Capítulo Um

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-Continue a trabalhar!— O homem gritou para que se fosse ouvido. Alto e encorpado, sério e nada paciente. A safará de café era de se perder de vista então não era de se estranhar que existissem mais do que quarenta homens daqueles espalhados por toda a herdade. Sky endireitou as costas e olhou para o chicote na mão do homem que parecia medir mais de um metro e setenta. —Ande logo garota! Você ainda tem de carregar com as sacolas para a carroça.— O homem gritou para si. Sky ainda se lembra daquele chicote bater em suas costas, parecia que a cicatriz lhe doía até aos dias de hoje.

Acenou em confirmação olhando para as outras cicatrizes nas palmas de suas mãos. Ainda se lembra do momento em que chegou naquele local em busca de emprego. Suas irmãs e seu pai estavam com fome e Sky se sentia no dever de como segunda irmã mais velha ajudar em casa. Havia dois anos que estava presa naquele local. Não sabia se suas irmãs a procuravam ou se ao menos se importavam consigo. Sky não havia dito para onde ia é muito menos informado quando voltava! Não era um emprego, não mais quando a forçaram a ficar e trabalhar durante dia e noite sem parar.
-Vejo que está fraca!— Uma voz balbuciou ao seu lado. Era Erik o velho homem que lhe tinha apreço.— Você comeu pelo menos?

-Uma maçã!

-Monstros os matem! Você não pode continuar aqui! Vai acabar morrendo.— Erik estendeu uma caneca de água em minha direção.— Você está muito magra pequeno anjo. Precisa comer!

-Eu não deveria ter colocado os pés nesse lugar! E depois de...

Erik sorriu.

-Não foi culpa sua eles terem arrancado um dedo meu! Você estava apanhando muito de chicote e eu não iria tolerar mais ver seu sangue inocente escorrer por esse chão imundo.— Erik colocou a mão por cima do seu ombro.— Porque todos os dias você fica se culpando por algo que eu mesmo decidi fazer?

A Archeron limpou o suor de sua testa e olhou para Erik. Nunca estava sério, não consigo, para si Erik sorria a todo o minuto.

-Eu vou tirar você desse lugar nem que seja a última vez que eu o faça hum?

-Erik...

-Fique calada e ouça! Está vendo aquela árvore bem lá no fundo?—Erik sinalizou o grande pinheiro a norte.— Fazem alguns dias que eu tenho guardados alguns suplementos nela! Tudo o que você precisa para voltar para casa para junto das suas irmãs.

-E você? Eu não vou sem o senhor!

-Não seja tola! Eu estou velho e cansado, não iria conseguir correr muito. Só iria empatar você.

-Erik!?

-Hoje! Os guardas vão estar distraídos com a tal festa de descanso deles. Eu soube que este ano irão arrastar mulheres para lá. Não quero que você... —Erik balançou a cabeça.—Existe coisa pior que tortura minha filha.

-Você está me dizendo?

-Disfarce! Estão olhando!

Sky piscou voltando ao trabalho.

-Ouça pequeno anjo... quando baterem as onze da noite você sai de sua tenda. Eu vou estar de olho. Estarei esperando por você no pinheiro para me despedir.

-Porquê?

-Porque você é tudo o que me resta! E eu tenho de tirar você desse lugar antes que morra de fome. Eu não posso continuar a ver você nesse estado. Você está muito magra, mais magra do que a primeira vez que a vi, suas maçãs do rosto estão bem visíveis e seus olhos cor de estrela estão ficando sem brilho e sem vida.

Corte de Furtividade Where stories live. Discover now