Capítulo 11

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LALISA

— Mas que merda! — Levei as mãos ao nariz.

— Ai, meu Deus! Lisa! Desculpa. Você está bem?

Meus olhos começaram a lacrimejar, e deduzi que era essa a origem da sensação de umidade. Até afastar as mãos do rosto e ver que estavam sujas de sangue.

— Puta merda! Você está sangrando! — Jennie pegou um rolo de papel-toalha na bancada. Rasgou vários pedaços,
formou uma bola e tentou aproximar do meu rosto.

Peguei o papel das mãos dela.

— Desculpa. Eu… você… me assustou!

Segurei o monte de papel-toalha contra o nariz.

— Falei seu nome duas vezes, você não respondeu.

Ela tirou o fone sem fio da orelha.

— A música estava alta.

Balancei a cabeça.

— Você estava sacudindo os braços. Pensei que estivesse sufocando.

Jennie franziu a testa.

— Eu estava regendo.

— Regendo?

— É, fingindo ser regente de uma sinfonia, sabe?

Eu a encarei como se visse uma mulher com duas cabeças.

— Não, não sei. Não costumo reger uma sinfonia na cozinha do escritório.

— Ah, que pena. Devia experimentar. Faz bem para a alma.

— Acho que não vou seguir esse seu conselho, vi bem como acabou. — Apontei para o rolo de papel-toalha. — Pode pegar para mim?

— Ai, meu Deus… ainda não parou.

Troquei o papel com sangue por papel limpo. Jennie começou a ficar meio pálida.

— Você devia sentar — disse ela. — Inclinar a cabeça para trás.

— Acho que é você quem tem que sentar. Está branca como um fantasma.

Ela se apoiou na mesa antes de escorregar para a cadeira.

— Não gosto de sangue. Fico tonta. Talvez seja melhor nós duas sentarmos.

Como meu nariz não parava de sangrar, me acomodei na frente dela. Jennie continuava balançando a cabeça.

— Desculpa, de verdade. — Ela levou a mão ao peito. — Não acredito que soquei você. Foi uma reação instintiva. Nem vi quem era. Aconteceu tudo muito depressa.

— Tudo bem. A culpa é minha. Eu já devia saber que você é assustada. E você não sabia que eu tinha voltado. Errei ao interpretar a situação.

— Você não devia estar com a cabeça inclinada para trás?

— Não. É a última coisa que se deve fazer quando tem um sangramento nasal. Tem que apertar aquela parte mole acima das narinas. Inclinar a cabeça só serve para engolir sangue.

Ela fez uma careta e cobriu a boca com a mão.

— Isso é nojento.

Pela primeira vez, notei que os dedos dela estavam vermelhos. Dois deles já começavam a inchar. Apontei com o
queixo.

— E essa mão?

— Ah… sei lá. — Ela esticou os dedos, depois fechou a mão e abriu de novo. Não parecia ter fraturado nada. — Está dolorida, na verdade. Acho que, por causa da adrenalina, só
senti agora.

A Cinderela - Jenlisa (G!P)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora