9 - Consciência pesada

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Marília chutou a cadeira que antes seu pai estava sentado, furiosa. Como ele pôde ser tão indiferente com a própria filha esse tempo todo? Como pôde privilegiar apenas uma abandonando a outra?   

— Droga! Droga! Droga! - Praguejou tendo vontade de quebrar tudo.   

Direcionou-se até o banheiro entrando desesperadamente debaixo do chuveiro. Lembrou-se de ter bebido, de ter falado mais do que devia e... Luísa! 

Após vestir-se, saiu do quarto indo até a cozinha. Encontrou sua mãe e sua irmã na sala.   

— Cadê o Mário? - Perguntou encolerizada.   

— Chame-o de pai, Marília.- Suplicou Ruth. — Ele saiu para cuidar dos preparativos do seu casamento com a Maraisa. Precisamos conversar, minha filha.   

— Não, não precisamos. Eu já sei que vocês ouviram a conversa toda. - Aproximou-se até perto da irmã. — Eu tenho sim, inveja do amor que o Mario sente por você. E isso não me faz a pior das mulheres.   

— Não adianta conversar quando você está possuída pela raiva, irmã. - Larissa diz calmamente.   

Marília bufou e saiu indo até a cozinha. As panelas estavam no fogo, mas não tinha ninguém olhando-as. Lembrou-se de Luísa e foi até o quarto das empregadas. Dormira com ela sem nem ao menos lembrar o que houve ao certo. 

Aproximou-se da porta ouvindo o choro de Luísa. Não hesitou ao abri-la de uma vez.   

— Ágata, saia. Eu preciso falar com Luísa, por favor.   

Ágata até tentou argumentar, mas Marília insistiu em falar com Luísa. Saiu antes que sobrasse pra ela. Luísa estava acuada, chorando.   

— Luísa... - Tentou aproximar-se da garota, mas ela a afastou.   

— Não se aproxime, Sra. Marília. - Sua voz trêmula causou remorso em Marília. - Não me toque, por favor.   

— Não a tocarei, Luísa. - Marília afastou-se. — Gostaria de saber o que exatamente aconteceu ontem.   

A pobre garota enxugou suas lágrimas, respirou fundo e encarou Marília como se encara um inseto asqueroso.   

— Você me elogiou, disse coisas lindas, coisas que qualquer mulher adoraria ouvir... - Ela gesticulava tentando segurar o choro. — Eu era virgem, Marília! Eu me entreguei a você ouvindo suas juras e promessas de amor. - Ela desaba. — Você disse que deixava esse casamento pra lá, que eu era muito melhor que qualquer outra mulher...e olha onde eu fui parar? Estou sendo obrigada a aceitar dinheiro pra poder esquecer tudo que aconteceu, Marília.   

Marília encara Luísa totalmente atormentada pelas palavras que ouviu dela. Ela não se lembrava de nada, nenhuma palavra.   

Sentiu-se mal pela primeira vez depois de dormir com uma mulher pois era a primeira vez que escutava algo do tipo. 

Bufou admitindo ser uma covarde, mas não poderia fazer mais nada.

— Luísa, eu estava bêbada, me perdoe. - Sua voz sai baixa. — Admito ter sido covarde, mas eu não estava respondendo muito bem pelos meus atos. Não quero dizer que a culpa é sua, mas sim que devemos assumir a culpa, nós as duas.   

— Sai daqui, Marília. - A jovem diz de coração partido. — Saiba que desde o momento que eu a vi, eu a amei...   

— Luísa...   

— Adeus, Sra. Marília.   

Nada mais Marília tinha pra falar e mesmo se falasse, não iria ser ouvida. Saiu do quarto afim de não piorar a situação. Que droga tinha feito! No dia do seu noivado, dormiu com outra mulher. O mais estranho é: por que isso estava lhe afetando tanto?                                  

Prometida à alfa - Malila g!pOù les histoires vivent. Découvrez maintenant