ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 5

101 16 74
                                    

Já é noite quando Blue retorna. Ela sobe até seu quarto, jogando suas coisas sob a cama e vai até o banheiro, toma um banho, tira toda a areia que de alguma forma se impregnou em diversos lugares e sai vestindo uma jardineira preta com um cropped branco. Ela prende o cabelo em um rabo de cavalo e desce até o jardim. Ela não sabe que horas são, mas tem uma vaga ideia que ainda não é oito da noite, já que de oito é sempre a hora em que eles jantam. Blue não sabe se David fazia aquilo por algum motivo, mas eles sempre jantam juntos, às oito em ponto. David senta na porta da mesa, Blue à sua esquerda e Matt a direita, isso quando ele resolve aparecer. A refeição é servida na sala de jantar e os três comiam.

A sala de jantar da casa era como todos os outros cômodos da casa. Luxuoso. Uma enorme mesa branca ficava ao centro do cômodo, um lustre iluminava mesmo no centro da mesa e as paredes eram em tons pastéis. A mesa era para vinte e duas pessoas, provavelmente Davis também fazia festas ou jantares ali, mas por enquanto a mesa servia apenas para os três comerem, em silêncio, como se fosse um crime falar.

Blue segue seu caminho em direção ao jardim, observando atentamente a paisagem, não deixa de perceber que um pouco escondido há uma estufa a esquerda, atrás de algumas árvores grandes e devidamente podadas. Ela olha para os lados e vê que por um milagre está sozinha. Ela caminha até lá, a porta está destrancada e ela entra, cautelosa e com uma voz gritando em seu interior para ela sair dali, mas ela ignora a voz e entra, achando o interruptor da luz sem dificuldade.

A estufa está totalmente abandonada. Vários vasos com galhos secos estão distribuídos em prateleiras, há também estrume espalhado pelo chão junto de alguns capins que insistem em nascer, o local cheira a umidade e está mais quente que o normal. Blue caminha pelo local completamente esquecido e no fundo encontra as ferramentas para jardinagem, alguns gados vazios e sacos e mais sacos de estrume fechados, também havia duas botas de tamanho pequeno que Blue conclui ser de alguma mulher, algo que ela estranha, pois fora ela e as funcionárias, não há mais nenhuma outra mulher ali.

Ela caminha mais um pouco pelo local, vendo que há alguns livros sobre jardinagem em uma estante, os livros estão estragados graças a umidade do local e impossível de ver qualquer palavra ali escrita, ela resolve deixar eles quietos. Blue demora ali, tentando imaginar quem usou aquela estufa, a loira se recorda que sua mãe também adorava plantas e Blue também, lembrou-se então das palavras de seu sogro, talvez não fizesse nenhum mal ela cuidar daquela estufa, pelo menos ela poderá ocupar sua mente com alguma coisa.

A loira sai da estufa com um sorrisinho no rosto, feliz por sua descoberta e retorna na direção oposta, seguindo para o centro do jardim, observando o contraste do local extremamente bem cuidado, com árvores tão verdes que chega a ser irritante, com pequenas flores e alguns bancos com luminárias que contêm câmeras abaixo da luz, o local poderia ser extremamente aconchegante se não fosse aquele pequeno detalhe. Ela continua sua caminhada, seguindo por um caminho de pedras que é cercado por um pergolado com plantas acima de sua cabeças e com luzes pequenas entre elas, aquela combinação deixa o ambiente romântico, Blue até consegue imaginar um casal apaixonado dando seu primeiro beijo ali naquele cenário, sozinhos a noite, aproveitando a companhia um do outro e a cumplicidade, mais tão rápido quanto sua imaginação criou aquele cenário, mais rápido ainda ela lembrou a Blue que ela nunca irá viver aquilo.

Desanimada Blue continua andando abaixo do pergolado e chega até o centro do jardim, onde tem uma fonte de água e alguns bancos. Ela está quase em frente a fonte quando um cachorro marrom aparece por uma das entradas, ele tem o porte médio e um pelo longo, Blue não sabe identificar a raça e dá um passo para trás, com medo. A loira não sabe ao certo quando desenvolveu seu medo por cachorros, mas desde criança não suportava a ideia de está até no mesmo cômodo que um. Ela sabe que não pode correr, se correr o cachorro irá correr atrás dela e nem ao menos sabe o que fazer para que ele pare de encará-la e siga seu caminho. Mas afinal de contas, por que tem um cachorro ali? Sua pergunta é rapidamente respondida quando Matt aparece pela mesma entrada, em sua mão está a coleira do cachorro e ele usa uma regata branca e um jeans de aparência velha, o cabelo platinado está bagunçado e ele está um pouco suado, como se estivesse correndo.

Blue | Matt SmithWhere stories live. Discover now