Capítulo 1

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ALICE


Sabe a sensação de queda livre, aquela quando você pula de bundjump e não sabe se o paraquedas abre, se essa é apenas uma aventura ou sua última experiência na terra?

Bom, é assim como eu estou me sentindo exatamente nesse momento.

Deixa eu explicar para que o que eu estou sentindo não seja levado de forma leviana.

Me chamo Alice Lourenço, tenho 21 anos e estou no último período da faculdade de Engenharia. Sou uma menina obediente, sim, nunca fui dada a loucura que as garotas costumam se jogar, até porque eu não gosto de perder tempo com futilidade. Parte do meu pensamento cético veio da minha mãe que me criou sozinha, já que o doador nem se quer apareceu uma única vez para me conhecer ou saber da minha existência. Deixando o vitimísmo de lado, ela me ensinou a lutar por coisas que realmente valesse a pena em minha vida.

Foi o que fiz, estudei. Enquanto as meninas do ensino médio estavam preocupadas com namoradinhos, eu foquei em exercitar a minha mente, a famosa chata e CDF, e não me importava nenhum pouco em ser a chacota da turma por isso, muito pelo contrário sabia que a minha meta estava sendo alcançada.

Então apareceu o Denis. Ele sendo filho de uma família muito importante aqui da cidade, pois eles possuem uma rede de lojas de material de construção e um escritório de engenharia, me cortejou por um longo tempo, até que depois de uma séria conversa e eu perceber que ele queria algo sério comigo, o apresentei a minha mãe. Ela por sua vez, reforçou tudo o que eu já havia lhe dito e ele aceitou suas condições.

Eu poderia namorar, mas a minha faculdade seria o meu foco no momento depois de concluir o ensino médio. Denis se mostrou muito compreensivo com relação a tudo. Me cortejou, mesmo depois que ele concluiu o ensino médio e entrou numa universidade particular, não deixávamos de conversar uma noite se quer, e por manter os meus pensamentos, não passamos além dos beijos.

Parece ser retrogrado, mas eu estava me preservando para um momento especial depois de que me honrasse perante o altar, e ele também compreendeu isso.

Tudo muito feliz e perfeito, não?

Era como eu pensava, com eu acreditava estar sendo, mas hoje eu encerrei o último dia de aula na faculdade, com honras já que é na Universidade Federal e como porta voz da turma.

Todos os meus colegas decidiram ir para um barzinho comemorar essa trajetória, mas eu, como sempre reservada, decidi fazer uma surpresa para Denis e aparecer em seu apartamento. Queria que ele fosse a primeira pessoa a me parabenizar já que torcemos tanto por esse dia e agora em fim podemos oficializar o nosso noivado e pensar em uma vida juntos.

Como o porteiro já me conhecia, me deu passagem e eu fui até o sexto andar. Seus pais lhe deram esse lugar já que ele dizia que não pegava bem querer ser um homem independente e permanecer morando com os pais.

Não que eu seja pobre, a minha mãe é diretora de uma escola estadual e recebe muito bem para que eu possa ter uma vida digna e sem necessidades, mas a família de Denis pode muito mais e esses luxos ele pode manter, até mesmo o irmão que vive na capital e é tenente do corpo de bombeiros é lembrado com orgulho.

Tenho vagas lembranças de Fabio, mas sei que a sua mãe enche a boca quando fala dele.

Assim que o elevador apitou no andar eu fui em direção a porta e busquei a minha chave que estava em minha bolsa. Ainda com os livros, me embaracei quando empurrei a mesma, só quando já estava dentro e depois de descansá-los sobre o aparador que pude me sentir aliviada.

Agora eu vou explicar o porquê da sensação de queda.

Assim que me vi aliviada dos livros, ouvi um gemido, pensei que Denis pudesse estar vendo algum filme pornô no quarto, afinal ele é homem, e mesmo sabendo que me respeitou, ele precisava aliviar suas necessidades. Isso é normal?

Só que os barulhos ficaram mais fortes, mais vivos e então, tapas.

_ Ohhhhh, isso seu cachorro, me come gostoso. Ai que delicia.

_ Ahhhh!

O meu coração acelerou por essa invasão, então eu fui até as minhas coisas, afim de recolhê-las e ir embora, mas algo me chamou a atenção.

_ Isso Denis, me come amor, me come como só você sabe.

Meus pés involuntariamente foram em direção ao quarto e muito rapidamente abri a porta.

Agora eu vou descrever exatamente a sensação de queda livre que senti, como se meu corpo estivesse desprendido de mim mesma e observasse aquela cena como uma terceira pessoa.

Luara estava nua e numa posição estilo cachorro, enquanto Denis estava com a pele brilhosa de tanto suor, segurando um punhado de cabelo e em movimentos fortes e repetidos em direção a intimidade dela.

Meus olhos estatelaram com a cena e, por incrível que pareça, ela foi a primeira a me notar. Como resposta, me deu um sorriso, um sorriso nojento e perverso.

_ Nossa Mozinho, seu pau é tão gostoso.

Eu não conseguia me mexer, parecia que os poderes de Medusa me cercaram e eu havia virado uma estátua, assistindo a pior cena da minha vida, mas então ele foi dar mais um tapa em sua bunda e só então abriu os olhos para me notar.

_ Merda! Alice, meu amor.

Ele gritou, mas eu já estava no corredor. Peguei as minhas coisas o mais rápido que consegui e sai porta afora.

_ Alice, espera, por favor. Vamos conversar.

Eu ouvia, mas fazia questão de ignorar, até porque algo em mim doía muito. Doía tanto que quase tropecei nos degraus da escada pela qual eu desci, por meus olhos estarem embaçados com as lagrimas.

Assim que a lufada de ar golpeou os meus pulmões, agradeci pela a noite estar fresca e eu poder ter esse afago.

Eu aprendi a gostar desse desgraçado. Aprendi a ama-lo, e o pior é que ele sempre me jurou que Luara era sua melhor amiga e não passava nada além disso. 

BRINCANDO COM FOGOWhere stories live. Discover now