Atitudes questionáveis na infância

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(Capítulo da SEGUNDA versão da história)

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   Apesar do nosso pequeno desentendimento, as meninas e eu continuamos nos falando normalmente. Na quinta-feira, porque um professor tinha faltado, nós saímos mais cedo e acabamos indo parar em Dona Jô.

– Olha só quem veio me ver de novo! – ela exclamou surpresa ao ver nossa gangue passar pela porta de vidro.

Não tinha muitos clientes naquele horário. Apenas duas moças com notebooks ligados em cima da mesa, um cara solitário e a ruiva de sempre lendo um livro no canto.

– Dona Jô, como eu poderia sobreviver mais tempo sem te ver? A senhora é a minha celebridade preferida! – Adriana disse sorrindo para a velhinha.

– Ai, adoro como você faz eu me sentir amada!

Houve uma rápida confusão quando todas nós nos indignamos juntas e reclamamos até ela aceitar que era mesmo muito amada por todos daquela cidade. Onde já se viu, Dona Jô achar que não era amada! Era cada absurdo que eu tinha que aguentar, viu...

A única que não estava conosco, como sempre, era Melanie. Mas dessa vez eu entendi que ela estava agitada por causa das gravações.

Eu, por outro lado, só iria poder começar a minha parte depois de sexta-feira já que só aí eu teria um tempinho disponível. Brenda me ajudaria se ela estivesse por aí.

Fizemos nossos pedidos e então fomos para uma mesa mais afastada da entrada. A mesma de sempre na verdade.

– Aquela Giovana Brasilio vai estar lá, Ali. – Mariana comentou comigo se referindo ao evento que eu iria com Brenda no domingo.

– É, eu fiquei sabendo.

– Vou pedir uma foto com ela, vai que, né? – Sthefany falou brincando com os pacotinhos de sal em cima da mesa.

– Você também vai? – perguntei.

– Vou. Quero comprar uns livros e ver se consigo alguns autógrafos.

– Ela tem um plano pra ficar famosa. Vai, Fany, conta. – sua prima bateu no seu ombro, entusiasmada.

– Não tenho nada não!

– Tem, sim! Gente, ela quer fazer uma cena pra chamar atenção do pessoal lá no dia!

Adriana se engasgou e Beatriz encarou a mesma, chocada, mas não falou nada. — Ela estava quieta desde cedo, e acho que era por causa da minha presença.

Eu apenas arregalei os olhos e esperei por mais das duas.

– Mariana! – Sthefany brigou, corando. Não achei que um dia a veria naquele estado, tão envergonhada.

– Pega no pulo, hein? – Adriana brincou. Ela parecia empenhada em tentar desfazer aquele clima chato e meio tenso que o silêncio entre Bia e eu trazia – E aí? Vai fazer o que? Fingir desmaio?

– Fazer cocô no meio de todo mundo e depois pedir desculpa pelo fedor?

– Mariana!! Que nojo!

– Cara, porque isso soou exatamente como algo que você faria? – Adriana disse confusa e assustada.

– Vocês são tão idiotas! – Sthefany ficou vermelha dos pés à cabeça – Eu nunca faria uma coisa dessas. Nunca!

– Mas você fez quando era mais nova, na escola. – Mariana dedurou – Só porque o garoto tinha roubado o seu lápis de unicórnio. Você fez cocô na mochila dele, eu lembro!

A Ascensão de Alexandra Lobos (A Garota que Sonhava)Where stories live. Discover now