Capítulo 2

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Tentando ser racional neste momento já que o meu coração estava destroçado, me sentei em um banco de concreto numa praça e observei os carros passarem. Já estava a uma distância segura e nem se Denis quisesse me encontraria.

Esse desgraçado estava comendo a própria amiga enquanto jurava por sua vida me amar. Como pode ser tão dissimulado? Mentiroso? A pior escoria que já passou em minha vida.

Não, ele não poderia sair ileso. Não poderia achar que pode me fazer de palhaça, afinal a minha mãe me fez mulher e não otária.

Foi então que respirei fundo, sequei as minhas lagrimas e refleti sobre o que poderia fazer neste momento.

Chamei um carro particular e fui para casa, já com o coração mais calmo e com a cabeça decidida do que faria.

...

_ Filha, graças à Deus. Não entendi o seu desaparecimento? - A minha mãe me abordou assim que eu apareci na porta de casa e para a minha surpresa Denis também estava lá. - Denis chegou aqui preocupado.

_ Mas porquê? Eu estava em sua casa a pouco tempo atrás, não é mesmo? - encarei o cretino queimando de ódio, apesar da voz aveludada.

_ Sim, só que você saiu tão depressa que não sabia para onde tinha ido.

_ Eu só passei para te dar um oi, apenas isso.

_ Vamos conversar querida?

Seus olhos me imploravam por isso, mas o meu ódio era tão grande, ainda assim sabia que não poderia acabar desta maneira. Ainda mais na frente da minha mãe.

_ Já está tarde, melhor em outro momento.

_ Verdade Denis, não entendi esse alvoroço, já é quase meia-noite, melhor conversarem amanhã.

_ Certo, dona Sandra. Me acompanha até o portão, querida?

Não faria uma cena na frente da minha mãe, então sai com ele tentando encobrir os meus sentimentos.

_ Querida, por favor. Eu fui um babaca, um inútil. Fui fraco e não soube controlar os meus desejos carnais. – Tentou se justificar assim que chegamos no portão.

_ Está tarde, muita coisa aconteceu hoje. Podemos conversar amanhã?

_ Ao menos diga que não vai ficar com raiva e que vai me escutar. Sei que agora eu mereço todo o seu desprezo, mas você precisa me perdoar. Foi só um vacilo, amor.

_ Amanhã nós conversamos Denis.

Assim que ele saiu, fui direto para o meu quarto. Agradeci por minha mãe não fazer mais perguntas, ela confiava muito em mim, sabia que eu era sábia em minhas decisões, apesar de que o ódio que floresceu em mim pode não estar me fazendo raciocinar com clareza. Já que durante a noite não consegui pregar o olho me fazendo pensar ao contrário e simplesmente acabar com toda essa situação.

Porém eu não poderia, meu senso de mulher que não aceitava ser passada para trás não me permitia ser traída e deixar aquele babaca me passar para trás.

...

_ Como assim vai para São Paulo? Quando você planejou isso? – Minha mãe questionou assim que eu a comuniquei sobre a minha viajem a capital.

Beberiquei um pouco do meu café com uma calma inexplicável e a encarei.

_ Eu me inscrevi para um processo seletivo em uma companhia e eles me chamaram para uma entrevista. É na segunda e eu quero estar descansada até lá.

_ Pensei que você estivesse interessada no escritório do seu sogro, já que o casamento está certo.

_ Mamãe, não acho certo criarmos tanto vinculo assim com a família Otto Beraldi. Eu não quero crescer a sombra deles.

_ Certo. – Para debater com a senhora Sandra, era sempre necessário um bom argumento. - Ao menos o nome da empresa?

_ Quero dizer apenas quando eu tiver respostas. Não que eu seja supersticiosa, mas quero evitar pressão.

_ Sim. Então vamos, eu te levo.

_ Mamãe, eu vou com o meu carro, é melhor assim. É seu descanso, tem que aproveitar.

Foi difícil, mas consegui dissuadi-la da ideia de me acompanhar. Seria algumas horas e eu faria o que estava planejando fazer e no mais tardar até segunda feira a tarde estaria de volta e até lá, estava disposta a ignorar qualquer contato com Denis.

Nunca imaginei que uma atitude tão mesquinha pudesse partir dele. Não pensou em um segundo sequer que poderia me machucar, me ferir. Simplesmente foi egoísta.

Me pego pensando porque então se manteve em um relacionamento comigo, porque não terminou? Seria bem mais fácil.

Cheguei na capital no inicio da tarde, já que dirigi sem nenhuma pressa e vim para o hotel a qual havia reservado assim que acordei.

O que disse a minha mãe não era de todo mentira, eu realmente tinha uma entrevista, mas eu queria dar preferência ao escritório do meu futuro sogro, só que depois do que eu vi, decidi que era melhor trilhar o meu caminho e aceitar essa oportunidade que estava protelando desde o meio do último semestre.

A capital era fantástica, toda essa agitação fazia algo pulsar dentro de mim, mas era algo que não desejava para a minha vida. Não queria morar aqui porque amava a cidade de Sorocaba e era lá que queria continuar morando, porém São Paulo era algo muito lindo de se ver. O leque de oportunidades que eu teria aqui seria bem maior, e agora com tudo isso que vem me acontecendo penso que poderia refazer meus planos.

Depois de instalada, fui em busca de um restaurante para desfrutar de uma boa refeição. Até aquele momento vi vinte e quatro ligações perdidas e não sei quantas mensagens de Denis, porém sem nenhuma chance de eu atender.

Respirei fundo e mesmo com um enorme enxame de abelhas no estomago dirigi até o corpo de bombeiros no bairro do Limão, onde Fabio trabalhava.

É imprudente? Sim, mas eu nunca havia feito nada assim antes e saber que até mesmo para ser fria eu me planejei, faz com que eu me sinta realizada como uma mulher adulta.

Não sei se me assustava por até para ser irracional eu me planejava. Porém, não seria agora o momento de desistência.

Assim que cheguei no quartel e encarei dois grandes caminhões vermelhos estacionados repensei se valeria a pena. Bom eu já estava aqui, quais consequências poderia haver?

BRINCANDO COM FOGOWhere stories live. Discover now