16. conselhos e perguntas sem respostas

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Hongjoong•

Às vezes me pergunto se tudo isso era mesmo a realidade. Faz uma semana que estou aqui na casa de Seonghwa, uma semana que acordo com o café da manhã pronto, almoços cheios de risos — é engraçado ver ele alimentando o Soobin enquanto faz vozinha — jantares com clima suave. Ele diz que é o mínimo que poderia fazer por mim e que eu merecia muito mais.

Durante esse período ele me "proibiu" de ir trabalhar na Heart Off Glass, insinuou que eu merecia uma folga até o final do mês. Não reclamei sobre isso, é bom passar a noite com o meu filhote. Seonghwa sai todas as noites, mas sempre volta em torno de uma da manhã, ele pode até achar que não, mas eu vejo quando ele entra no quarto e beija o alfinha, isso estranhamente me conforta.

Nós não nos beijamos mais, não sei se ele se arrependeu ou se quer me dar algum espaço. Mas eu só queria sentir sua boca junto a minha mais uma vez. Meu ômega choraminga quando ele fica próximo e tenho de controlar meu feromônios para não parecer um desesperado ou pervertido.

É noite e Soobin dorme feito pedra depois de jantar e tomar um banho quentinho. Como de costume Seonghwa já saiu, muito provável para a Heart Off Glass então eu fiquei na sala vendo TV.

A chuva caia lá fora sem parar e eu agradeço por estar com um teto sobre a minha cabeça e longe das mãos nojentas e pegajosas de Minhyuk.

•Seonghwa•

Luzes neon se tornam mais frequentes à medida que dirigia pela cidade, o rádio ligado enquanto a melodia de Take my breath away ecoava suavemente.

Essa noite eu iriane encontrar com um amigo de  Jung Wooyoung, o ômega me disse que um conselheiro de defesa ômega seria útil levando em consideração minhas reais intenções.

Quando conversei com Yunho hyung sobre o que eu gostaria de fazer ele apenas me pediu um pouco de tempo, dias ao menos, para que eu pudesse conversar com alguém para saber o que fazer quando Lee Minhyuk estivesse morto.

Não que me importasse com a polícia, Yunho hyung tem alguns deputados e militares nas mãos, então toda a parte burocrática, posterior seria facilmente resolvida, além do que ninguém iria se importar realmente com a morte desse bastardo miserável. Só em pensar que aquelas patas imundas tocaram no meu ômega e no meu filhote sinto meu lobo rosnar irritado. Aperto o volante com força segurando o rosnados na garganta então enquanto estacionava em frente a um prédio residencial.

Minha entrada já estava liberada então não houve nenhum problema para chegar ao andar designado.

— Seja bem vindo, Seonghwa! — um Wooyoung sorridente abriu a porta — Venha, estamos todos aqui.

O segui até a sala de estar, como esperado, meu hyung estava lá com o marido, assim como o irmão mais novo e um ômega que não conheço.

— Então Seonghwa esse aqui é Lee Minho meu amigo do conselho ômega que te falei.

— Muito prazer. — eu disse.

— Igualmente Seonghwa.

Por algum motivo o odor deste ômega me é familiar, mas seu rosto é completamente desconhecido por mim.

Wooyoung e Mingi se retiraram, alegando que não teriam o que acrescentar na discussão, além de que isso parecia ser um assunto particular.

— Então — começou Yunho hyung para o ômega Minho — Você já está ciente que meu irmão pretende fazer?

— Wooyoung me explicou superficialmente, mas sei o meu papel aqui. — ele se virou para mim — tem medo que o ômega que você gosta fique deprimido depois da morte do parceiro e que se recuse a se unir a você, correto?

— Direto.

