Destino

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( Destino: tudo que é determinado pela providência ou pelas leis naturais )

Eu lembro do dia em que o fogo tomou conta do orfanato, as paredes iam caindo por cima dos móveis e das pessoas. Eu vi todos morrerem queimados, são coisas as quais nunca poderei esquecer - Mais uma vez eu havia sido poupado da morte, mas era inoportuno para mim.

Enquanto estava no hospital com soro injetado em minhas veias e a visão ainda ardendo pela fumaça - A enfermeira passou as mãos em meus cabelos.

-Você nasceu de novo.

-Mas e os outros? A governanta, os meus... irmãos, e Jake.

-Jake está bem, e você também vai ficar. Seus irmãos estão em um lugar melhor agora.

Por um momento senti meu peito aliviar por saber que Jake estava vivo assim como eu, mas uma lágrima escorreu pelo canto do meu olho entre aberto.

Andei tanto pelo inferno que uma hora ou outra eu precisaria encontrar o próprio satanás, mas não pensava que ele mesmo viria de encontro a mim.

Eu não tinha testemunhas, nem ninguém para presenciar aquilo e com isso me fazer ter certeza de que estava de fato acontecendo. A mudança de temperatura, o aroma diferente.

Aquele homem estranho andou pela sala derrubando os retratos meus com heeseung um por um, sorrindo à medida que o vidro quebrava em contato com o chão.

Se me pedissem para descrevê-lo em palavras eu diria o quanto seu rosto era uma controvérsia com suas atitudes. Agia de forma astuta e tomava atitudes estranhas, mas sua aparência era bela e parecia...calmo.

Seu rosto era bonito, talvez o mais bonito que eu já havia visto em toda minha vida.

Seus olhos eram afiados as sobrancelhas bem marcadas tornando sua expressão séria, seus lábios eram pequenos e singelos em um tom de alizarina, o nariz e o maxilar perfeitamente alinhados.

E eu? Bom, enquanto eu observava aquilo sem externalizar muitas ações, do lado de dentro do meu peito meu coração batia como se quisesse sair para fora de mim, do meu corpo, estava lutando - Ele parecia se divertir tanto com minha desgraça, quem sabe se divertia com a desgraça de qualquer um.

-Não aprendi a resistir às tentações, você pediu tanto para que eu me mostrasse que não pude conter -Observei os cacos de vidro, observei suas pernas, seus passos. -Já percebeu que as pessoas às vezes perguntam coisas que são tão óbvias quanto precisar de oxigênio pra sobreviver? Seres humanos são desprezíveis de qualquer maneira. Me pergunto se você é desprezível também, tem alguma coisa diferente dos outros?

-E você, você é o que?

Perguntei por impulso, ele me olhou e então meu estômago congelou com aquele simples gesto.

-Você já deve ter ouvido falar de mim por aí. As pessoas volta e meia me culpam por tudo. Me desenham com a pele vermelha,chifres, quanto mais assustador parecer menos provável de se atraírem, mas se eu fosse assim, acha que conseguiria alguma coisa Jungwon? - arqueou as sobrancelhas - O que parece mais interessante pra você, um pedaço de carne podre em um prato de vidro comum ou um banquete posto à mesa, com louças de porcelana e rosas vermelhas ?

-Está perguntando algo óbvio, assim como os "seres humanos" que você considera desprezíveis.

E então ele sorriu de canto, mostrando sutilmente suas presas afiadas. Andou até mim, por algum motivo eu sentia como se eu fosse tão menor do que ele, sentia que era fraco, sentia-me uma criança de 5 anos. Quando ele olhava pra mim, eu não era capaz nem mesmo de me mover.

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⏰ Last updated: Sep 30, 2023 ⏰

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666 - JaywonWhere stories live. Discover now