Capítulo 4

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JENNIE

— Já teve notícias da princesa Encantada?

Jisoo abriu minha geladeira e pegou um pote com o jantar da noite anterior, embora fossem sete da manhã. Balancei a cabeça e tentei disfarçar a decepção.

— Acho que é melhor assim.

— Quanto tempo faz? Uma semana?

— Oito dias. Não que eu esteja contando. — Não faço outra coisa além de contar. Ela me olhou da cabeça aos pés e de volta.

— Por que está vestida tão cedo?

— Fui ver o sol nascer, acabei de voltar.

— Sabia que dá para colocar papéis de parede com imagens lindas de nascer e pôr do sol no notebook e dormir até mais tarde?

Jisoo tirou a tampa e espetou o garfo em um pedaço de frango empanado como se fosse um pirulito. Ela mordeu um pedaço.

— Não é a mesma coisa, mas obrigada. Hummm… quer que eu esquente isso para você? Quer um prato e uma faca? Ou
melhor ainda, quer uns ovos de café da manhã?

— Não precisa. — Ela deu de ombros e mordeu mais um pedaço. — Por que não liga para ela?

Olhei para minha melhor amiga.

— Não posso ligar para ela.

— Por que não?

— Porque ela deve ter mudado de ideia. Esqueceu como a gente se conheceu? Fiquei chocada até por ela ter pedido meu
número. Talvez tenha sido um lapso temporário de sanidade, e ela pensou melhor depois que saí de lá. Além do mais, tenho
um encontro amanhã…

— Com quem?

— Kai.

— O cara que conheceu on-line? Já faz umas semanas, não?

— Sim. A gente marcou de sair há alguns dias, mas eu cancelei.

— Por quê?

— Não sei. Tinha muita coisa para fazer.

Jisoo fez uma careta.

— Sei. Me engana que eu gosto. Estava esperando a Princesa Encantada ligar e queria deixar a agenda livre.

— Eu não estava esperando Lisa ligar.

— Deu uma olhada nas mensagens do celular nesta semana? Mais de uma vez, pelo menos?

— Não — respondi, depressa demais e completamente na defensiva.

É claro que tinha olhado, várias vezes por dia, na verdade. Mas sabia como Jisoo funcionava. Ela era implacável. Era
isso que fazia dela uma advogada tão boa. Se encontrava um fiozinho solto, ela puxava e puxava, até desmanchar o suéter inteiro. Por isso, eu não entregaria a ela esse fio em uma
bandeja de prata. Ela me analisou.

— Não está me convencendo.

Revirei os olhos.

— Sabe, é possível sair com mais de uma pessoa…

Felizmente, a conversa foi interrompida pelo telefone fixo, minha linha comercial.

— Quem será que está ligando para a Signature Scent no sábado? Talvez seja um vendedor em Cingapura. Lá ainda é sexta, não é?

Jisoo riu.

— Não, lá é domingo.

— Ah.

Encontrei o telefone na sala, em cima de uma caixa de amostras. Segurei o fone com o ombro e peguei a caixa também.

A Cinderela - Jenlisa (G!P)Where stories live. Discover now