6 meses depois...
Estava quase inconsciente deitado na banheira vazia do meu apartamento.
Por seis meses eu não conseguia dormir.
Com insônia nada é real.
Tudo fica distante.
Tudo é uma cópia, de uma cópia, de uma cópia.
Toda noite eu morria.
E toda noite eu nascia de novo.
Ressuscitado.
E derrepente não sentia nada.
Os dias seguem sem parar, não terminam.
Eu sinto falta de uma direção na vida.
Ela era a minha direção.
...
Quando eu a deixei ir tudo ficou descontrolado.
As drogas.
As bebidas.
As garotas.
As brigas.
Os problemas de raiva.
A ansiedade.
As inseguranças.
Eu não comia há dias.
Eu não sentia o sol a meses.
Eu não sentia o ar puro.
Os garotos de vez e quando viam comer uma pizza aqui.
Era nesses dias que comia.
Tinha dias que só usava drogas, fumava e bebia.
...
Escuto batidas na porta, mas penso em levantar.
- Will. - sua voz surgi.
Era Damon.
- Que merda. - ele chuta a caixa de pizza do chão. - Essa merda é de semana passada?
- Não sei... - acendo um cigarro.
Damon pega o cigarro de mim mão e joga no chão.
- Que merda, Damon! - grito com ele.
- Olha pra você! Você não se enxerga!? Tudo por causa daquela garota! Supera, porra! Você acha que ela iria aguentar você!? - ele ri. - É por isso que ela foi embora, você nunca muda. Tenho certeza que se ela te olhasse desse jeito ia dar graças a Deus por ter ido embora! - ele grita comigo.
Me levanto e empurro Damon.
Ele dá um sorriso.
- Coitadinha da Bela... Agora deve tá muito mais feliz dando pra outro. - soco seu rosto e ele cospe sangue.
- Tira o nome dela da porra da sua boca! - eu grito com ele.
- Está bravo, Grayson? Por que está bravo se foi você que deixou ela ir!? - dou outro soco e ele cai no chão.
Ele sorri satisfeito.
Ele tinha conseguido o que queria.
Me atormentar.
Mexer comigo.
Ele sabia que quando tocava em seu nome eu mudava.
Eu ligava.
Era a única coisa que eu ligava.
- Tchau, Will. - ele se levanta e bate a porta.
Viro a mesa de centro da sala e tudo que havia encima se despedaça no chão.
Passo os dedos pelos meus cabelos.
Quebro tudo que vejo pela frente.
Respiro fundo e procuro alguma droga.
Coloco o pó na messa, alinho com um cartão e inalo.
Vou até meu quarto e pego meu celular ligando pra uma puta qualquer.
Dez minutos depois chega uma morena gostosa com uma mini saia e um top.
Ela se joga na cama com um sorriso divertido.
Tiro sua roupa e a fodo.
...
Me levanto empurrando aquela puta que não me deu prazer algum.
- Vá embora!
A vadia pega suas coisas e saí de meu apartamento.
Vou até o banheiro e tomo um banho demorado na banheira.
"-Eu aceito suas crises de raiva, seus surtos, sua frieza, seu amor, suas paranóias, seus problemas com drogas e bebidas, suas crises de pânico, sua ignorância, seu ego, sua família... - digo fazendo o olhar fixamente pra mim."
Sua voz estava em minha cabeça...
Aqueles olhos...
Seu cabelo escuro como a noite...
Seus lábios...
"Sendo sincera, ninguém além de você pode conhecer o tamanho da sua dor, então eu não vou dizer que eu entendo o que você tá sentindo, mas tem uma coisa que eu posso dizer com certeza, não existe uma vida na terra que não seja preciosa. Poder viver e respirar é uma coisa tão bonita, então não desista, seja um sobrevivente. Eu estou aqui com você."
Eu nunca pude dizer o quanto eu a amava.
O quanto ela mudou a minha vida.
O fato dela me fazer querer viver só no estar ao meu lado.
Damon estava certo.
Eu havia a deixado ir embora.
E eu não poderia mudar mais nada.
Não tinha o que fazer.
Eu tinha que seguir enfrente.
Tinha que aceitar.