— Tem alguns dias que ajudei um garoto, ele estava perdido e machucado, seu alfa parecia ser desprezível e eu gostaria muito que ele tivesse alguém como você em sua vida, disposto a tudo por ele, mas também já conheci e ajudei outros que por mais terrível que seja a situação que viviam, independente da dor que seu parceiro lhe causar o ômega vai ficar ali. O que eu quero dizer é que não há uma resposta clara para sua pergunta. Sentimentos inconstantes, o que lhe aconselho é tente se aproximar dele agora com o alfa ainda vivo e a marca ativa. Os sentimentos do lobo devem florescer com o tempo, então quando a marca for desfeita ele não irá sofrer tanto.

— Então... — cerrei os dentes — aquele desgraçado ainda vai ficar vivo? E se ele quiser alguma coisa com meu ômega ou o filho?

— Infelizmente ele realmente tem direitos sobre os dois como se ambos fossem objetos.

— Então ele precisa sumir.

— Se você tem suas próprias respostas, por que estou aqui?

Apoiei meu rosto em minhas mãos olhando para o chão pelas frestas dos meus dedos.

— Quando ele sumir de vez, meu ômega pode mesmo ficar deprimido.

— Pode.

— Então ele o ama. — concluí.

— Talvez não e mesmo assim ele pode se deprimir. É mais uma questão biológica. Aquele corpo está acostumado a ser ligado a outro, pelo o que Wooyoung e Yunho haviam me dito eles estão juntos a mais de um ano. Ao quebrar essa marca o corpo vai se sentir vazio, oco por que já está condicionando a um alfa. Na verdade aquele alfa em específico, por pior que seja.

A cada palavra tudo ficava pior. Eu não quero meu Hong deprimido e triste por que eu eu matei aquele desgraçado. Muito menos quero que seu ômega fique ressentido comigo Porter tirado a vida de seu alfa.

Arg!

Referir a ele como alfa do Hong embrulha meu estômago.

Eu sou o alfa de Kim Hongjoong.

— Independente da decisão que tomar esteja ciente que todas as consequências virão até você, sejam boas ou não.

A conversa continua por mais de uma hora, Minho falou sobre outros casos parecidos com o meu e como mais de noventa e cinco por cento teve um resultado agradável. Era visível que os três ômegas tentavam me animar para que não deixassem nada disso me abalar, mas estava difícil.

Saí da casa dos Choi-Jung por volta da meia noite. O caminho foi mais curto por conta do horário, um fluxo consideravelmente menor de carros estava na rua e a chuva também havia dado trégua.

Cheguei em casa cedo, tudo silencioso como esperado, mas ao passar pela sala vi a TV ligada e um corpinho encolhido em meio a uma coberta. Cheguei mais perto para ver o rostinho tão lindo e sereno. Desliguei a TV e tirei minha jaqueta, tirei o cobertor de cima e peguei Hongjoong com cuidado, logo ele se aninhou a mim. Subi as escadas devagar com os olhos atentos a qualquer movimento que meu pequeno fazia.

O deitei na cama ainda tendo meus olhos presos em suas feições. Me sentei ali na cama permitindo que meus dedos finos e mornos enroscados no meu pulso. Voltando minha atenção para o ômega vi aqueles lumes gateados abertos e brilhantes.

— Não vá. Fiquei. — foi o que sua voz rouquinha disse.

— Nunca negaria nada a você, amor.

Tirei meus sapatos e assim que deitei ao seu lado, mantendo uma distância respeitável entre nós, fui surpreendido por seus braços me contornando além de sua cabeça a curva do meu pescoço como se meu cheiro fosse tudo o que ele queria no momento.

O abracei forte mantendo-o colado a mim. Beijei sua testa, em resposta senti um selar demorado na minha mandíbulam me virei ficando frente a frente com ele.

Se o pedido para que eu ficasse havia me pegado de surpresa, o próximo passo acabou com minhas estruturas.

Meu garoto quebrou a distância entre nós dois ao me beijar. Não passou de um gesto suave, movimentos delicados, então voltou a se deitar.

Sem dizer nenhuma palavra pegou no sono e talvez essa fosse a resposta que eu ansiava.

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𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐎𝐟 𝐆𝐥𝐚𝐬𝐬 |Seongjoong|Where stories live. Discover now