de Hagrid para apanhar a capa da invisibilidade. Encontrou Canino tremendo debaixo de um cobertor no seu cesto. Quando Harry saiu de novo, encontrou Rony vomitando violentamente na horta de abóboras.
–Siga as aranhas –disse Rony, fraco, limpando a boca na manga. –Não vou perdoar o Hagrid nunca. Temos sorte de estar vivos.
–Aposto como ele pensou que Aragogue não faria mal a amigos dele.
–Este é exatamente o problema de Hagrid! –retrucou Rony, dando murros na parede da cabana. –Ele sempre acha que os monstros não são maus por natureza, e olhe onde é que ele foi parar! Numa cela em Azkaban! –Rony tremia sem parar agora.

— Ele tem um ponto - Alice falou

–Para que foi que ele nos mandou lá? Que foi que descobrimos? Eu gostaria de saber. –Que Hagrid nunca abriu a Câmara Secreta –disse Harry, atirando a capa sobre Rony e cutucando-o no braço para fazê-lo andar. –Ele era inocente.
Rony bufou. Evidentemente, criar Aragogue em um armário não correspondia à ideia que ele fazia de ser inocente.

Dobra no Tempo (Vol 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora