15 - As palavras de Ragnar

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No caminho até a Praça da Rainha, Ragnar ficou resmungando algo sobre Aruna andar mais lento do que um filhote de tartaruga dos riachos. Ela por sua vez ficou irritada pois ele a comparou com o filhote, nem para ser com a mãe grande, que de acordo com ele tinha quase um metro de cumprimento e pesava mais de 70 kg, enquanto o filhote era pequeninho e indefeso.

Era um motivo bobo para ficar irritada, mas era melhor do que aquela expectativa que agora corria seu peito. Em alguns minutos tudo acabaria, para o bem ou para o mal. Mas acabaria.

Desse modo, enquanto Ragnar ia andando muito a frente, na mesma trilha que fizeram no dia anterior, Aruna batia os pés atrás dele tentando acompanhar apesar de ser uma tarefa difícil. O sol estava dolorosamente quente e o clima seco. Estavam em uma área que as arvores eram mais abertas oferecendo pouca sombra.

Ela levantou o queixo para cima e viu o sol brilhando a toda num céu que era de um azul celeste e intenso

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Ela levantou o queixo para cima e viu o sol brilhando a toda num céu que era de um azul celeste e intenso. Por que as cores pareciam mais brilhantes e intensas ali?

- Eu vou morrer embaixo desse sol - reclamou esbaforida.

- Os urubus ficarão felizes - disse com seu habitual tom frio e desinteressado.

Aruna resmungou algo sobre ele estar sendo um grande imbecil.

- Sabe que eu posso te ouvir mesmo quando murmura, certo?

Suas costas estavam retas numa postura de se invejar. Aruna automaticamente retesou mais as costas, andava com os ombros um pouco curvados como a maioria das pessoas.

- E quem foi que disse que eu não queria que você escutasse? - ela achou que ele riu, mas não tinha certeza porque o elfo estava longe demais e diferente dele não tinha super audição. - Me diz, você anda o dia inteiro para lá e para cá?

Ele virou minimamente para trás olhando Aruna que arrastava os pés no chão terroso levantando uma leve poeira.

- Não. Tenho uma Rhuka.

- Que seria?

- Te conto qualquer hora dessas - disse.

- Você sabe que isso é extremamente frustrante, não sabe? - disse com sua irritação crescendo devido ao calor que a estava deixando grudenta e Ragnar não estava ajudando. É claro que ele sabia, por isso fazia. E esse entendimento só piorava seu desagrado por ele.

Ragnar parecia nem mesmo sentir o sol escaldante. Parou bruscamente ao lado de uma arvore com tronco torcido e folhas amarelas como girassóis.

- Sei, sim, Aruna. Sei como isso é frustrante. Mas sabe o que mais é frustrante? Saber que você nem ao menos considerou a possibilidade de ficar aqui. Que meu tempo como Guardião está acabando e que o Espírito da Floresta escolheu alguém completamente inútil, inclusive obrigado por isso senhora - ele gritou para o nada levantando os braços para cima. Sua voz ecoou fazendo alguns pássaros levantar voo da proteção dos galhos. - Se ela te escolheu foi por algum motivo e você deveria pensar nisso. Mas só o que fez desde que chegou foi ficar reclamando e dizendo que quer ir embora.

Akarsana - O Encanto da FlorestaWhere stories live. Discover now