De volta a casa

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Pov. Adrien

A Marinette tem estado a andar de um lado para o outro desde que chegamos ao quarto dela. Está a murmurar uma lista de coisas que tem para fazer mas está a falar tão depressa que não entendo uma coisa que seja.

O seu cabelo preso nos dois rabos de cavalo está despenteado e alguns fios escapam dos laços que os prendem. E tem os olhos arregalados que ficam assustadoramente destacados nas olheiras profundas abaixo das suas pestanas.

Ou seja, está cansada, sobrecarregada, assustada, preocupada e todos os outros adjetivos terminados com -ada que existam. O que já não é surpresa mas, céus, gostava mesmo que ela parasse de agir como se conseguisse suportar tudo sozinha.

E eu estou a tentar ficar bem mas custa-me acreditar que o meu pai não parou de causar pânico na cidade mesmo depois de eu parar de trabalhar para ele.

Ainda assim, respiro fundo e forço um sorriso.

- Marinette- chamo com calma, com os braços cruzados e encostado à parede, vendo-a ir para lá e depois voltar para aqui em passos rápidos e imprecisos.

- Sim...?- responde ela devagar, mordiscando a unha do polegar.

- Precisas de descansar.

Ela solta um riso baixinho, como se eu tivesse dito uma piada de mau gosto.

- Não posso descansar agora, Adrien.

- E porque não?- ela para no meio do caminho, virada para mim e continua a mordiscar as próprias unhas- Acabámos de derrotar uma vilã, estás a recuperar-te de algumas feridas e dormiste mal. Está tudo bem se precisares de uma pausa...

- Não está- interrompe ela, deixando os braços penderem um em cada lado do corpo- Não está tudo bem, Adrien.

Eu sei, Marinette.

Dou dois passos em frente e aperto-lhe um pouco os braços, incentivando-a a olhar para mim e que me encare quando lhe pergunto:

- Porque achas que não podes descansar?

- Porque...raios- diz ela, tapando a cara com as mãos, como se tentasse organizar os pensamentos- Tenho de arrumar e limpar a pastelaria, tenho de acabar os trabalhos de matemática para compensar as minhas notas da treta que já tenho estado a tentar melhorar, tenho de estar sempre alerta porque o Hawk Moth nunca mais para com seja lá o que ele anda a fazer, e...- ela destapa apenas os olhos e olha para os meus- E temos de cuidar das nossas feridas.

Dou-lhe um sorriso compreensivo e passo os braços pelos ombros dela, puxando-a para um abraço.

Está fria, por isso, por isso passo a minha mão para cima e para baixo no seu antebraço para aquecê-lo e ela suspira, a sua pele arrepia-se e os seus ombros relaxam.

Muito bem.

- Eu posso ajudar-te- digo baixinho contra a orelha dela e ela arrepia-se outra vez. Dou minúsculos passos e vou guiando-a quase inconscientemente em direção ao divã do quarto dela- Com os trabalhos e a pastelaria. E, quanto ao que o Hawk Moth pode fazer, eu estou aqui se estiveres preocupada com isso e se precisares desabafar.

- Não estou preocupada...

- Estás- chegamos à beira do divã mas ela parece nem sentir as suas pernas encostadas na beira do colchão. Está distraída e satisfeita com isto, o que é bom- E eu também estou mas não quero que continues acordada noites a fio a pensar nisso. Quero que descanses, porque podes e porque precisas disso.

Inclino-me um pouco para a frente até ela dobrar os joelhos.

Só mais um pouco...

- Não sei. Acho que não dev...- o corpo dela finalmente cai para trás sobre o divã e ela arqueja e ri ao sentir o colchão debaixo de si- Tu és péssimo!

O Monstro e a Joaninha | [MIRACULOUS AU]Where stories live. Discover now